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Repórter não deve ser herói nem a notícia

 

Assisti as imagens de um assalto ocorrido hoje, numa agência do Bradesco, na periferia de Manaus. Fiquei perplexo ao ver o imprudente repórter Márcio Azevedo, da TV A Crítica, colocando um colete da Polícia Militar e entrando na agência ocupada por bandidos fortemente armados.

O repórter se exibiu orgulhoso colocando o colete e entrando na cena do crime, para atender as exigências dos assaltantes.

O jornalista aceitou intermediar as negociações com a polícia.

Fiquei pensando na ingenuidade do repórter que se submeteu àquela cena ridícula, condenada por qualquer manual de jornalismo.

Jornalista não deve ser candidato a herói nem pode ser ele a notícia. Ele tem que se limitar a narrar os fatos sem se envolver, sem ser o personagem da notícia.

E se o bandido resolvesse fazer o repórter refém, e de repente, numa troca de tiros com a polícia este viesse a falecer? Culpa do repórter ou do dono do veículo de comunicação? Pela reportagem que assisti, acho que ambos seriam os culpados, pois ao invés de advertir o funcionário,  proibindo a exibição da imagem, a TV A Crítica exibiu o gesto corajoso de seu repórter com pompas e circunstâncias, como se aquele gesto fosse um ato heroico e exemplar.

Lembro que há alguns anos, o brilhante repórter Francisco José, da TV Globo,  praticou a mesma imprudência, aceitando ser substituído num assalto por reféns. Chico José – como é conhecido no meio jornalístico passou um aperto danado e correu risco de morte.

Anos mais tarde, numa entrevista, ele mesmo reconheceu que a atitude dele foi condenável.

A atitude do repórter global serviu de lição para o jornalismo brasileiro. A partir daquele episódio, o Sistema Globo proibiu seus profissionais de intermediarem assaltos e sequestros. Repórter é repórter, bandido é bandido e polícia é polícia.

Cada um no seu quadrado.

10 Comentários para “Repórter não deve ser herói nem a notícia”

  1. Muscle Nerd disse:

    “Discordo de cada vírgula que dizes, mas morreria pelo teu Direito em dizê-las”

    Voltaire.

  2. Montesales disse:

    Ronaldo vai trabalhar em vez de criticar!!! Aposto q vc adoraria esta lá fazendo a matéria e se sentindo o tal!!! Olha pra trás e ver sua trajetória e quem vc é pra trajetória da tv acritica!!! Afff

  3. caboclo disse:

    É como eu sempre digo, jornalista vende a mãe por uma reportagem exclusiva ou de capa.
    Eita raça.

  4. Lúcio Valente disse:

    Se bem que tem delegado que nem é delegado e tá atuando como se fosse.
    O Quinteto burrástico.

  5. Concordo plenamente com o Ronaldo que é meu colega advogado. Ele lembrou bem o paradigma do Chico José, que a época eu residia em Recife. Valeu Ronaldo !

  6. Raimundo Maués disse:

    Essa vontade de citicar o Dissiquinha é pura inveja!

    RESPOSTA: Inveja de que, idiota? Aqui eu sou o dono.

  7. Raimundo Maués disse:

    *Criticar

  8. Raimundo Maués disse:

    Libera o comentário seu antidemocrático

  9. Junior disse:

    Imprudência do “jornalista”. E da tv também.

    Não se pode ter notícia a qualquer custo.

  10. T.P. disse:

    Normal, Ronaldo. Faz parte do “manual de telejornalismo” da cabeça-de-rede dessa emissora. Repórteres de programas policiais da TV Record por todo o país, de Porto Alegre à Boa Vista, se arriscam a tomar bala em operações policiais.

    Tudo na busca incessante e leviana pela liderança. Por sinal, se arriscam a tomar bala e a serem “desligados” do quadro da emissora a qualquer momento, como no RJ, onde está havendo uma onda de demissões e cortes no jornalismo da Record local.

    Voltando a Manaus, não por isso o programa local onde foi mostrada esta ””’reportagem””’ é o único da emissora que possui mais de 10 pontos de audiência (Em Fevereiro, fechou com média de 12 pontos), uma “ilha” no meio de programas que registram o famoso ibope marcha-soldado, ou seja, 1-2-1-2-1-2…

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