Senado aprova urgência para votação de projeto que enquadra Uber e Cabify. Proposta exige placas vermelhas; medidas podem limitar concorrência e acabar com preço baixo

Sem reuniões, sem análise de comissões e sem debate. É assim que o projeto que trata da regulamentação do transporte particular por aplicativos no Brasil, como Uber, Cabify e 99, chega ao plenário do Senado Federal para votação, na próxima semana. Pressionados pelos taxistas, os senadores aprovaram na noite dessa terça-feira (24) um requerimento com pedido de urgência para que o Projeto de Lei da Câmara número 28, de 2017, possa ser votado com muita rapidez e pouca discussão.

A matéria ainda chegou a ser debatida à tarde, antes da sessão plenária, em reunião extraordinária na Comissão de Ciência e Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática. Porém, sem consenso. O direcionamento ao plenário já havia sido acordado entre os líderes de partido e o presidente da Casa, Eunício Oliveira, do PMDB do Ceará.

Entre as polêmicas da proposta de regulamentação, está a exigência do uso de placas vermelhas nos carros que rodarem pelos aplicativos. Ficará, também, a cargo de cada prefeitura permitir ou não que os concorrentes dos táxis atuem na cidade. E, no caso da permissão concedida, cada motorista precisará ter uma autorização específica para exercer a função.

Desde a semana passada, centenas de táxis de todo o país ocupam a Esplanada dos Ministérios, próximo ao Congresso Nacional, para pressionar pela aprovação do projeto. Na prática, a matéria, como veio da Câmara, engessa o serviço por aplicativos e dá cabo à concorrência que desde então ameaça e aborrece os taxistas.

Relator do projeto na comissão de Ciência e Tecnologia, o senador Pedro Chaves, do PSC do Mato Grosso do Sul, lamentou a decisão dos seus colegas de votarem o projeto sem passar pelas comissões. Para ele, se aprovado o texto da Câmara, sem alterações, ganham os taxistas. E perde o consumidor.

É quase uma exclusão do Uber. Porque, na verdade, esse projeto torna o Uber um transporte público, delegando ao poder municipal a vantagem, o poder, acima de tudo, de dar realmente as concessões para cada um que queira usar o aplicativo. Isso na verdade é uma burocracia impossível de ser realmente cumprida e honrada.”

O Brasil é um dos maiores consumidores da Uber no mundo. O serviço, que chegou a suprir a demanda de transporte particular de passageiros nos grandes centros, abriu concorrência com os taxistas e agradou o consumidor brasileiro, que passou a ter acesso a viagens mais baratas e atendimento diferenciado. No país desde 2014, a Uber, a primeira empresa do gênero, já realizou 530 milhões de viagens por aqui. São Paulo e Rio lideram o ranking das capitais mundiais com maior número de corridas.

A expectativa do Senado é votar o projeto de lei da Câmara na terça-feira da próxima semana. Assim, a matéria não precisa ser rediscutida pelos deputados e pode ir direto à sanção do presidente Michel Temer. Pelo acordo que se tenta costurar, ficaria a cargo do Palácio do Planalto vetar algumas medidas não consensuais. As empresas, no entanto, temem pelo enquadramento e descaracterização da proposta que hoje oferece corridas mais baratas e acirra a concorrência no mercado.

Um comentário para “Senado aprova urgência para votação de projeto que enquadra Uber e Cabify. Proposta exige placas vermelhas; medidas podem limitar concorrência e acabar com preço baixo

  1. Edu disse:

    O único país do mundo onde o UBER é taxado. Mostra quão corrupto é nosso país. Onde estão as leis de livre concorrência??????? Com o UBER, obriga os taxistas baixarem seus preços e concorrerem em pé de igualdade. Com essa taxa, o UBER acaba e os taxitas abusam do preço.
    EU NÃO PEGO TÁXI!!!!!!!!

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