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Moro vai com Bolsonaro a debate dois anos e meio após ter acusado presidente de interferir na PF

O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro assessorou Bolsonaro durante o debate deste domingo (16) — Foto: Alisson Sales/Fotorua/Estadão Conteúdo

O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro assessorou Bolsonaro durante o debate deste domingo (16) — Foto: Alisson Sales/Fotorua/Estadão Conteúdo

Senador eleito pelo Paraná, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil) acompanhou neste domingo (16) o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, no debate exibido pela TV Bandeirantes.

Juiz responsável pelos processos da Lava Jato no Paraná até 2018, Moro deixou a magistratura para se tornar ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Após pouco mais de um ano no comando da pasta, ele deixou o governo fazendo acusações contra Bolsonaro (leia mais abaixo).

Neste domingo, a participação de Moro no debate presidencial chamou a atenção. Ele foi visto próximo ao presidente, aconselhando-o nos intervalos.

“A presença do Moro como assessor do Bolsonaro num debate só mostra uma coisa: que o alvo dele sempre foi o Lula. E que ele, depois de ele ter falado tudo isso de Bolsonaro, voltar a apoiar Bolsonaro é um atestado que desde o início ele estava com esse objetivo [contra Lula]”, disse o comentarista Merval Pereira.

“Moro tem a capacidade de provar que seus adversários têm razão. Quando ele vai para o governo Bolsonaro, pronto: tudo o que a defesa de Lula dizia fica confirmado, porque ele foi para o governo da pessoa que e beneficiou com a ausência do Lula naquela eleição [de 2018]”, afirmou Míriam Leitão

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), foi a debate em televisão acompanhado do ex-ministro da Justiça e senador eleito, Sergio Moro (União Brasil) — Foto: Mariana Greif/Reuters

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), foi a debate em televisão acompanhado do ex-ministro da Justiça e senador eleito, Sergio Moro (União Brasil) — Foto: Mariana Greif/Reuters

Moro em ministério e acusações contra Bolsonaro

Moro permaneceu no cargo de Ministro da Justiça de janeiro de 2019 a abril de 2020, quando anunciou que deixaria o ministério. Na ocasião, Moro acusou Bolsonaro de interferência na Polícia Federal.

Segundo Moro, o presidente da República cobrava a troca do superintendente da PF no Rio de Janeiro e disse que a prova da interferência estava na reunião ministerial em que Bolsonaro falou que não iria esperar “foder” a família dele e que iria trocar o “segurança” no Rio de Janeiro.

Bolsonaro sempre negou ter tentado interferir, afirmando que Moro não tinha provas do que dizia.

Após o debate deste domingo, o presidente chamou o ex-ministro de “exemplo vivo” do que foi a Lava Jato, e de “um dos responsáveis pelo ressurgimento do Brasil”.

Moro também falou sobre Bolsonaro. “Tenho, sim, minhas divergências com o presidente Bolsonaro, mas as convergências são muito maiores”, afirmou Moro.

Ex-juiz na política

Nesses dois anos e meio desde a saída de Moro do Ministério da Justiça, o ex-ministro morou nos Estados Unidos; se lançou pré-candidato a presidente da República pelo Podemos; deixou o partido e se filiou ao União Brasil (resultado da fusão do PSL e do DEM); tentou ser candidato em São Paulo, mas a Justiça barrou; e acabou sendo eleito senador pelo Paraná.

Em fevereiro deste ano, Moro chegou a postar em sua conta no Twitter que “não há escolha possível” entre “petrolão e “rachadinha”, fazendo referência a denúncias contra Lula e Bolsonaro. “Sério que, entre um ladrão de um lado e um ladrão do outro, a culpa é do juiz? Entre o petrolão e a rachadinha, não há escolha possível. Precisamos, sim, reformar nosso sistema de justiça para que casos de corrupção não fiquem impunes”, postou.

Moro também já afirmou que “assim como Lula, Bolsonaro mente”. “Nada do que ele [Bolsonaro] fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o [diretor-presidente da Anvisa] Barra Torres e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência”, declarou.

O senador eleito chegou a dizer, ainda, no começo deste ano, que “Bolsonaro enfim admitiu ontem que nunca defendeu o combate à corrupção e a Lava Jato”. “Era só mais um discurso do seu estelionato eleitoral”, postou.

Fonte: G1

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