Perante aos olhos da mãe, do pai, esposa, irmão e amigos, camisa 1 da Seleção deixa Arena campo como protagonista. Goleiro pegou pênalti na cobrança de Gustavo Gómez
Por Diego Guichard, Eduardo Deconto, Eduardo Moura, Roberto Azambuja, Alexandre Lozetti, Raphael Zarko — Porto Alegre
Para o torcedor brasileiro assistir uma disputa de pênaltis é sinônimo de tensão, nervosismo e ou quem sabe até oração. Agora, imagine a mesma cena, mas para um pai, uma mãe, para a esposa do goleiro em questão, cujo laços de sangue ampliam ainda mais esse sentimento. Na noite desta quinta-feira, a família em peso de Alisson assistiu a vitória sofrida da Seleção perante ao Paraguai nos pênaltis, após um empate em 0 a 0 no tempo normal – o resultado carimbou vaga para as semifinais da Copa América.
Ao final do jogo, Alisson correu emocionado para a arquibancada inferior. Encontrou carinho nos braços da mãe, Magali, do pai, seu José, da esposa Natália, do irmão e também goleiro Muriel e de muitos outros amigos presentes. Ingressou no vestiário eufórico com o feito. Ali, exorcizava a “maldição” das quartas de final contra o Paraguai e, de quebra, ainda tinha o nome gritado na casa do rival do Inter – a Arena do Grêmio.
– Foi muita emoção, mesmo, com a família toda reunida, em Porto Alegre. Não esperei que fosse para os pênaltis, mas graças a Deus, ele foi superbem – valoriza Magali, para completar. – É fruto de todo trabalho dele, todo envolvimento. Tivemos uma parte nisso desde a infância, mas o mais forte foi o esforço dele e tudo o que fez para chegar onde está.
Alisson família Muriel Brasil Arena — Foto: Diego Guichard / GloboEsporte.com
Esposa do goleiro, Natália Loewe Becker também se mostrava aliviada ao final da partida. Pra ela, assistir ao marido defender uma nação inteira é um orgulho. A emoção dela se multiplica por três, se for levar em conta os dois filhos do goleiro: Helena e Matteo.
Aliás, Natália recém teve o segundo filho. Há duas semanas, Alisson foi liberado para deixar a delegação da Seleção e acompanhar o parto. Voltou a tempo de defender o time contra a Bolívia, no Morumbi.
– É sempre uma emoção acompanhar a seleção brasileira, mas em Porto Alegre é ainda mais especial. Perto da família, se sentindo quase em casa. Os dois filhos ficaram em casa, mas a mamãe veio dar uma espiada no papai. Essa Copa América é nossa, se Deus quiser – sorri Natália.
Geração de goleiros
Pai Mãe Alisson Arena Brasil — Foto: Diego Guichard / GloboEsporte.com
As luvas estão no sangue da família Becker. O bisavô do goleiro da Seleção, Oscar, foi o primeiro defender uma meta. O pai, seu José, também tinha apreço por defesas – adorava “movimentos malucos”, segundo a família. Tanto é que ele, por sua vez, gosta de ver uma decisão por pênaltis.
– Eu gosto de ver meus filhos em pênaltis, tenho plena confiança neles. Mas dá muita emoção também – conta o pai.
Formado nas categorias de base do Inter, assim como Alisson, Muriel é outro que gosta de ver o irmão em penalidades, tamanha a confiança que tem no arqueiro da Seleção e do Liverpool.
– Acho que a maioria dos goleiros acaba até torcendo para ir para os pênaltis. Claro que quando é com a família, ficamos um pouquinho mais nervosos. Mas o Alisson, com a experiência que tem, o que conquistou, passa muita tranquilidade para nós. Dá um gostinho ainda melhor, a comemoração vai ser ainda maior agora, ainda mais com a família unida aqui – vibra Muriel, que atua no Belenenses.
Protagonista na hora certa
Alisson voa para defender contra o Paraguai — Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital
Alisson foi praticamente um espectador nos 90 minutos de jogo. Mas o protagonismo do camisa 1 da Seleção estava reservado para as cobranças de pênalti, ao qual defendeu a batida do palmeirense Gustavo Gómez e acabou como fundamental na classificação.
Agora, o Brasil aguarda o vencedor de Venezuela e Argentina – equipes que se enfrentam nesta sexta-feira. O próximo jogo da Seleção será disputado na terça-feira, no Mineirão. E se o time de Tite precisar ir para as penalidades, não tem problema. Alisson está aí.