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Holloway diz ter superado depressão antes do UFC 231: “Meu filho foi minha grande ajuda”

Por Camilo Pinheiro Machado, Marcelo Russio e Raphael Marinho — Toronto, Canadá

Marcelo Russio

O ano de 2018 não está sendo fácil para Max Holloway. Campeão peso-pena do Ultimate, o havaiano ainda não conseguiu pisar no octógono desde que nocauteou José Aldo pela segunda vez, em dezembro de 2017. Foram três tentativas. Em março, uma lesão na perna o tirou do confronto contra Frankie Edgar. No mês seguinte foi escalado para atuar na divisão de cima, contra o campeão Khabib Nurmagomedov, mas teve problemas com o corte de peso na semana do duelo e foi retirado do combate. Na última vez, em julho, sintomas de concussão o fizeram ser vetado, também dias antes de enfrentar Brian Ortega.

Tantos problemas fizeram o Abençoado, como é conhecido, a entrar em um quadro de depressão. Em entrevista sincera ao Combate.com, ele explicou as dificuldades enfrentadas e disse ter encontrado força para sair desta situação graças a seu filho, Rush, de 6 anos, que é sua maior motivação para a luta principal do UFC 231, contra o próprio Ortega, neste sábado, em Toronto (CAN).

Eu tive depressão. Depressão é algo real. Não sabia disso antes de ter depressão. Pensava: isso não existe, não é nada. Mas é muito real. É duro, e quero encorajar a todos para falar sobre isso quando está sofrendo. E ter a certeza de que a única pessoa que pode te tirar dessa é você mesmo. Abençoe-se, e não tenha medo de procurar ajuda. Amigos, família, eles estão lá por você. Não se ache errado. Por mais que te achem um super-herói, temos que lidar com isso em algum momento. Isso tudo também tem um lado bonito, porque as pessoas estão dispostas a te ajudar. É uma questão de grupo. Tenho uma equipe que me assiste e torce por mim por 25 minutos a cada luta no octógono, mas lutas não são vencidas no octógono, lutas são vencidas na academia, com seu time, nos seus treinos e preparação. E tenho o suporte da minha equipe, da minha família e amigos. Você precisa se ajudar antes e assim procurar ajuda nos outros. Minha grande ajuda veio pelo meu filho. Não queria falar com ninguém. Todos me ligavam e eu não atendia. E meu filho estava comigo, em casa, o tempo inteiro. É uma benção tê-lo por perto.

A saudade de voltar ao cage é grande e a animação parece ainda maior. Depois de passar por uma bateria de exames desde julho, Holloway declarou que não foi detectada qualquer concussão e que seus sintomas também não foram decorrentes do corte de peso. Apesar disso, contou que ainda é investigado o que ele teve, mas não revelou que medidas foram tomadas para que ele chegue bem na hora da luta.

– Estou muito bem. Mal posso esperar. Estou há um ano querendo viver de novo a benção de uma luta. Eu amo aqui. E muita gente não tem ideia de como é a vida de um campeão. Nas duas últimas semanas tive muito tempo com a imprensa, Nesta semana acordei muito cedo, voei para Nova York para uma entrevista coletiva, e no outro dia fui para o jogo dos Raptors, onde também tive compromissos com a mídia, dei uma volta sexta-feira, sábado e aí todos quase tiveram um ataque do coração porque fiz snowboard no domingo. Eu fiz! Não sou excelente, mas posso fazer snowboard, e tive um excelente momento, esse período fez minha equipe ficar mais unida. Estou muito feliz só por estar aqui, de volta a uma semana de luta, que eu chamo de semana curta, ou semana abençoada, mal posso esperar. Está tudo indo muito bem com minha preparação. Da última vez, não sei o que aconteceu. Essas coisas acontecem, olhe para mim, estou mais do que pronto.

Segundo o campeão, seu confronto contra Ortega será a antecipação do Natal e em uma cidade que ele nutre carinho especial. Foi em Toronto que Holloway conquistou o título interino da divisão até 66kg, em 2012, quando bateu Anthony Pettis.

– Todos pensam que o Natal é no dia 25 de dezembro, mas o natal nesse ano vai ser no dia 8 de dezembro, dia da minha luta. Papai Noel vai chegar mais cedo. Ficaremos todos abençoados por uma luta abençoada. Da última vez, foi a mais difícil pra mim. As coisas são o que são. E são muitas coisas. E agora estou aqui, vamos nessa, vamos lutar! Eu sinto falta da caminhada para o octógono, sinto falta da torcida, e Toronto é tão bom comigo. Canadá, na verdade é tão legal para mim. Nós do Havaí chamamos Las Vegas de nossa nona ilha e chamei o Canadá de “nossa décima ilha”.

Max Holloway fez elogios a Ortega não apenas como lutador, mas também como pessoa, mas mostrou-se empolgado para o duelo, que tem sido muito esperado pelos fãs.

– Fiz para essa luta a mesma preparação de sempre. Essa é uma combinação louca de lutadores. É o tipo da luta que você senta ao lado do amigo e fala: “Quero ver esses caras lutando um contra o outro”. Estou animado demais para isso. Quero muito que acabe essa luta e vejam o que eu fiz nessa carreira. “Olha o que esse lutador já fez. Venceu também esse cara.” Eu lutaria contra qualquer um. Não interessa que é você. Quando você assina um contrato, não interessa. Eu lutaria contra a minha mãe. Diria para ela: “Desculpe, mãe, mas está no contrato. São 25 minutos de luta, temos que lutar.” Depois eu até a abraço (risos). São negócios. Ele é um cara legal, mas no fim do dia, é só uma luta. Ele fez algumas coisas legais na carreira dele, eu fiz também na minha, então a hora é agora. Todos querem que nós lutemos um contra o outro. É empolgante mesmo, mal posso esperar.

Para evitar que a luta do título dos penas fosse novamente cancelada por algum problema com Holloway ou Ortega, o Ultimate escalou Renato Moicano como substituto. O brasileiro terá que bater o peso na sexta-feira independente de lutar ou não, e o campeão acredita que seus caminhos irão se cruzar no futuro – mas não no UFC 231.

– Em algum momento eu e Moicano vamos nos encontrar. Ele tem a minha idade, já ganhou muitos caras bons, está na nova onda de lutadores. Eu não posso ficar bravo com Moicano por ele esperar lutar. Cada um faz seu trabalho. Eu farei o meu. Vou aparecer e lutar – prometeu, acrescentando ter ambições ainda maiores.

– Antes minha meta era ser campeão, agora minha meta é defender o cinturão. E agora meu objetivo é ser o melhor peso-por-peso do mundo. Se o UFC me disser que a melhor maneira de fazer isso é subindo de categoria, eu subo, se falarem para eu defender esse cinturão dez vezes, farei. Se falarem para eu lutar contra um urso panda, lutarei. Eu lutarei, quero ser o maior campeão peso-por peso do mundo – finalizou.

Combate transmite o UFC 231 ao vivo, na íntegra e com exclusividade no próximo sábado, dia 8 de dezembro, a partir de 21h (horário de Brasília). O SporTV 3 e o Combate.com transmitem as duas primeiras lutas do card preliminar em vídeo, e o site acompanha todo o evento em Tempo Real.

UFC 231
8 de dezembro de 2018, em Toronto (CAN)
CARD PRINCIPAL (1h, horário de Brasília):
Peso-pena: Max Holloway x Brian Ortega
Peso-mosca: Valentina Shevchenko x Joanna Jedrzejczyk
Peso-meio-pesado: Jimi Manuwa x Thiago Marreta
Peso-meio-médio: Alex Cowboy x Gunnar Nelson
Peso-pena: Hakeem Dawodu x Kyle Bochniak
CARD PRELIMINAR (21h, horário de Brasília):
Peso-palha: Cláudia Gadelha x Nina Ansaroff
Peso-mosca: Katlyn Chookagian x Jessica Eye
Peso-médio: Elias Theodorou x Eryk Anders
Peso-leve: Olivier Aubin-Mercier x Gilbert Durinho
Peso-meio-pesado: Devin Clark x Aleksandar Rakic
Peso-galo: Brad Katona x Matthew Lopez
Peso-meio-médio: Chad Laprise x Dhiego Lima

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