Jogador já havia sido liberado para depor no Rio, na sexta. Lesão em amistoso contra o Catar abrevia passagem de atacante na preparação para a Copa América
Por Alexandre Lozetti e Raphael Zarko
Neymar recebe atendimento médico no banco de reserva e chora
Nem meio tempo contra o Catar durou a esperança de ver Neymar longe das turbulências – que envolvem acusação de estupro e agressão por uma mulher de 26 anos – para ser notado novamente dentro de campo. A torção no tornozelo mais tarde foi diagnosticada como ruptura ligamentar no hospital de Brasília, o ponto culminante do capítulo mais delicado e grave nos 10 anos de carreira do atacante do PSG. Nos 11 dias dos mais delicados na Seleção.
Jair Bolsonaro abraça Neymar e posa para foto depois do atacante deixar o campo ainda no primeiro tempo de Brasil x Catar — Foto: Divulgação
Como de hábito, todas as lentes e atenções se voltaram para Neymar. A lesão aos 17 minutos tirou o jogador de campo e provocou mudança de regras, com a entrada no vestiário do pai do jogador, Neymar Santos Silva. Logo atrás veio Edu Gaspar.
O coordenador técnico disse que autorizou a entrada do pai de Neymar. Também esperava o presidente da República, Jair Bolsonaro, que não foi ao vestiário, mas foi até o hospital em Brasília para visitar Neymar, cerca de uma hora antes do corte.
– Eu estava assistindo ao jogo na tribuna e fui informado de que o pai do Neymar estava próximo ao vestiário. Obviamente autorizei. Para ele ter o pai próximo num momento como esse. Eu autorizei o pai do Neymar a entrar no vestiário para acompanhar o atleta – disse Edu.
Veja o momento em que Neymar se machuca no amistoso Brasil x Catar
Na coletiva, Tite lembrou Pelé em 1962
A desconvocação não parecia passar pela cabeça de Tite, que rebateu mais de uma pergunta sobre o assunto avisando que não ia pensar sem fato concreto. Neymar já estava liberado até o depoimento de sexta-feira, na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, e não embarcaria para Porto Alegre nesta quinta-feira.
O corte é o fim de processo desgastante que dura mais de um mês. Envolve o soco num torcedor em Paris, a troca da faixa de capitão, a pequena lesão ainda na preparação em Teresópolis até o ponto mais grave, a acusação de estupro. O sentimento é duplo. Ao mesmo tempo que há baque por perder o principal jogador, também há certo alívio pelo pacote de problemas Neymar.
– Neymar é imprescindível, mas não é insubstituível. A gente pega historicamente a Copa de 1962. Pelé saiu e o time continuou jogando bem. A equipe potencializa as individualidades – dizia Tite.
No gol de Richarlison, o sofrimento de Neymar
Na entrevista coletiva nem Tite nem o auxiliar Cleber Xavier ou Edu Gaspar davam sinais negativos sobre a situação do atacante. No intervalo, Tite contou ter visto apenas o tornozelo de Neymar inchado.
Tite tem até a noite do dia 13 para convocar um substituto. O procedimento exige que os exames sejam enviados à Conmebol para que a organizadora da Copa América possa validar a lesão e, só então, permitir a inscrição de um novo jogador.
A convocação do substituto de Neymar deve ser confirmada já nesta quinta-feira. Entre os possíveis substitutos estão Vinicius Junior, convocado e cortado em amistosos de preparação para a Copa América, e Lucas Moura, que impressionou a comissão técnica pelo desempenho na reta final da Liga dos Campeões da Europa.
Neymar saiu de campo logo após o gol de Richarlison. Sentiu dores ao tentar o drible no meio de campo. O atacante caiu no chão, se levantou e tentou seguir em campo. Ele se agachou, pediu para não receber a bola até sair para o banco de reservas, onde chorou momentos antes de descer para o vestiário.