Atacante começou em alta no Nagoya Grampus, mas foi prejudicado por lesão
Por Ana Canhedo e Bruno Cassucci — São Paulo
Diretor de futebol do Corinthians fala sobre possível retorno do Jô
Em dezembro de 2017, Jô mal havia tirado a medalha de campeão brasileiro do peito quando recebeu uma proposta do Nagoya Grampus, do Japão, e deixou o Corinthians sem muito tempo para despedidas. Agora, dois anos e meio depois, o atacante está perto de voltar ao Timão.
A possibilidade do retorno do Jô empolga a Fiel, mas também levanta perguntas: afinal, aos 33 anos, como o atacante chega ao Corinthians? Como foi a passagem dele pelo Japão?
Jô teve duas temporadas regulares pelo clube japonês em número de jogos, mas oscilou em gols. Confira:
- 2018: 37 partidas ( 31 como titular) e 24 gols marcados.
- 2019: 37 partidas (32 como titular) e 8 gols marcados.
Na primeira temporada, Jô foi o artilheiro do Campeonato Japonês. Em cinco oportunidades, ele marcou dois gols na mesma partida. Além disso, teve dois hat-tricks (três gols em um mesmo jogo).
Em 2019, ele marcou seis vezes na Liga do Japão e outras duas na Copa. E chegou a enfrentar um jejum de 12 jogos sem marcar. O último gol foi em 8 de setembro de 2019. Depois, passou em branco em nove confrontos.
Jô comemora salvação do Nagoya Grampus do rebaixamento no Campeonato Japonês — Foto: Reprodução de Instagram
Um possível problema caso o atacante retorne ao futebol brasileiro deve ser a falta de ritmo de jogo.
A última partida de Jô foi em 7 de dezembro do ano passado. Já são seis meses sem atuar.
Em 2020, o Nagoya Grampus disputou apenas duas partidas, em fevereiro, período em que Jô estava lesionado.
Mosaico e carinho da torcida
Mosaico da torcida do Nagoya Grampus homenageia Jô — Foto: Reprodução de Instagram
Em 2018, o Nagoya Grampus terminou o campeonato nacional em 15º, a uma posição da zona de rebaixamento. Mesmo assim, Jô recebeu o carinho da torcida em seu primeiro ano de clube. Em agosto de 2018, em uma partida em casa, ganhou até um mosaico na arquibancada. O próprio jogador compartilhou o momento em uma rede social. Veja abaixo:
Análise
Opinião de Tiago Bontempo, do blog Futebol no Japão, do GloboEsporte.com:
Campeão, melhor jogador e artilheiro do Campeonato Brasileiro em 2017, Jô chegou ao Japão no início de 2018 em um momento em que a J.League voltava a investir pesado para ter craques internacionais. O dinheiro do novo contrato de direitos de transmissão da liga japonesa proporcionou premiações até sete vezes maiores aos clubes.
O Nagoya Grampus vinha de uma passagem conturbada pela segunda divisão, mas é um dos times mais tradicionais do país. Tem uma das maiores torcidas, um dos estádios mais modernos (o Toyota Stadium costumava ser sede do Mundial de Clubes) e um dos patrocinadores mais ricos, a montadora Toyota.
O Grampus não costumava gastar muito com reforços, mas isso mudou com a chegada de Jô. O atacante foi não só a principal contratação do Nagoya naquela janela, mas de toda a J.League.
E pelo menos no primeiro ano ele correspondeu e foi de longe o jogador mais importante e decisivo da equipe. Jô foi artilheiro do Japonês na temporada 2018 e com méritos foi eleito para a seleção do campeonato.
O Nagoya Grampus, porém, passou a maior parte do ano fugindo do rebaixamento e só escapou da queda na última rodada. Além de Jô, a única contratação de peso era o goleiro australiano Mitchell Langerak (ex-Borussia Dortmund), que estava no Levante. No meio do ano chegaram vários reforços, e o time que até então era um saco de pancadas enfim começou a reagir. Com o técnico Yahiro Kazama, o Nagoya jogava um futebol extremamente ofensivo, mas desequilibrado. Por um lado o ataque fazia muitos gols – o que era ótimo para Jô, já que o time jogava em função dele –, mas a defesa estava sempre exposta e foi a mais vazada do campeonato.
Em 2019, a diretoria qualificou o elenco e parecia que a temporada seria bem diferente. O Nagoya chegou a liderar a J.League e sonhou com título nas primeiras rodadas, mas foi só fogo de palha. Por um lado, o time evoluiu em quase todos os setores e teve mais destaques individuais, mas empacou na queda de rendimento de Jô. O centroavante fez cinco gols nas primeiras 11 rodadas, mas depois disso só balançou as redes mais uma vez nos 21 jogos restantes de que participou. Chamou a atenção a grande quantidade de chances desperdiçadas. Era como se ele tivesse perdido de repente seu faro de artilheiro. O último gol dele pela J.League foi em agosto de 2019.
Também influenciou a troca de treinador no meio do campeonato, mudando completamente o estilo da equipe. E para pior. Quando saiu o ultraofensivo Kazama e entrou o italiano Massimo Ficcadenti, que prioriza um futebol defensivo, Jô passou a ter bem menos chances de gol. E mais uma vez o Grampus teve que se contentar apenas em não ser rebaixado.
Em 2020, Jô perdeu a pré-temporada por causa de uma lesão no joelho e foi desfalque na única rodada disputada antes da interrupção por causa da pandemia, no final de fevereiro.
Em resumo: Jô foi o principal destaque do Nagoya Grampus em 2018, mas ficou devendo em 2019 e ainda não entrou em campo em 2020.