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Jéssica Andrade revela motivação para dar revanche a Namajunas: “Muita gente falou que foi sorte”

Por Evelyn Rodrigues — Las Vegas, EUA

Ex-campeã peso-palha do Ultimate, Jéssica Andrade volta ao octógono neste sábado no UFC 251, na Ilha da Luta, em Abu Dhabi, para encarar Rose Namajunas. Elas deveriam se enfrentar no dia 18 de abril, mas a americana saiu do card dias antes, por conta da morte de dois parentes, vítimas do covid-19, e o evento, logo depois, acabou cancelado pelo UFC por conta da pandemia.

Jéssica Andrade — Foto: Reprodução

Jéssica Andrade — Foto: Reprodução

Com o duelo remarcado, Jéssica contou ao Combate.com como foi sua preparação e garante que chegará bem preparada para o confronto.

– Nesse meio-tempo de voltar pra casa, pensei, “Vou pelo menos fazer um pouco da minha alegria, né”. Comi, me satisfiz, entrei na fase do coronavírus que todo mundo tava, de só comer e ficar deitado (risos). Aí, dei uma recuperada, foi quando o UFC realmente marcou a luta de verdade, falou que ia ter, foi no momento que eu vi a primeira luta do UFC acontecer. E deu tudo certo, venho treinando bem, acho que desta vez a galera vai ver uma Jéssica diferente, que movimenta mais, que sai do raio de ação da lutadora, que acerta mais, que apanha menos… Acho que vai ser bem legal esta luta.

Acostumada a lutar com arenas cheias no UFC, a brasileira conta como imagina o combate acontecendo sem a presença do público.

– Eu imagino que seja tipo um treino de sparring na academia do adversário onde não tem ninguém. Mais ou menos isso. A gente faz muito isso, de ir para a academia dos outros, fazer sparring com meninas diferentes, então para mim vai ser a mesma coisa. É meio chato você não escutar a galera gritando, a vibração, aquela energia, mas a gente imagina que está todo mundo ali, comemora no final, e está tudo bom.

Jéssica conquistou seu cinturão justamente em um combate contra Rose Namajunas, no UFC 237, em maio do ano passado, no Rio de Janeiro, quando nocauteou a americana após aplicar um bate-estaca. A lutadora conta que enfrentá-la novamente terá um sabor especial.

– Lutar com a Rose de novo, pra mim, vai ser muito importante, até porque muita gente falou que tinha sido sorte. Tudo que eu faço dentro do octógono, eu me preparei bastante pra isso. Não é porque eu tomo muita porrada na cara que eu sou ruim. Não sou ruim! É o meu jeito de lutar. Eu gosto de apanhar um pouco pra eu sentir raiva e bater na pessoa! (Risos) Como é que eu vou cortar a cabeça da pessoa se eu não tiver raiva dela? Tenho uma admiração muito grande pela Rose, um respeito muito grande, quando ela ganhou o cinturão eu torci demais por ela, e ela me deu a oportunidade de lutar no Brasil disputando o cinturão, colocando o cinturão dela em jogo. Acho que ela teve mais tempo de se preparar, para estar pronta para esta luta, para melhorar em todos os quesitos, sei que ela vem trabalhando muito a defesa de queda, muita finalização mesmo quando já está em cima, porque muitas meninas, quando você tira do chão, já perdem o caminho. A Rose não, ela sempre acha um caminho para tentar uma finalização, quando cair no chão se virar e levantar. Então uma coisa que eu venho treinando muito é em trocar as minhas quedas, então vai ter quedas muito diferentes.

– Estou indo preparada para tudo: para uma nova Rose, para uma Rose antiga, para tudo que ela tiver para oferecer. Quem sabe não sai até um chute na cabeça?

Jessica venceu Namanjunas no UFC 237 com um nocaute fortíssimo — Foto: André Durão

Jessica venceu Namanjunas no UFC 237 com um nocaute fortíssimo — Foto: André Durão

Apesar de vitoriosa no primeiro encontro entre elas, Jéssica demonstra total respeito pela oponente, e aponta as armas mais perigosas que terá que lidar no sábado.

– Acho que essa coisa das finalizações. Ela é muito boa nas finalizações, ela é uma adversária perigosa, você não sabe o que esperar quando está com ela no chão, ela é muito versátil e muito rápida nesse quesito. Acredito que quando eu entrar em queda e botar para baixo, eu já tenho que cair de guarda passada, na meia-guarda, ou já direto no 100kg no ground and pound para acabar a luta logo. Se cair por cima no 100kg, vai ser difícil ela sair dali, viu? As gordinhas aqui em casa com 75kg estão achando difícil, imagina ela que vai estar só com 52kg!

Depois de enfrentar Namajunas, a brasileira iniciará um novo rumo em sua carreira. Ao lado de seu mestre, Gilliard Paraná, ela se mudará para Las Vegas, que irá receber uma filial da equipe PRVT.

– Já vai ser a mudança, já estou com a casa tudo certo. Como o UFC vai nos deixar até o dia 19 em Abu Dhabi, acredito que vai dar o tempo certo que é permitido para a gente ir para Las Vegas, e nosso pensamento era esse, sair da luta e já ir direto para Vegas. Para mim, vai ser ótimo. Já vou ficar, já vou meter o inglês, já vou falar com o Dana (White), falar com a galera toda, “Me bota pra lutar!”. Vou sair da minha zona de conforto, buscar um horizonte diferente, costumes diferentes, pessoas diferentes, treinamento diferente. Querendo ou não, a estrutura é melhor. Vai o Mestre Paraná comigo, então o treino vai ser o mesmo, só que com mais qualidade. Acho que pra mim vai ser muito bom. Eu tenho que mudar tudo, eu tenho que fazer essa confusão na minha vida para poder crescer mais, pro céu ser o limite e eu tornar uma melhor lutadora tanto pra organização quanto pra mim mesma.

Três meses após vencer Namajunas e conquistar o cinturão, Jéssica acabou desbancada por Weili Zhang, perdendo seu título. A brasileira contou que o revés pode lhe ajudar bastante no prosseguimento de sua carreira.

– Acho que eu preciso perder às vezes, pra voltar a ser essa Jéssica confiante, guerreira, que não tem medo de nada! Quando eu fui lutar com Weili Zhang, eu entrei com medo. Eu entrei pensando, “Meu Deus do céu, essa luta vai ser muito difícil, a última todo mundo falou que foi sorte”. Eu entrei com esse pensamento e não com o pensamento que tenho hoje, de “cara, vou entrar lá e arregaçar a boca do balão!” E seja o que Deus quiser. Vou dar meu melhor, vou arrebentar, ela pode até me bater, mas eu também vou bater nela! E eu tinha perdido isso, essa essência de lutar com alegria, com felicidade de estar ali. Eu estava lutando com medo, com ansiedade, com preocupação, e a luta não é isso. Não existe preocupação, tem que ser entrega. Você tem que entrar lá dentro, se entregar e dar seu melhor, que vai dar tudo certo. Acho que às vezes preciso de uma derrota para recobrar a consciência e falar, “Eu sou sinistra, tenho que dar meu melhor lá dentro, ninguém vai me derrubar fácil não.” Acho que pra essa luta, vai ser uma Jéssica diferente.

– Até a música de entrada vai ser diferente. Pedi para o mestre, ele deixou eu entrar com uma música diferente, vou entrar com aquela música, “I’m Still Standing”, do Elton John. Porque quando eu perdi a luta e o cinturão, eu fiquei muito para baixo, muito triste, e toda vez que eu me sentia triste, eu escutava essa música. Até assisti ao filme dele e deu pra ver que esta música foi a redenção da vida dele, pra ele se reerguer e voltar melhor. Toda vez que eu escuto a música, eu penso que essa música foi feita para mim. Eu escutava a música e me sentia super bem, pensava, “Eu vou voltar, eu vou vencer, eu vou ser campeã”, e contei a história para o mestre e ele disse que podia mudar. A música diz tudo: eu ainda estou de pé, me sentindo melhor que um garotinho.

Combate transmite o UFC 251 ao vivo e com exclusividade neste sábado a partir de 18h30 (horário de Brasília). As duas primeiras lutas do card preliminar passam ao vivo no SporTV 2 e no Combate.com; o site acompanha o torneio em Tempo Real. Confira o card completo:

UFC 251
11 de julho de 2020, na Ilha da Luta, em Abu Dhabi
CARD PRINCIPAL (23h, horário de Brasília):
Peso-meio-médio: Kamaru Usman x Jorge Masvidal
Peso-pena: Alexander Volkanovski x Max Holloway
Peso-galo: Petr Yan x José Aldo
Peso-palha: Jéssica Bate-Estaca x Rose Namajunas
Peso-mosca: Amanda Ribas x Paige VanZant
CARD PRELIMINAR (19h, horário de Brasília):
Peso-meio-pesado: Volkan Oezdemir x Jiri Prochazka
Peso-meio-médio: Elizeu Capoeira x Muslim Salikhov
Peso-pena: Makwan Amirkhani x Danny Henry
Peso-leve: Léo Santos x Roman Bogatov
Peso-pesado: Marcin Tybura x Maxim Grishin
Peso-mosca: Raulian Paiva x Zhalgas Zhumagulov
Peso-galo: Karol Rosa x Vanessa Melo
Peso-galo: Martin Day x Davey Grant

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