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Gilberto dedica seu gol e título do Fluminense a tio vítima do Covid-19: “Ele está olhando pela gente”

Por Thiago Lima — Rio de Janeiro

Herói do título do Fluminense na Taça Rio ao lado de Muriel, Gilberto deu entrevista coletiva após o treino pela manhã no CT Carlos Castilho. Autor do gol tricolor no empate por 1 a 1 que levou a decisão contra o Flamengo para os pênaltis, o lateral-direito dedicou a conquista para o seu tio Luiz Alberto, o “Seu Neném”, que foi uma das quase 70 mil vítimas do novo coronavírus no Brasil.

Em coletiva, Gilberto comenta a perda do tio para o coronavírus e fala da volta dos jogos

Em coletiva, Gilberto comenta a perda do tio para o coronavírus e fala da volta dos jogos

– Perdi meu tio em meio a essa pandemia, cara muito querido pela família, todos ficaram tristes. Era um cara muito alegre, dedico também a ele esse título, esse gol. Acredito muito em Deus, acho que ele está em um lugar especial, olhando pela gente e muito feliz com todas essas marcas que atingi nesses últimos jogos – afirmou o lateral, que comentou o sentimento de um título em meio à pandemia:

– Sentimento nesses jogos, particularmente falando, o que passava na cabeça era dúvida. Será que a gente está fazendo certo, será que é só o Rio está certo de voltar com os jogos agora? Se perguntam principalmente aquelas pessoas que perderam parentes, amigos… Esse é o maior sentimento que tive de diferente.

Gilberto lamentou a morte de um tio pelo coronavírus em maio — Foto: Reprodução

Gilberto lamentou a morte de um tio pelo coronavírus em maio — Foto: Reprodução

Desde 2018 no Fluminense, Gilberto também comemorou ter atingido pela primeira vez a marca de 100 jogos por um clube – a final da Taça Rio foi sua partida de número 101 com a camisa tricolor. Apesar de ter sido revelado pelo Botafogo, o lateral considera que as Laranjeiras virou a sua casa:

– Foi uma marca muito importante na minha carreira, não é fácil para qualquer um ficar tanto tempo em um clube. Com certeza se tornou, sim, a minha casa. Sempre deixou claro, nunca deixei de expressar, a minha gratidão pelo Botafogo. Apesar de ser um rival, fui criado ali e tenho muita gratidão. Mas hoje o Fluminense se tornou realmente a minha casa, fico muito feliz de estar aqui, de completar essa marca, ter feito esse gol, ter conquistado esse título.

Melhores momentos: Fluminense 1 (3)x(2) 1 Flamengo na final da Taça Rio

Confira outras respostas da coletiva:

POST SOBRE VOLTA POR CIMA NO INSTAGRAM

– Essa postagem é um trecho de uma música, “Muleque de Vila”, do Projota. A música é uma das coisas em que me apego muito para ter foco, tem relação com tudo na vida. Tem alguns trechos de musica que me motivam, e esse é um, é bem relacionado com tudo aquilo que já vivi no Fluminense. Nunca reclamei de ser vaiado, de ser cobrado, acho que são coisas que vêm junto com os benefícios que o futebol te dá. Não reclamo, procuro sempre ser grato. E foi isso, essa é uma música que me identifiquei muito e achei que fazia sentido postar naquele momento.

FAVORITISMO DO FLAMENGO

– É realidade, não incomoda a gente. Futebol é feito de fases, o Fluminense já viveu essa fase de ser favorito em clássicos. Realmente essa fase que eles viveram no ano passado é boa, a gente reconhece. Isso aí não me incomoda. Fato que incomoda às vezes é que você pode elogiar um adversário sem menosprezar o outro. De maneira alguma pode se desprezar, ainda mais se tratando de clássico. O Fluminense é muito grande, tem uma história bonita no futebol. A motivação é a mesma, independentemente do favoritismo que o Flamengo tem nesses últimos anos.

PROVOCAÇÕES EM CAMPO

– Esse fato com Diego e Rafinha não foi comigo, acho que nem estava mais no campo. Acho que provocação faz parte do futebol, acontece em campo, sempre tem discussão, os dois times querem ganhar. Minha opinião é que a essência da vida é a humildade, se não passar disso pode falar o que quiser, eu não ligo.

FLUMINENSE FOI MENOSPREZADO?

– Menosprezo que falo é que recebi mensagens, videos de pessoas dizendo que teria sorte se perdesse de pouco, se não fosse goleado. Esse tipo de coisa que cito como menosprezar a equipe. O Fluminense tem história linda, quem duvida que o Fluminense possa ganhar qualquer jogo deve ter nascido depois de 2009. Um time que tinha 99% de chances de ser rebaixado e fazer o que fez é uma história maravilhosa de ser contada. Como a desse último jogo, por ter voltado a treinar depois, por tudo que envolveu, as brigas externas…

DECLARAÇÃO DE JORGE JESUS

– Discordo (que o Fluminense entrou para perder de pouco). Tem que respeitar o trabalho do Odair, que apesar de ser novo é muito inteligente, dedicado. Foi montada uma estratégia, a gente conversou muito, mesmo com o pouco tempo treinou bastante. Os jogadores de frente se dedicando bastante na marcação e saindo nos contra-ataque. Tivemos algumas chances comigo, Yago, Marcos Paulo, que poderia ter tocado para o Nenê… A gente entrou para vencer e nós conseguimos o título.

Gilberto marcou o gol que garantiu o empate no último Fla-Flu — Foto: André Durão

Gilberto marcou o gol que garantiu o empate no último Fla-Flu — Foto: André Durão

FAVORITISMO MENOR DO RIVAL AGORA?

– Eu ainda manteria o favoritismo do lado deles, porém, com mais respeito. Colocaria que o Flamengo ganhou a Taça Guanabara, o Fluminense, a Taça Rio, mas continuam favoritos pelo que construíram esse tempo atrás. Mas com respeito após esse título.

PROBLEMAS EXTRA-CAMPO NO CARIOCA

– A gente fica triste, eu que sou nascido aqui gosto muito do Carioca. Ficamos tristes pela falta de organização, por tudo que aconteceu. Um quer uma coisa, o outro quer outra, e não respeita a decisão que um clube toma. Fico triste por isso, mas a gente tem que estar focado dentro de campo, deixar que as pessoas resolvam no extra-campo.

EVOLUÇÃO DEFENSIVA

– O Odair conversou bastante comigo, que ia aproveitar bastante minhas funções ofensivas, onde me saio melhor, mas me ajudar muito a melhorar a parte defensiva. Ele e toda comissão estão sempre me mostrando videos, coisas em que posso melhorar, e eu estou sempre atento para melhorar essa parte defensiva e continuar ajudando a equipe no ataque.

MENOS GOLS APÓS PARALISAÇÃO

– Antes da parada o time fazia muitos gols, mas é difícil fazer uma comparação com nosso time antes da pandemia. Temos muito pouco tempo para treinar, muita coisa aconteceu. O que eu falo com todo mundo que tem chance de finalizar é que procuro cobrar entrega em tudo que eu tiver que fazer. Faz com o dobro de vontade que tiver. A parte técnica é treinamento e repetição, tivemos pouco tempo para fazer isso.

SITUAÇÃO FÍSICA DO ELENCO

– Jogador que terminar o Carioca sem lesão muscular agora é um privilegiado e abençoado. É muito complicado. A gente viajou para Saquarema, jogou jogos difíceis contra os times considerados de menor investimento, mas que também dão trabalho. Tivemos pouco tempo para treinar. Agora são jogos grandes que além da parte física mexe também com a parte psicológica, tudo isso influencia. Quem sair inteiro fisicamente é privilegiado.

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