Esportes

Memória Combate: há dez anos, Anderson Silva vencia Chael Sonnen em sua luta mais dramática

Por Combate.com — Rio de Janeiro

Há exatamente dez anos, o mundo do MMA ficava assombrado ao ver seu principal astro ser massacrado por quase 25 minutos… e ainda assim sair vitorioso. No dia 7 de agosto de 2010, no UFC 117 em Oakland (EUA), Anderson Silva enfrentava Chael Sonnen pela primeira vez, no que seria sua vitória mais dramática na carreira.

Reveja a épica primeira luta entre Anderson Silva e Chael Sonnen no UFC 117

Cenário

Toda a atmosfera ao redor desta luta foi capturada no documentário “Como Água”, de 2011, dirigido por Pablo Croce. Ainda sem reconhecimento maciço no Brasil, Anderson Silva já era o lutador mais dominante do MMA mundial, especialmente após a derrota de Fedor Emelianenko para Fabricio Werdum dois meses antes, e quebraria o recorde de defesas de cinturão no UFC com mais um triunfo. Mas o “Spider” estava em baixa de popularidade após sua polêmica vitória sobre Demian Maia em abril, quando o campeão provocou demais o desafiante e, com o triunfo por pontos garantido, correu da luta no último round. Dana White ameaçou demití-lo se repetisse o desempenho na próxima apresentação.

Para enfrentá-lo, a organização trouxe Chael Sonnen, um lutador com um cartel não muito impressionante e com um jogo monotemático: usava o wrestling para derrubar os adversários e “moê-los” no chão. Apesar disso, o americano rapidamente ganhou as manchetes do mundo inteiro com provocações incessantes – muitas vezes absurdas – ao campeão. Entre xingamentos ao lutador, aos seus amigos e ao seu país, Sonnen fez uma promessa: colocaria Anderson de costas no chão e o aposentaria.

Poucos acreditaram que isso seria possível. Anderson Silva aguentou calado as provocações, mas uma em particular o tocou: a de que uma faixa preta de jiu-jítsu dos irmãos Nogueira não valia nada. Um dia, após um treino, Spider prometeu a Minotauro: “Eu vou finalizar esta luta”. Ele fez a caminhada ao octógono vestido de quimono e com a faixa na cintura, já como uma mensagem ao rival.

A luta

Anderson Silva (dir.) e Chael Sonnen (esq.) trocam golpes no minuto inicial da luta — Foto: Divulgação/UFC

Anderson Silva (dir.) e Chael Sonnen (esq.) trocam golpes no minuto inicial da luta — Foto: Divulgação/UFC

Ouvindo os comentários nas transmissões brasileira e americana, parecia que era questão de tempo para Anderson nocautear Sonnen e calar de vez o falastrão. Ninguém estranhou, inclusive, Spider ter a guarda baixa desde o início, afinal era de seu feitio abusar das esquivas e ele precisava se precaver para as entradas de queda. Mas a arena inteira em Oakland se levantou quando, logo no primeiro minuto, Sonnen balançou Spider com um direto de esquerda. O brasileiro quase caiu para trás e recuou, visivelmente machucado. O americano ainda acertou outra bomba antes de cumprir o prometido: foi nas pernas e colocou o campeão de costas no chão.

A partir daí, foram cinco rounds de um monólogo repetitivo: o juiz autorizava, Sonnen ia nas pernas, derrubava e passava o resto do tempo batendo no campeão. Anderson teve poucos lampejos: uma tentativa de kimura no segundo round, algumas cotoveladas de baixo para cima, uma cotovelada em pé no início do quarto round. De resto, passou a luta de guarda fechada, procurando como encaixar o triângulo (técnica que Demian Maia e Paulão Filho já tinham usado contra Sonnen), mas lhe faltava força. Ele revelaria após o combate que trincou a costela poucas semanas antes e que isso atrapalhou seu desempenho.

Veio o quinto e último round. Anderson caiu rapidamente, após levar um cruzado de resposta de Sonnen e se desequilibrar. Parecia que era o fim do reinado de Anderson. No entanto, faltando dois minutos para o final, Spider finalmente conseguiu o que queria: controlou o punho direito de Sonnen e atraiu sua cabeça para baixo o suficiente para passar a perna esquerda ao redor e fechar o triângulo. Ele rapidamente ajustou a posição e ainda puxou o braço esquerdo do adversário, preso na pegada, num “combo” de triângulo com chave de braço. Sonnen tentou defender mas, num momento em que provavelmente apagou brevemente, deu um tapa na perna de Anderson, sinalizando sua desistência.

O árbitro Josh Rosenthal entra para encerrar a luta após Anderson Silva encaixar o triângulo em Chael Sonnen no UFC 117 — Foto: Josh Hedges/Getty Images

O árbitro Josh Rosenthal entra para encerrar a luta após Anderson Silva encaixar o triângulo em Chael Sonnen no UFC 117 — Foto: Josh Hedges/Getty Images

Ramificações

A performance de Sonnen, apesar da derrota, renderia muitos pedidos por uma revanche imediata. No entanto, o lutador americano seria flagrado pouco depois em exame antidoping com alto índice de testosterona e seria suspenso por um ano. Ao retornar, o americano precisou vencer duas lutas e provocar ainda mais o brasileiro para conseguir uma segunda oportunidade, que lhe foi dada em 2012.

Àquela altura, Spider havia conquistado o reconhecimento mundial e nacional que merecia. Nos EUA, a primeira vitória sobre Sonnen o transformou em astro; no Brasil, sua luta seguinte, o nocaute devastador em Vitor Belfort, o catapultou a ídolo. O UFC 148, com a revanche contra Sonnen, foi sua coroação como herói nacional, defendendo a honra da pátria contra o falastrão americano que destilou atrocidades sobre o país.

Deixe seu comentário

TV

Rádios

Arquivos

  • Arquivos

  • Links

    Links