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ONU: Pela 1ª vez na década, Brasil deixa de avançar em ranking de qualidade de vida

Pela primeira vez desde 2010, o Brasil manteve a nota e a mesma posição entre as 188 nações pesquisadas no ranking de desenvolvimento humano da ONU (Organização das Nações Unidas), apresentado nesta terça-feira (21). O país figura em ​79º lugar na lista, mesmo posição do ranking anterior. A nota também é a mesma do ano anterior: 0,754 –quanto mais perto de 1, melhor é a avaliação. De acordo com informações do Pnud, o Brasil melhorou nos critérios de saúde e educação, mas piorou no de renda, o que provocou sua estagnação no ranking mundial de IDH.

Os dados servem de base para o relatório 2016 do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e são de 2015. Portanto, não levam em consideração os acontecimentos dos últimos meses do mandato de Dilma Rousseff nem políticas adotadas pelo governo Michel Temer. Veja as notas de IDH do Brasil desde 2010:

  • 2010: 0,724
  • 2011: 0,730
  • 2012: 0,734
  • 2013: 0,747
  • 2014: 0,754
  • 2015: 0,754

Para a avaliação do IDH, além da dimensão econômica (renda nacional bruta), também são utilizados indicadores em saúde (expectativa de vida) e educação (média de anos de estudo e expectativa de anos de estudo).

No ranking 2016, a posição 79 é compartilhada pelo Brasil com a ilha caribenha de Granada.

Padrão de vida. Desenvolvido há 26 anos, o IDH tem uma escala de 0 a 1. Quanto mais próxima de um, melhor a situação do país. As notas são dadas a partir da avaliação de três quesitos: saúde, educação e rendimento.

Entre 1990 e 2015, a média de crescimento do IDH brasileiro foi de 0,85% ao ano. A análise dos dados mostra que levou o País a quebrar essa trajetória foi o padrão de vida. A renda nacional per capita foi de 14.145 P.P.P. (paridade de poder de compra, uma medida internacional usada para permitir comparação entre diferentes moedas). Em 2014, a renda havia sido de 14.858. O relatório mostra que, em 2015, a renda per capita na Turquia, por exemplo, era de 18.705. Já no México era de 16.383 e, no Chile, de 21.665.

Discreta melhora. Nos outros quesitos do IDH, o País apresentou uma discreta melhora. A expectativa de vida (usada para medir o desenvolvimento na área de saúde) foi de 74,7 anos. Mais do que os 74,5 indicados em 2014. Na área de conhecimento, o Brasil obteve um pequeno avanço na média de anos de estudo. Passou de 7,7 em 2014 para 7,8 em 2015.

No entanto, chama a atenção da estagnação de outra variante usada para avaliar o conhecimento, a expectativa de anos de estudo. Desde 2013, esse indicador não ultrapassa a marca dos 15,2 anos.

O IDH brasileiro está um pouco acima da média regional da América Latina e do Caribe, que foi de 0,751 em 2015. Na comparação entre Brics, apenas a Rússia traz um IDH superior ao do Brasil: 0,804. China, África do Sul e Índia aparecem no ranking em posições abaixo do País, com indicadores de 0,738, 0,666 e 0,624, respectivamente.

Desigualdade. A desigualdade no Brasil persiste. O Relatório de Desenvolvimento Humano mostra que o País cairia 19 posições no ranking se a desigualdade fosse levada em conta. Apenas dois países teriam uma queda ainda maior: Irã (que despencaria 40 posições) e Botsuana, com perda de 23 colocações. Se for considerado o Coeficiente de Gini, o Brasil é o 10º mais desigual de uma lista de 143 países.

As diferenças de renda são o principal fator que leva o Brasil a ter uma redução no IDH ajustado (IDHD). O porcentual de perda provocado por esse indicador é de 37,8%. Em seguida, vem a desigualdade na educação. Ela é responsável por um desconto de 22,6%. A diferença na expectativa de vida também é expressiva: ela provoca uma queda de 14,4% na média geral.

O impacto da desigualdade na classificação é sentido por outros países. O Chile, por exemplo, cairia 12 posições no ranking e teria perda de 18,2% no seu IDH, se as disparidades fossem levadas em consideração. Também ali a desigualdade na renda é que empurra o país para uma colocação mais baixa. A perda é de 35,5% no IDH.

Para a coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional, é uma ferramenta importante para avaliar o quanto o progresso no desenvolvimento humano não atinge a todos da mesma forma. As diferenças, diz, estão presentes mesmo dentro de cidades.

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