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Retorno de Moro a Bolsonaro desmoraliza combate à corrupção e estreita futuro político de ex-juiz, que será descartado se presidente for reeleito, avalia Carlos Andreazza

Diante do fracasso em projetar-se como terceira via na corrida presidencial, Sergio Moro ressurge ao lado de Bolsonaro como uma espécie de assessor do presidente no debate contra Lula no 2º turno – dois anos depois de ser despejado do governo “com requintes de humilhação”.

Em 2020, o ex-ministro da Justiça rompeu com Bolsonaro após acusá-lo de interferência nas investigações da Polícia Federal para proteger seus filhos e amigos. As desavenças com o presidente permaneceram até este ano, quando o chamou de “ladrão” da rachadinha. Agora senador pelo Paraná, Moro declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno.

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), foi a debate em televisão acompanhado do ex-ministro da Justiça e senador eleito, Sergio Moro (União Brasil) — Foto: Mariana Greif/Reuters

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), foi a debate em televisão acompanhado do ex-ministro da Justiça e senador eleito, Sergio Moro (União Brasil) — Foto: Mariana Greif/Reuters

“Superado tudo” – como declarou o próprio Bolsonaro após a declaração de apoio –, o ex-juiz da Lava-Jato achou que “seria útil” para o presidente no embate contra o petista no segundo turno, e por isso concordou em ser escalado para o debate.

Como fica o futuro político de Moro?

Segundo Carlos Andreazza, âncora da CBN e colunista do jornal O Globo, a utilidade de Moro para Bolsonaro deve durar apenas até uma possível reeleição do presidente, que deverá “se livrar rapidamente” de seu ex-ministro.

“Depois da experiência que tiveram juntos, um desconfiando do outro […] vou ficar muito surpreso de Bolsonaro der uma cadeira para Moro, muito menos Moro ser ministro ou candidato em 2026”, avalia.

“Usando a fachada da eleição, como acontece no novo populismo, ele Bolsonaro] vai indicar para sua sucessão – se for obrigatória – um dos seus.”

Com isso, o horizonte político de Moro se estreita e permanece a mercê do sentimento antipetista, uma vez que o discurso de combate à corrupção está “absolutamente desmoralizado” após o primeiro turno, declara Andreazza.

“Moro teria mais chances com o PT no poder do que com Bolsonaro reeleito”, diz. “Qualquer que seja o cenário, é muito difícil o caminho de Moro porque o bolsonarismo não acredita nele. É uma relação muito circunstancial, que pode ser bem-sucedida agora, mas que não prospera.”

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