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Lula não explica revelação de tríplex em 2010, feita por jornal

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Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu explicar a revelação do tríplex feita pelo GLOBO em 2010, na qual a OAS reservou para o petista e a mulher, Marisa Letícia, o apartamento 164-A do Edifício Solaris, no Guarujá, no litoral de São Paulo.

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O apartamento passou por reformas que incluíram a instalação de um elevador privativo e uma área gourmet, também paga pela empreiteira. Outros imóveis do mesmo prédio não receberam as mesmas intervenções. Entre 2005 e 2009, o ex-presidente pagou R$ 188,2 mil por cota que dava direito a um apartamento simples no edifício.

A Lava-Jato suspeita que Lula usaria o crédito que tinha no Solaris para obter o tríplex reformado, sem ter que pagar valor a mais pelas melhorias. Lula desistiu de ficar com o apartamento após a revelação pelo GLOBO dos detalhes das intervenções da OAS. A construtora, segundo diz agora a Lava-Jato, gastou R$ 1,1 milhão em benfeitorias no imóvel. Lula e Marisa visitaram a reforma do tríplex, quando foram flagrados em fotografias avaliando o local. Vizinhos também afirmam que Marisa chegou a pegar as chaves do imóvel.

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Na versão apresentada pelo petista durante seu depoimento a Moro, ele só soube do imóvel em 2013.

— Eu ouvi falar desse apartamento em 2005 quando comprou (a cota). E fui voltar a ouvir falar do apartamento em 2013, ou seja, há um interregno de discutir este apartamento da minha parte de 2005 a 2013 — afirmou.

Então, o juiz Moro questiona o ex-presidente sobre reportagem do GLOBO de 2010.

— Consta no processo uma matéria do jornal O GLOBO, de 10 de fevereiro de 2010, na qual se afirmava naquela época, abro aspas: “A família Lula da Silva deverá ocupar a cobertura tríplex com vista para o mar”. Relativamente a esse prédio em Guarujá. O senhor saberia me explicar como a jornalista em 2010 poderia afirmar que a cobertura tríplex seria do ex-presidente? — pergunta o juiz.

  • O Edifício Solaris, no Guarujá, onde Lula seria proprietário de um tríplex Foto: Nelson Almeida / AFP

    Casal Lula tinha uma cota desde 2005

    Em 2005, Marisa Letícia Lula da Silva comprou uma cota na Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) para adquirir o apartamento 141 do edifício Mar Cantábrico, que estava sendo construído no Guarujá. A Bancoop quebrou, e em 2009 a OAS assumiu a construção de alguns dos seus prédios, incluindo esse do Guarujá.

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Lula responde:

— Eu vou lhe explicar, talvez não explique tudo. Mas o jornal O GLOBO nesse mesmo período fez 530 matérias negativas contra o Lula e só duas favoráveis. Então só posso entender que alguém do Ministério Público em São Paulo, que eu não vou dizer o nome, fomentava a imprensa, que fomentava ele (a jornalista). E isso foi tempo. Nós fizemos inclusive representação no Conselho Nacional do Ministério Público.

Moro, então, questiona a divergência nas datas apresentadas por Lula.

— Mas a questão que eu coloco, essa questão do tríplex que o senhor afirma aqui, ela só teria surgido em 2013, segundo o senhor. O senhor tem ideia como o jornalista, lá em 2010, do GLOBO, poderia ter feito uma matéria se referindo a essa cobertura tríplex que o senhor iria ficar? Nesse mesmo local, nesse mesmo prédio?

Lula volta a acusar os procuradores:

— Porque deve ser uma invenção do Ministério Público.

Moro insiste:

— Mas em 2010 nem tinha processo.

E Lula:

— Sei lá quando, fazer ilação se faz em qualquer momento.

O que pesa contra o ex-presidente

IL

Doações para o Instituto Lula

estão na mira da Lava-Jato

O imóvel que segundo o MPF pertence a Lula

Empreiteiros dizem que ajudaram familiares

SÍTIO

PARENTES

AÇÕES NA JUSTIÇA

Obstrução de Justiça

É réu na Justiça Federal do Paraná por suposto recebimento de vantagem de R$ 2,4 milhões da OAS. MPF sustenta que o tríplex no Edifício Solaris, no Guarujá, é de Lula.

Em outra ação, é acusado de receber R$ 12 milhões da Odebrecht por meio da compra da nova sede do Instituto Lula, imóvel que não foi usado.

Acusado de ter pressionado Delcídio Amaral para comprar o silêncio de Nestor Cerveró. A acusação sustenta que o filho de Bumlai deu dinheiro à família de Cerveró.

Tráfico de influência

Operação Zelotes

Processo envolve apoio para liberar empréstimos do BNDES. A ação também trata da contratação de seu sobrinho Taiguara Rodrigues pela Odebrecht em Angola.

INVESTIGAÇÕES EM ANDAMENTO

Organização Criminosa

Inquérito apura suposta formação de organização criminosa para receber propina de obras e contratos espalhados por várias áreas do governo.

Sete Brasil

Apura participação do ex-presidente Lula na cobrança de propina para o fornecimento de sondas para exploração do pré-sal por meio das contratações da Sete Brasil.

Petroquímica

Investiga supostas irregularidades cometidas para beneficiar a Odebrecht e a Braskem, braço da empreiteira monopolista neste mercado.

Palestras

Apura se as palestras de Lula contratadas pela Odebrecht serviriam para remunerar o ex-presidente por favores feitos pelo petista durante seus dois mandatos.

Touchdown

Investiga pagamentos da Odebrecht a uma empresa de marketing que assessorou o projeto Touchdown, liga de futebol americano idealizada por Luís Cláudio Lula da Silva, filho de Lula.

BNDES

Analisa influência de Lula na liberação de créditos do BNDES para Angola, com objetivo de beneficiar a Odebrecht.

INQUÉRITOS

Leniência

Lula e o ex-ministro Jaques Wagner são acusados de negociar com Emílio Odebrecht a edição da Medida Provisória (MP) 703, que permitia ao Executivo firmar acordo de leniência com empresas envolvidas em infrações sem a participação do Ministério Público. A MP acabou não sendo votada no Congresso e perdeu validade.

PETIÇÕES

O prédio no Guarujá onde ficar o tríplex que seria de Lula – Marcos Alves / Agencia O Globo 27/01/2016

Lula ingressou com ação indenizatória contra três jornalistas do GLOBO, sob a alegação de que não se considerava dono do apartamento. O juiz Mauro Nicolau Junior, da 48ª Vara Cível do Rio de Janeiro, julgou a ação improcedente. O petista recorreu da sentença.

 

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