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Maju lembra reação ao ser vítima de racismo: ‘Chorei abraçada com o meu marido’

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Maria Júlia Coutinho lembrou reação ao ser vítima de ataques racistas: 'F echei a porta do quarto e chorei abraçada com o meu marido ( Agostinho Paulo Moura)'
Maria Júlia Coutinho recordou ainda dificuldade de assumir os fios cacheados, ao posar para revista: ‘Esquentava no fogão um pente de metal e alisava o cabelo’

Maria Júlia Coutinho relembrou a reação que teve ao ser vítima de ataque racista, em julho passado. Na ocasião, o preconceito também afetou sua mãe, conforme contou ao posar para a revista “Cláudia” de dezembro. “Ela se abalou, ficou mal. E eu fechei a porta do quarto e chorei abraçada com o meu marido. Um choro por me sentir também acariciada por milhares de pessoas que se solidarizaram“, recordou a garota do tempo do “Jornal Nacional” se referindo ao publicitário Agostinho Paulo Moura, estudante de filosofia.

Em seguida, deu a volta por cima. “Muita gente imaginou que eu estaria chorando pelos corredores (…) Eu já lido com essa questão do preconceito desde que me entendo por gente (…) Fico muito indignada, mas não esmoreço, não perco o ânimo (…) A militância que faço é o meu trabalho, com carinho, dedicação e competência”, garantiu. À publicação, Maju como é carinhosamente conhecida contou que várias crianças negras já demonstraram ter vontade de ser como ela. “Ou como Lázaro RamosTaís Araújo, Zileide Silva, Glória Maria…”, enumerou a jornalista.

‘Não brinquem com ela, porque tudo nela é preto’, disse colega de escola de Maju

Na entrevista, a premiada pelo Troféu Raça Negra e filha de professores lembrou um fato ocorrido quando tinha 6 anos e estudava na Escola Islâmica Brasileira, em São Paulo. “Uma garota me encarou para dizer: ‘Você tem tudo preto na vida. Seu cabelo, seu carro, sua casa’. E, olhando para outras crianças, determinou: ‘Não brinquem com ela, porque tudo nela é preto'”, lembrou Maju, eleita uma das 100 mulheres mais sexy de 2015.

A moça do tempo do “JN” contou ainda que demorou para assumir sua identidade e, por isso, não exibia os cachos. “Por anos, me submeti a um rito para ser aceita: esquentava no fogão um pente de metal e alisava o cabelo. Fora dos pequenos círculos, era difícil assumir a identidade. Precisa coragem para usar o crespo, símbolo de estar à margem”, admitiu. Mas isso, claro, acabou mudando. “Nos anos 1990, vi na capa da revista ‘Raça’ uma negra com ar decidido, de tranças afro, enormes e lindas, e falei: ‘Eu quero isso’. Funcionou como uma permissão para ser eu mesma”, completou Maju, elogiada ao posar em Paris, onde está cobrindo a Conferência Mundial do Clima.

Já em relação à maternidade, por ora, Maria Júlia descarta engravidar. “Ficamos muito em casa. Agostinho precisa estudar. E, se não vier, ok. Já me sinto realizada afetiva e profissionalmente”, apontou.

(Por Guilherme Guidorizzi)

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