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Novo método de combate ao Aedes será avaliado em até seis meses

Em laboratório, técnica reduziu os ovos férteis do Aedes aegypti em 70%

Em até seis meses, pesquisadores terão um balanço da viabilidade do novo método de controle do mosquito Aedes aegypti. Desenvolvida pela Fiocruz Pernambuco e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), esta é a primeira técnica brasileira a utilizar energia nuclear para esterilizar os machos do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.

A pesquisa está sendo realizada na Vila da Praia da Conceição, no Arquipélago de Fernando de Noronha. Em laboratório, os pesquisadores conseguiram reduzir em 70% o número de ovos férteis.

De dezembro de 2015 até a primeira quinzena de fevereiro já foram feitas nove liberações de mosquitos estéreis, cada liberação com três mil machos. Fernando de Noronha foi escolhido como local de testes devido ao isolamento geográfico natural do arquipélago.

Através de uma dose de radiação gama, os insetos machos, ainda na fase de pupa – última antes da fase adulta/alada – são esterilizados. “As fêmeas podem acasalar durante apenas uma fase e costuma ser com um único mosquito”, comenta a coordenadora do projeto e pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Alice Varjal, explicando por que a pesquisa diminuiria a população do Aedes.

Para o projeto funcionar, entretanto, será necessária uma produção em massa de mosquitos. Os pesquisadores precisam fazer uma triagem, para que os mosquitos cultivados no insetário sejam apenas machos, que não precisam de sangue e não transmitem as doenças. Para uma seleção bem executada é preciso uma triagem mecânica. O aparelho está em fase de aquisição e não é vendido no Brasil, mas Varjal garante que não é de alto custo.

Apesar dos 70% de redução de ovos férteis, o método terá dificuldades para fazer o controle em grandes cidades como Recife. “Recife é uma megalópole e isso traz muitas dificuldades, como a questão do aumento de imóveis e da falta de condições de saneamento em algumas localidades”, cita a pesquisadora. Ela não descarta, porém, a utilização dos mosquitos estéreis em pequenos bairros ou cidades menores. “Não se pode pensar que apenas uma técnica vai resolver o problema”, diz.  Varjal lembra  que na Itália, a técnica de mosquitos estéreis foi utilizada em pequenas cidades e conseguiu reduzir o Aedes albopictus em 80%.

Fernando de Noronha não tem escapado da epidemia de arboviroses e tem registrado um aumento significativo de casos notificados. Em 2014, o arquipélago teve 11 casos de dengue notificados, com nove confirmados. No ano passado, o número subiu para 463 notificações e 102 confirmações. Em 2016, já foram 62 notificações de arboviroses, ou seja, além de dengue, chikungunya e zika, com duas confirmações para chikungunya. “Temos uma quantidade muito grande de turistas que já vêm adoentados, mas estamos com uma vigilância permanente”, afirma a coordenadora de saúde de Noronha Fátima Souza.

Em até seis meses, os pesquisadores devem ter um resultado do estudo em campo para analisar se o método precisa de ajustes ou se já pode ser ampliado. Não há previsão para os mosquitos estéreis por energia nuclear serem utilizados em outra região.

 

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