Após mais de 40 anos funcionamento e sem dinheiro para pagar nem mesmo a conta de energia, Hotel Tropical Manaus vai ficar fechado por 60 dias

Um dos símbolos do progresso e da pujança econômica do Estado do Amazonas, o Tropical Hotel  Manaus não é, hoje, nem mesmo uma sombra do que foi há 40 anos. O hotel que hospedou a realeza, personalidades da música pop, líderes mundiais e magnatas de todo o planeta, agora tem os 611 apartamentos vazios e corredores no escuro. O militar Erick Barbosa é de São Paulo. Ele foi um dos últimos turistas que teve a oportunidade de se hospedar no Tropical e lamenta o abandono.


“Deu p’ra conhecer um pouqinho, apesar da situação em que está. Tem bastante cultura, tem todo um charme; você vê aqui o trabalho de madeira, a parte cultural indígena, tem todos os elementos, né? Aproveitar, né (?) enquanto ainda dá.”

Com dívidas acumuladas há 10 anos na conta de energia elétrica que ultrapassam os R$ 20 milhões, o Tropical fecha as portas temporariamente.


A previsão é que o Tropical Hotel fique fechado por 60 dias. A direção do estabelecimento hoteleiro negocia com a concessionária a mudança da matriz energética. Enquanto ficar fechado, o Tropical Manaus vai ficar aberto apenas para visitação”.

O assessor de comunicação do hotel, Paulo Roberto Pereira, explicou que administração do Tropical fez questão de devolver o dinheiro pra quem tinha reserva, além de remanejar quem já estava hospedado.


“Quem tava hospedado e quis continuar, continuou. Nos mantivemos o que tinha sido acordado; quem quis sair, o hotel liberou sem cobrar nada, devolvendo a parte do dinheiro que já tinha sido pago; quem tinha reserva pura e simples, foi cancelada a reserva e quem tinha pago a reserva já antecipado, o dinheiro foi devolvido.”

Segundo o assessor, a crise financeira do Tropical Hotel vai afetar os 150 funcionários que hoje trabalham no local. Alguns e que, inclusive, já foram demitidos.

“Alguns funcionários foram mandados p’ra casa, outros foram realmente dispensados, porque são de setores que, mesmo quando voltar, não vão ser utilizados.”

Para não ficar totalmente no escuro, apenas a recepção conta com energia obtida de um gerador. Sem hóspedes, com os 611 apartamentos vazios, os únicos ocupantes do hotel, hoje, são os animais do Zoológico: araras, capivaras,macacos e a onça Manoel que, segundo o assessor, terão o acompanhamento de um biólogo.

“A guarda de animais silvestres é uma espécie de adoção. O hotel tem obrigação e não vai fugir dessa obrigação de manter os animais em bom estado, até dar um destino ou, … for necessário”

Sem movimento, a vendedora Fernanda Roberta, que trabalha em uma tabacaria na Praça interna do Tropical, já sente os efeitos da crise, com a queda do movimento.

“Sim, bastante. Depois do problema de energia, foi uma grande queda.”

A médica pernambucana Juliana Teixeira, que se hospedou há seis anos no Tropical, vê com tristeza o fim de uma era para o turismo amazonense.

“Todo turista quer retornar à casa e ver cada vez melhor. Quando a gente se depara com uma situação dessa, é realmente preocupante!”

Por meio de uma nota, a concessionária de energia comunicou que, ao longo de 10 anos, tentou renegociar a dívida com a direção do hotel, mas que não foi possível um acordo. Representantes do hotel e da Amazonas Energia tentam, ainda esta semana, uma última negociação para resgatar o Tropical da escuridão.

Confira:

NOTA OFICIAL – TROPICAL HOTEL

 

A Amazonas Energia informa que há mais de 20 anos ocorrem diversas tentativas de negociações com o Tropical Hotel Manaus. E, suspensões de fornecimento de energia elétrica do hotel, por não cumprimento dos acordos, ocorreram por diversas vezes, ao longo dos anos. A última negociação ocorreu em abril de 2019, quando a Amazonas Energia concedeu desconto de 60%, sobre o valor de uma dívida de mais de R$ 20 milhões, o acordo, que previa o pagamento de R$ 8 milhões, pelo Tropical Hotel, também não foi cumprido. Desde o ano de 2018 até o presente momento, foram realizados três cortes por inadimplemento, entretanto a Distribuidora realizava o religamento mediante liminares.

Reforçamos que todo o procedimento realizado foi feito de forma legítima, obedecendo às regras contidas na Resolução 414/2010 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) – (art. 172), que autoriza a suspensão no fornecimento de energia para todas Distribuidoras de Energia do país, em caso de inadimplemento.

Reiteramos que a Amazonas Energia tem como maior objetivo a distribuição de energia elétrica em todo o Estado do Amazonas e, para tal, compra energia em grandes blocos e disponibiliza aos consumidores.

Importante salientar que o não pagamento das faturas de energia elétrica, implica em prejuízos principalmente para toda à sociedade, pois implica na redução da capacidade, expansão e qualidade de energia em todo o Estado.

Por fim, a Amazonas Energia reitera o compromisso de atender os clientes com mais rapidez e qualidade.

Juntos avançamos

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *