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Patrick diz que virou atacante com Ramírez e mira Seleção após melhor ano da carreira pelo Inter

– Joguei vôlei!

Foi assim, com uma boa dose de ironia e alguns emojis no Twitter, que Patrick reagiu à notícia de que seu nome não estava na seleção dos melhores do Brasileirão de 2020. Uma brincadeira, claro. Mas com fundo de verdade de quem viveu o melhor ano da carreira na temporada passada.

Por outra ironia, esta do destino, o Pantera Negra viu aquele que foi o seu melhor ano no futebol encerrar em dor. Em lágrimas que foram impossíveis de controlar ainda à beira do campo no Beira-Rio após o vice no Campeonato Brasileiro pelo Inter, um mês atrás. Lágrimas que o volante quer transformar em sorriso de título em um 2021 em que ele sonha até com a Seleção.

Aliás, volante, não. Patrick hoje é atacante no esquema de Miguel Ángel Ramírez, em suas próprias palavras. O camisa 88 colorado concedeu entrevista exclusiva ao ge e expôs todas as suas facetas em pouco mais de 30 minutos de conversa.

Patrick, volante, ou atacante, do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Inter

Patrick, volante, ou atacante, do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Inter

O Patrick ambicioso quer ir ainda mais longe após o melhor ano da carreira. O Patrick de 28 anos lembra que morou até debaixo da arquibancada antes de poder sonhar, de fato, com a Amarelinha. O Patrick Pantera Negra sabe do peso e da voz que tem para se posicionar por um mundo melhor. Tudo isso, nas linhas a seguir.

Confira trechos da entrevista:

ge: Patrick, você jogou vôlei no último brasileiro? O que aconteceu?

Patrick: (Risos) É uma ambição de todo jogador que disputa uma competição estar entre os melhores e ser campeão. Acho que briguei por isso, mas, infelizmente, não vieram o título e nem essa conquista individual. Foi mais uma brincadeira mesmo com a galera. Respeito totalmente os jogadores que foram para a seleção. Com certeza, foram merecidos. Fiquei no vôlei, mas foi só brincadeira. Vamos trabalhar mais para poder estar neste bolo.

O ano 2020 foi o melhor da carreira? Talvez, se o Inter fosse campeão, seria o craque do Brasileirão…

Esse 2020/21 foi uma temporada atípica. Depois que me recuperei da lesão no início da temporada, consegui brigar pelo meu espaço e manter uma regularidade até o fim. Sequência de jogos direto em um calendário que não imaginávamos lidar no futebol. Eu consegui manter uma regularidade muito grande, ajudar com gols, sequência de vitórias, de jogos sem perder. Acho que foi muito bom e consegui dizer que foi o melhor ano da minha carreira e que esse ano seja melhor que o ano passado.

O que falta para ser o melhor?

O que falta é o título. Ainda mais com a camisa do Inter, é uma projeção de título. Estamos há muito tempo no clube e estamos brigando, chegando a finais. Não pode passar desse ano esse objetivo. Lógico, com desempenho, com tudo a favor, acho que todo jogador sonha em defender a seleção nacional. Esse ano é de projeção de títulos.

Ficou claro que consigo fazer muito bem muitas funções do meio para frente. Com um bom desempenho com títulos, temos que passar ao próximo degrau. E o próximo degrau é buscar uma convocação para a seleção brasileira.
— Patrick

Você é um cara alto astral, mas aquela cena depois do jogo contra o Corinthians chorando marcou muito. O que você sentiu naquele momento?

Acho que não só eu, mas o sentimento de toda a torcida. Quando acabou o jogo, eu tentei segurar ao máximo, mas o pessoal me chamou para dar entrevista. É o momento de abrir o coração. Aí não dá para ser durão mais nesse momento. Tem que falar com o coração, e eu não me arrependo de ter me emocionado. Pelo contrário. Eu falei palavras do meu coração. Foi meu sentimento na hora. Infelizmente, o título não veio.

É um sentimento de um cara que chegou ao Inter em 2018 e virou colorado?

Com certeza! Eu respiro o Internacional. Vivi momentos bons e ruins. Isso me fez amadurecer e me tornar um cara que torce pela equipe, que está focado no objetivo, sabe a importância e grandeza do clube e tem que responder à altura. Acho que esse amadurecimento me fez tornar parte do Inter, me tornar um torcedor colorado. Me coloco muitas vezes na condição do torcedor e levo esse sentimento ao campo. Acho que esse jogo… Não tem como falar que estava todo mundo tranquilo porque isso seria impossível. Estavam todos nervosos dentro das medidas e, quando não vem o título, é o sentimento do torcedor, jogador, da família. Acho que é um sentimento único e todos ficaram tristes com a perda do título.

O impedimento do Edenílson dói muito?

Quando saiu o gol eu não acreditava. No último minuto, cenário de título mesmo, aquela história, mas acabou saindo o impedimento. Foi o balde de água fria que recebemos nos minutos finais. Parecia que era a última cartada que tínhamos, teve o impedimento e não saiu o gol. Fora outras coisas durante a partida que faz doer ainda mais esse não-título.

Patrick pelo Inter

  • Total:
    153 jogos
    22 gols
  • Temporada de 2020:
    52 jogos
    8 gols
  • Temporada de 2021:
    2 jogos
    1 gol
Eu respiro o Internacional. Vivi momentos bons e ruins. Isso me fez amadurecer e me tornar um cara que sabe a grandeza do clube e tem que responder à altura. Esse amadurecimento me fez tornar parte do Inter, me tornar um torcedor colorado.
— Patrick

Aliás, muitas coisas mudam no time, menos a parceria com o Edenilson…

Edenílson dispensa comentários fora e dentro de campo. Acho que é unânime sua qualidade. Ele tem a função dele pelo lado direito, eu de fortalecer o lado esquerdo. É um jogador que tem muito talento e uma qualidade indiscutível, que encaixou com a camisa do Inter. Eu na esquerda, ele na direita, acho que deu certo e, se entrar mais treinadores, ele vai continuar dominando aquela posição. Para mim, ele é um dos melhores no Brasil.

Como têm sido os primeiros dias de trabalho com o Ramírez? Muito para assimilar?

Eu posso dizer que sim. Ele quer implantar seu método de trabalho o mais rápido possível. Ele tenta botar o máximo de informações diárias para nós para assimilarmos e fazermos o que ele pede. Posso dizer que é muita informação de início, mas o pessoal tem assimilado muito bem o trabalho. Mostra vídeos de evolução de trabalhos de um dia para o outro e trabalhos repetidos. Isso mostra que mesmo com muita informação temos conseguido assimilar e acredito que o mais breve possível chegaremos ao que ele almeja.

Patrick busca aprimorar ainda mais a parceria com Edenilson — Foto: MIGUEL NORONHA/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

Patrick busca aprimorar ainda mais a parceria com Edenilson — Foto: MIGUEL NORONHA/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

O Ramírez chegou a falar mais detalhadamente sobre o jogo de posição?

Ele gosta de muito desse jogo de posição, de setor. Nos treinamentos, tem tentado colocar essa ideia. Temos o cacoete do jogador brasileiro de se movimentar, de ir de fora para dentro, de dentro para fora, se mexer bastante. Ele preza muito o posicionamento, o setor. É uma das coisas mais difíceis para mudarmos, mas acredito que, com o passar do tempo, dos jogos, dos treinamentos, conseguiremos nos adaptar a isso de acordo com o que ele deseja.

O Patrick agora tem que saber esperar a bola na posição?

Preciso ter paciência. Ele pediu um pouco de paciência porque o estilo dele de jogar é assim. Então o pessoal ainda está pegando essa dinâmica. Então, no início, vai chegar menos bolas, vou pegar menos. Mas disse para ter paciência e ficar tranquilo que, quando todos estiverem dentro do processo, a bola chegará e estaremos mais perto do gol. Não precisarei ir lá atrás e levar a bola para frente. Estarei mais perto do gol para criar as jogadas de ataque e ajudar o Inter.

Gol do Internacional! Patrick aproveita o bate-rebate, solta uma bomba no ângulo e empata, .aos 40 do 1º

Com o Ramírez, o Patrick será meia ou ponta esquerda?

Ele pediu para eu fazer a função, quer me usar mais como ponta. Sabe que eu faço outras funções, mas, no momento, quer que eu faça essa função. Então, a princípio, vocês verão o Patrick como ponta esquerda. Posso dizer que sou atacante, né?
— Patrick

Patrick agora é atacante então?

Sim, posso dizer que sou atacante, né? Todo mundo gosta de fazer gol e, nessa função, fico mais perto da área. Já fiz um gol no primeiro jogo. Que venham mais gols e eu possa ajudar naquela função do campo.

Brigar pela artilharia?

Não posso dizer que brigarei pela artilharia, mas tentarei fazer o maior número de gols possível. Se lá no final vou brigar pela artilharia ou não, vou tentar colocar a bola para dentro sempre que possível.

E a briga é só com o Guerrero, Yuri, Galhardo…

É, não tem ninguém ali, só eu (risos). Imagina, só lenda, só craque de bola. Paolo artilheiro, Abel faz gol, Galhardo artilheiro, Yuri Alberto faz gol todo jogo. Estou um pouco longe disso, mas o que eu conseguir chegar perto, eu vou tentar.

Onde você aprendeu aquela jogada de quando tem dois marcadores e sempre passa entre os dois?

Eu não sei explicar. Mas é a situação do momento. Venho do futsal, então uso um pouco desse trabalho. É mais questão de tempo, saber o tempo da passada do adversário para poder passar a bola entre eles e poder seguir. Lógico que requer um pouco de força, explosão. São coisas que me ajudam muito para fazer esse tipo de jogada. Não é fácil passar no meio de dois toda hora, mas requer mais tempo, explosão e contar um pouco com a sorte, porque, às vezes, a bola bate lá, bate cá e a bola fica comigo. Eu não tenho uma explicação concreta disso, é mais ou menos isso.

Você pensa em sair do Inter em algum momento para jogar no exterior?

Eu tenho o desejo de jogar no exterior. Acho que muito jogadores têm e eu não tenho a necessidade de esconder. Mas, como eu sempre digo, procuro focar no hoje e a minha realidade é o Internacional. Se o Inter já recebeu propostas e não foi agradável ao clube, eu sempre busco o melhor ao clube e a mim. Ambos têm que sair satisfeitos. Estou muito feliz aqui. Abriu portas para fazer essas performances, principalmente em 2020. O objetivo é, se amanhã tiver que defender a camisa do Inter, eu defenderei. Se daqui a dois anos tiver que continuar defendendo a camisa do Inter, vou defender. Se tiver que renovar contrato, renovarei. Eu sempre penso no hoje, e o meu hoje é o Internacional. Viemos de um vice do Brasileiro. A minha forma é de vestir essa camisa, buscar um título no estadual e progredir de acordo com a temporada.

Chegou algo recentemente?

Acredito que por agora teve especulações, mas nada concreto. Não posso dizer que chegou. Recebi algumas propostas antes, México, Estados Unidos. Teve sondagem da Europa, algumas coisas da Ásia, mas o Inter preferiu manter. Disse que seria importante contar comigo e eu sou funcionário do clube. Se for algo que não seja bom para mim nem para o clube, eu tenho que respeitar. Procurei botar minha cabeça no lugar, focar no Inter e fazer meu trabalho.

Você tem ligação com a pauta antirracista, ligado fora do futebol e com tudo que acontece ao redor.

É algo que não deveria acontecer hoje. Não só o racismo, mas outros tipos de preconceito, e infelizmente acontece. Como pessoa pública, me sinto no direito de posicionar sempre que possível. Farei isso porque tenho uma família, amigos. Muitas pessoas têm admiração por mim e isso são causas que, sempre que possível, me posicionarei em prol do melhor para todos.

O Pantera já usou máscara, pulou o Edenílson. Esse ano vai ter alguma coisa diferente do Pantera? No primeiro do ano, não teve.

Acabei de fazer gol e o jogo acabou, não deu nem tempo para comemorar. Foi mais abraçar os companheiros, mas eu vou tentar me reinventar. E, em jogos importantes, vou tentar fazer uma comemoração marcante e que todo mundo curta.

A última imagem da temporada passada foi o choro. A última imagem desta temporada agora vai ser esse sorriso?

Tomara, tem que ser, que assim seja. Vamos trabalhar bastante para poder terminar o ano sorrindo, com títulos e muitas conquistas.

(Com informações do GE).

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