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Jovem acidentada nos EUA morre durante escala de jatinho em Manaus

Cemitério Parque das Paineiras, onde a jovem Dimitria Rocha será sepultada. (Foto: Suellen Fernandes/G1)Cemitério Parque das Paineiras, onde a jovem Dimitria Rocha será sepultada. (Foto: Suellen Fernandes/G1)

A família de Dimitria Rocha Carvalho ainda está inconformada com a morte da jovem de 21 anos. Ela morreu durante uma viagem de volta ao Brasil depois de ficar nove meses internada em um hospital na Flórida, nos Estados Unidos. A brasileira, moradora de Taubaté, no interior de São Paulo, foi vítima de um acidente de trânsito em Pompano Beach, no mês de janeiro.

Dimitria morreu em Manaus na última terça-feira (9), quando o jatinho adaptado para UTI fez numa escala técnica no Aeroporto Eduardo Gomes. O corpo chegou a Taubaté por volta das 3h deste sábado (14) e está sendo velado no Cemitério Parque das Paineiras, no bairro Gurilândia. Parentes e amigos prestam homenagens. A mãe dela fez um discurso emocionado por mais de 10 minutos. Uma comunidade evangélica realiza uma celebração religiosa no velório. O sepultamento está marcado para as 13h.


  • O primo da estudante, Luiz Donizette Rosa, avalia o caso como negligência do hospital. Dimitria ficou internada no North Broward Medical Center de Pompano Beach, na Flórida, onde vivia com o namorado. “O hospital queria se livrar da paciente. No meu ponto de vista foi isso. O hospital disse que o avião seria equipado para o caso dela, mas isso não ocorreu”, disse ao G1.

Rosa relata ainda que no início do atendimento a Dimitria, o hospital tratou a paciente muito bem, mas com o passar do tempo a situação mudou. “Quando descobriram que o valor do seguro dela não iria cobrir o tratamento, o hospital começou a tentar insistentemente trazê-la para o Brasil”, contou.

Negociação
A mãe da jovem, que não quis falar com a reportagem, confirmou a parentes que na última semana tentou negociar com o hospital que a jovem ficasse mais 30 dias internada, mas que não obteve sucesso.

Logo após a negativa, ela procurou as autoridades brasileiras no país entre quinta (4) e sexta-feira (5) para obter orientação se o traslado poderia ser feito, mas não obteve retorno. A dívida com a unidade hospitalar estaria na casa dos US$ 4 milhões.

Evandro Luiz Assis, padrastro de Dimitria, acredita que uma sucessão de falhas culminou na morte da enteada. “Eu acredito que essa morte poderia ter sido evitada. Não tinha UTI móvel no avião e só uma enfermeira fez o acompanhamento”, revelou.

O noivo de Dimitria e a mãe da jovem também estavam na aeronave. Assis acredita que a recuperação de Dimitria seria uma questão de tempo. “Se não tivesse esse transporte da Dimitria, a recuperação seria questão de tempo, porque o pior já tinha passado”, disse.

Outro lado
G1 entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores e foi informado que uma funcionária do Consulado Brasileiro em Miami foi até o hospital onde Dimitria estava internada, no dia 12 de abril, e teria orientado a família quanto a dívida da internação.

Segundo o Itamaraty, a família foi orientada a escrever uma carta para administração do hospital relatando a dificuldade em arcar com o tratamento e procurar a assessoria jurídica do Consulado. Ainda de acordo com o governo brasileiro, nenhum outro registro foi feito depois desse contato.

O Ministério das Relações Exteriores afirmou ainda que não há dispositivos legais para que as autoridades brasileiros arquem com altos valores financeiros para os turistas que estejam no país norte-americano.

A jovem Dimitria em um dos cartazes que estavam no velório. (Foto: Suellen Fernandes/G1)A jovem Dimitria em um dos cartazes que estavam
no velório. (Foto: Suellen Fernandes/G1)

Entenda o caso
Dimitria Rocha Carvalho estudava Engenharia Mecânica na Universidade de Taubaté (Unitau) e desde março do ano passado estava em Pompano Beach, na Florida, onde foi morar com namorado para estudar inglês por um ano e meio.

Quase um ano depois da chegada ao país, no dia 24 de janeiro de 2012, ela se envolveu em um acidente de trânsito.

A moto que pilotava bateu de frente com um carro e teve a veia cava perfurada, lesão nos tendões dos dois braços, danos no fígado e no baço, além de uma fratura no fêmur. A jovem passou três meses na UTI e sofreu 11 intervenções cirúrgicas.

Ela apresentava evolução no quadro de saúde, mas durante a recuperação sofreu uma parada cardiorrespiratória no quarto, teve de ser reanimada e voltou para a UTI do hospital. Após a reabilitação, a família teria sido convencida a trazê-la de volta ao Brasil em um avião adaptado com UTI e que viria diretamente para São Paulo.

Porém, segundo a família, um jatinho improvisado foi usado para fazer o transporte e teria que fazer três paradas para abastecimento. Na primeira escala em Manaus, na última terça-feira (9), Dimitria não resistiu e morreu.

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