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Laços portugueses, olho na Euro sub-19: a relação de Marcos Paulo, do Fluminense, com Portugal

Por Felipe Siqueira e Hector Werlang — Rio de Janeiro

Jovem promessa do Fluminense, o atacante Marcos Paulo embarca nesta terça-feira rumo à Europa para se apresentar à seleção Sub-19 portuguesa para a disputa do Torneio Maurice Revello, conhecido como Torneio de Toulon, na França – mesma competição que Pedro disputará, mas pela seleção olímpica brasileira. A disputa vai até o dia 15 de junho.

– Meu avô é português e tive a oportunidade de tirar a dupla cidadania e de ser convocado por lá. Fui para lá, aprendi um pouco da cultura, gostaram bastante de mim, eu gostei de lá, e venho sendo convocado – explicou Marcos Paulo.

A relação do jovem de 18 anos com Portugal vem do avô Antonio Costa, pai de Paula Costa, mãe do jogador. Seu Antonio, hoje com 72 anos, nasceu em Vila Cova, pequena aldeia de Vila Real, e veio para o Rio de Janeiro ainda adolescente, após o pai conseguir se estabelecer no Brasil. A ascendência permitiu que Marcos Paulo obtivesse a dupla cidadania em 2018, logo depois de sua mãe, Paula, obter.

Marcos Paulo com o avô Antonio à esquerda e com a mãe Paula em uma viagem para Portugal — Foto: Arquivo PessoalMarcos Paulo com o avô Antonio à esquerda e com a mãe Paula em uma viagem para Portugal — Foto: Arquivo Pessoal

Marcos Paulo com o avô Antonio à esquerda e com a mãe Paula em uma viagem para Portugal — Foto: Arquivo Pessoal

– Estou muito feliz de ele estar tendo essa oportunidade com Portugal, de poder conhecer o estilo de jogo, o país. Com relação a escolha, fica por conta dele. Eu sou Marcos Paulo futebol clube. A decisão que ele tomar, estarei seguindo – disse a mãe, Paula.

– Fico muito feliz da minha nacionalidade poder beneficiar o Marcos. Vê-lo vestindo a camisa de Portugal é muito emocionante. Me alegra ver que ele pode escolher entre Portugal e Brasil. Estou na torcida. A escolha é dele e vou apoiar a escolha que ele fizer! – declarou o avô Antonio, que atualmente mora em Limeira/SP.

Marcos Paulo conheceu Portugal pela primeira vez em 2013, em um torneio quando defendia um clube de Niterói, e gostou da experiência. A decisão pela dupla-nacionalidade, no entanto, foi tomada anos depois, quando ele já defendia o Fluminense, em conjunto pelo atleta, família e estafe, que vê como importante para a carreira do garoto de Xerém ter o passaporte europeu, fazendo com que ele não ocupasse vaga de estrangeiros nos clubes do Velho Continente.

A aproximação com a seleção portuguesa veio no ano passado. Com passagens pelas seleções brasileiras Sub-17 e Sub-18 entre 2016 a 2018, Marcos Paulo não vinha sendo chamado com frequência e acabou aceitando, em agosto, um convite de Portugal, que já vinha o monitorando. Marcos Paulo tem agradado aos portugueses e vem sendo convocado com frequência. Em abril, foi um dos destaques da conquista do Torneio Internacional do Porto, com dois gols.

A presença no Torneio de Toulon é vista como estratégica. A competição é Sub-23, mas Portugal utilizará o time Sub-19 visando se preparar para a Eurocopa da categoria em julho, de 14 a 27 de Julho, na Armênia, e Marcos Paulo tem chances de ser convocado. A Eurocopa Sub-19 é muito badalada e conta com observadores de grandes clubes do continente.

– Eu não estava sendo convocado aqui, então quis aprender um pouco de como é o futebol lá fora, na Europa, e ir se adaptando pouco a pouco. Tem sido muito bom. Lá o futebol é muito intenso. Mais intenso que o daqui, mais força física, mais organizado taticamente. É até um pouco difícil de se adaptar tão rápido. Mas se dedicando e se empenhando dá para pegar e seguir – explicou Marcos Paulo.

Portas fechadas para a seleção brasileira?

A preferência atual por Portugal não necessariamente é um “não” para a seleção brasileira. Mesmo que recentemente Marcos Paulo tenha pedido dispensa de um período de treinos do Brasil sub-18. O jogador explica que a decisão não teve intenção de fechar portas, mas sim porque sentia que precisava ter mais oportunidades no Fluminense e porque já iria desfalcar o clube em Toulon.

– Não fechei portas. Quando teve a convocação era para treinos, preferi ficar para pegar mais oportunidades no Fluminense, treinar junto com o grupo. Porque eu já tinha esse torneio em Toulon agora e aí ficaria muito tempo fora. Preferi ficar para ter mais oportunidades e, graças a Deus, tive e estou fazendo bons jogos.

Marcos Paulo, do Fluminense, pela seleção brasileira de base, em 2016 — Foto: Arquivo PessoalMarcos Paulo, do Fluminense, pela seleção brasileira de base, em 2016 — Foto: Arquivo Pessoal

Marcos Paulo, do Fluminense, pela seleção brasileira de base, em 2016 — Foto: Arquivo Pessoal

Recentemente, Marcos Paulo tem conseguido mais oportunidades no Tricolor. Juntamente com o companheiro de base João Paulo, o jovem atacante tem sido utilizado mais frequência pelo técnico Fernando Diniz. Entrou nas quatro últimas partidas da equipe. Artilheiro na base, tem sido utilizado mais recuado. Já deu duas assistências, mas ainda não balançou as redes como profissional. Perguntado se o jejum o incomoda, já que o amigo JP já marcou oito vezes, Marcos garante que não:

– Estou tranquilo. Gol é questão de tempo. O importante é vir trabalhando no dia a dia, sempre procurando evoluir, que na hora certa a bola vai entrar. Fico feliz pelos gols do JP e por eu fazer parte disso tudo também – destacou.

Marcos Paulo e João Pedro na goleada do Fluminense sobre o Cruzeiro — Foto: Lucas Merçon/Fluminense FCMarcos Paulo e João Pedro na goleada do Fluminense sobre o Cruzeiro — Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC

Marcos Paulo e João Pedro na goleada do Fluminense sobre o Cruzeiro — Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC

Considerado uma das grandes promessas dos últimos anos da base do Fluminense e com multa rescisória de 45 milhões de euros (cerca de R$ 204 milhões), Marcos Paulo um dia terá de decidir entre a seleção brasileira e a portuguesa. No Brasil terá mais concorrência e oportunidade de times mais competitivos. Por Portugal, menos disputa por vaga, a proximidade do mercado europeu, porém menos chances de grandes conquistas.

O jovem atacante, no entanto, ainda terá tempo para fazer a escolha. Segundo as regras da FIFA, um atleta não poderá defender outra seleção caso dispute uma competição oficial da entidade pela seleção principal. Caso ele jogue um torneio oficial da FIFA por seleções de base (caso da Euro Sub-19, mas não do Torneio de Toulon), ele ainda poderá pedir uma alteração de nacionalidade à entidade.

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