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Lista de envolvidos com atos terroristas em Brasília tem pelo menos 15 militares

A partir da esquerda: Ednaldo Magalhães, sargento da PM-DF; Silvério Santos, sargento da PM-GO; Roberto Henrique, subtenente dos Bombeiros do RJ; e Ridauto Fernandes, general da reserva do Exército

A partir da esquerda: Ednaldo Magalhães, sargento da PM-DF; Silvério Santos, sargento da PM-GO; Roberto Henrique, subtenente dos Bombeiros do RJ; e Ridauto Fernandes, general da reserva do Exército Reprodução

Com a prisão do bombeiro Roberto Henrique de Souza Júnior, suspeito de financiar os atos golpistas em Brasília, já foram identificados pelo menos 15 militares vinculados de alguma maneira aos ataques ocorridos no dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Localizado nesta segunda-feira em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, o subtenente foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) para capturar idealizadores e fomentadores das cenas de barbárie na capital federal.

Aos 52 anos, Roberto Henrique está há 33 no Corpo de Bombeiros do Rio, que abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta do subtenente. Ele foi levado para o Grupamento Especial Prisional (GEP) da corporação, em São Cristóvão, na Zona Norte da capital fluminense. Em 2018, com a alcunha de Júnior Bombeiro, o militar chegou a se candidatar a deputado federal pelo Patriota, partido ligado à base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas não se elegeu.

Na lista de militares associados aos atos golpistas, há tanto militares da ativa, como Roberto Henrique, quanto agentes da reserva ou até já fora das forças de segurança. O levantamento feito pelo GLOBO inclui, além do bombeiro, nove policiais militares — de três estados e do Distrito Federal —, três integrantes do Exército, um oficial da Marinha e um ex-cabo da Aeronáutica, que deixou a corporação em meados de 2022 após concluir o período de oito anos de serviço.

Entre os nomes, está o de Ednaldo Teixeira Magalhães, sargento da PM do Distrito Federal. Ele chegou a postar no TikTok vídeos com a chegada dos ônibus repletos de extremistas à capital, mas acabou excluindo o conteúdo da rede social. Enquanto a invasão estava em curso, o policial publicou uma gravação com a legenda “o bicho está pegando”.

No Instagram, onde as postagens permanecem disponíveis, Ednaldo mostra-se um bolsonarista radical: “Não adianta ficar na internet, vamos às ruas de todo o país”, escreveu após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano passado, estimulando o bloqueio de rodovias por manifestantes antidemocráticos em diversos pontos no país. A PM-DF não respondeu ao contato do GLOBO sobre o caso do sargento.

Já o sargento Rogério Caroca Barbosa e a major Onilda Patrícia de Medeiros Silva, ambos aposentados pela Polícia Militar da Paraíba, apareceram na listagem de presos durante os atos divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal e tornaram-se alvo de um procedimento disciplinar aberto na Corregedoria da corporação. Há ainda cinco agentes de Minas Gerais entre os detidos em Brasília, mas a PM-MG não retornou ao contato da reportagem para esclarecer a situação do grupo. São eles: os sargentos Amauri Silva, Carlos Ibraim Gomes, Mauríco Onezimo Jaco e Sergio de Souza Magalhães; e o subtenente Nilton Barbosa dos Santos. Carlos Ibraim é suplente de vereador em Doresópolis, pequena cidade no interior mineiro.

O último PM da relação é o sargento Silvério Santos, militar da ativa em Goiás. Ele chegou a postar fotos durante os atos golpistas, com o rosto pintado de verde e amarelo, enquanto convocava os seguidores a tomarem partido na invasão: “Explodiu Brasília”, escreveu. O sargento não foi preso, mas responde a uma investigação interna e, segundo o governo goiano, teve de se apresentar à Corregedoria.

Dos quadros do Exército, participaram dos ataques o subtenente reformado José Paulo Fagundes Brandão, que acabou preso, e os oficiais — também da reserva — Adriano Camargo Testoni e Ridauto Lúcio Fernandes, identificados a partir de conteúdos publicados em redes sociais. O coronel Testoni foi indiciado pelo Exército após xingar superiores em meio à depredação: “Bando de generais filhas da puta”, disparou. Já o general Fernandes, que atuou como diretor de Logística do Ministério da Saúde na gestão do também general Eduardo Pazuello, exibiu orgulhoso sua camisa do Brasil durante a invasão e até reclamou de policiais militares que utilizaram spray de pimenta para tentar impedir a barbárie.

A Marinha também teve o seu representante nos atos: o capitão-de-mar-e-guerra reformado Vilmar José Fortuna, que postou foto em frente ao Congresso tomado e, em função disso, acabou destituído do cargo que ocupava no Ministério da Defesa há quase uma década. Já Arthur de Lima Timóteo, que aparece entre os presos, é ex-cabo da Aeronáutica, onde esteve por oito anos como oficial temporário até, segundo a corporação, deixar a Força em meados de 2022.

Além dos 15 militares já citados, há ao menos dois nomes investigados individualmente por suposta leniência, favorecendo a ação dos golpistas. Ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, o coronel Fábio Augusto Vieira foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Já o coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, comandante do Batalhão da Guarda Presidencial do Exército, foi flagrado em um vídeo discutindo com agentes da tropa de choque da PM-DF enquanto golpistas depredavam as sedes dos Três Poderes, o que motivou a abertura de uma apuração interna contra o militar.

Fonte: O Globo.

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