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UFC 260: Francis Ngannou diz que paciência foi a chave da vitória e quer Jon Jones como próximo rival

A rotina de um lutador que acaba de conquistar um cinturão do UFC consiste em, logo após o fim da luta, ter de imaginar com quem pretende lutar em sua primeira defesa de título. Com o camaronês Francis Ngannou, que no último sábado, no UFC 260, derrotou o então campeão Stipe Miocic não foi diferente. Logo após se tornar o primeiro africano campeão dos pesos-pesados da organização, e o terceiro atleta do continente a deter um cinturão do evento, o novo campeão teve de responder a pergunta, e o nome estava na ponta da língua.

Francis Ngannou durante a coletiva de imprensa pós-UFC 260 — Foto: Reprodução / Youtube

Francis Ngannou durante a coletiva de imprensa pós-UFC 260 — Foto: Reprodução / Youtube

– Eu gostaria de enfrentar Jon Jones primeiro, e talvez Miocic em uma trilogia depois. Stipe disse que eu não seria o campeão até que ele se aposentasse, então acho que ele vai se aposentar. Jon Jones é o maior lutador de todos os tempos, e eu mostrei do que sou capaz ao nocautear Stipe Miocic, que me venceu uma vez e é apontado como maior peso-pesado de todos os tempos. Faz sentido eu enfrentá-lo novamente se for preciso. De qualquer maneira, eu quero lutar. Se Jon Jones não vier para o peso-pesado, a categoria precisa se movimentar. Como novo campeão dos pesos-pesados, decidi colocar mais atividade na divisão do que houve nos últimos dois ou três anos. Pretendo fazer duas ou três lutas por ano – disse o campeão, em entrevista ao Combate.

Francis Ngannou finaliza a luta contra Stipe Miocic no UFC 260 — Foto: Getty Images

Francis Ngannou finaliza a luta contra Stipe Miocic no UFC 260 — Foto: Getty Images

Analisando a luta, o camaronês garantiu que o seu grande trunfo foi a paciência. Não entrar na luta buscando o nocaute de qualquer maneira, mostrando-se diferente do que imaginava que Miocic esperava que ele fosse se apresentar deu a ele, na sua opinião, uma vantagem mental sobre o americano.

Francis Ngannou posa com o cinturão dos pesos-pesados após o UFC 260 — Foto: Getty Images

Francis Ngannou posa com o cinturão dos pesos-pesados após o UFC 260 — Foto: Getty Images

– Desta vez eu não entrei lá apenas para nocauteá-lo, para arrancar a sua cabeça. Nós trabalhamos para que eu entrasse lá calmo e relaxado, e simplesmente lutasse, porque eu sempre rendo melhor assim. E foi o que eu fiz. Consegui ouvir os meus técnicos me dizendo o que combinamos, e eu entendi perfeitamente as instruções. No momento em que defendi a queda, não pensei que havia dado um passo importante para vencer a luta, porque venho treinando defesa de quedas há alguns meses. Venho trabalhando o meu wrestling há seis meses. Na verdade, eu só pensei em como ele conseguiu absorver os golpes que eu desferi. Mas eu já havia lutado com ele, sabia que ele era duro e não me surpreendi. Apenas continuei lutando. Eu sabia que ele estava esperando que eu o caçasse no octógono, e mostrar paciência o quebraria mentalmente. Eu consegui me preparar e fazer tudo certo, em cada passo. Mesmo que a vitória não viesse, eu estaria feliz comigo mesmo, porque fiz tudo o que deveria ter feito. Vou tirar algum tempo para descansar, porque o camp de reinamentos foi exaustivo, mas quero voltar a lutar o mais rápido possível depois disso, provavelmente entre julho e setembro.

Ngannou também aproveitou para elogiar a resistência do ex-campeão. Segundo ele, poucos conseguiriam seguir lutando após o knockdown aplicado por ele no primeiro round.

– Stipe já provou muitas vezes que é um cara muito duro. Quando eu o derrubei no primeiro round, senti que se fosse qualquer outro lutador, não se levantaria. Quando ele caiu no segundo round, eu não queria dar a ele a chance de voltar mais uma vez. Após a luta eu disse a ele que era uma honra dividir o octógono com ele, por tudo o que ele fez no peso-pesado, que o fez ser considerado o maior peso-pesado de todos os tempos, e o agradeci por me dar a oportunidade de estar na posição de lutar com ele pelo cinturão da categoria.

Perguntado se havia sentido que a vantagem de tamanho – anotou 13kg a mais que Miocic na pesagem oficial de sexta-feira – Ngannou surpreendeu ao dizer que esta foi uma desvantagem que ele teve na luta.

– Na verdade eu senti uma desvantagem pelo meu tamanho, porque eu queria ter lutado mais leve do que eu lutei. Vendo a luta dele contra Daniel Cormier, percebi que ele estava mais leve e com mais velocidade, e eu não queria lidar com aquilo. Era um grande desafio para mim, e eu me vi obrigado a trabalhar o meu preparo físico. O ideal era que eu estivesse 9kg mais leve.

O novo campeão também fez lobby para que o UFC realize assim que possível um evento na África, que agora possui três campeões – além dele, os nigerianos Kamaru Usman e Israel Adesanya. No entanto, o camaronês disse que, de forma realista, gostaria de defender seu cinturão pela primeira vez em Paris, cidade na qual mora, ou em Las Vegas.

Francis Ngannou, Kamaru Usman e Israel Adesanya são os três campeões africanos do UFC — Foto: Divulgação / UFC

Francis Ngannou, Kamaru Usman e Israel Adesanya são os três campeões africanos do UFC — Foto: Divulgação / UFC

– Acho que não temos 25 lutadores africanos no UFC, mas temos três campeões africanos. Não há dúvidas de que a África é o lugar para onde o UFC precisa ir. É a terra dos lutadores. Eu gostaria de fazer a minha primeira defesa de cinturão em Paris, mas acho que lá não seria possível fazer um evento numerado em pay per view. Então, se não puder ser lá, Las Vegas é uma ótima opção.

Ngannou também falou da sensação de ser campeão do UFC, da realização de um sonho e revelou que pretende encontrar um lugar público em Camarões para que o seu cinturão seja exibido e sirva de inspiração para o povo.

– É incrível. Era o meu sonho desde que eu entrei no UFC. Trabalhei muito para isso, perdi a minha primeira oportunidade e não queria perder a segunda. Ter o cinturão hoje é inacreditável. Ainda não consigo pensar em cinco vitórias seguidas por nocaute. Só consigo pensar em hoje, e é incrível o que eu consegui conquistar. É um sentimento indescritível. Para mim o cinturão é um símbolo de perseverança e de dedicação. Ainda não sei como, mas acharemos um lugar público em Camarões para colocá-lo e inspirar as pessoas.

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