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Dos Anjos promete puxar ritmo da luta com Kevin Lee e aposta em finalização para voltar a vencer

Por Raphael Marinho — Rio de Janeiro

Rafael dos Anjos faz a luta principal do UFC Rochester contra Kevin Lee — Foto: Reprodução / CombateRafael dos Anjos faz a luta principal do UFC Rochester contra Kevin Lee — Foto: Reprodução / Combate

Rafael dos Anjos faz a luta principal do UFC Rochester contra Kevin Lee — Foto: Reprodução / Combate

Rafael dos Anjos faz a luta principal do UFC Rochester, no estado americano de Nova York, no sábado, contra Kevin Lee, e em entrevista ao Combate fez a sua projeção para o confronto, recepcionando o peso-leve (até 70kg) na divisão de cima. O brasileiro, que perdeu suas duas últimas lutas, não esconde que seu maior desejo é voltar a vencer, independentemente de onde o adversário possa o levar na organização. E ainda aposta numa finalização, o que não acontece desde setembro de 2017.

– Vitória. Vou botar aí uma finalização. Estou precisando finalizar. Não finalizo há anos, acho que uma finalização seria linda lá para o segundo ou terceiro round (…). Uma vitória é sempre boa. Não vai me dar projeção alguma na categoria, estou em terceiro no ranking. Tentei dar uma esquecida no ranking um pouco, mas uma vitória é sempre boa para te dar uma motivada. Minha última vitória foi em dezembro de 2017, ou seja, tem quase um ano e meio. Estou querendo ganhar, é o principal motivo (de aceitar a luta).

Morando em Newport Beach, na Califórnia, e treinando na RVCA, Dos Anjos destacou que apesar de ter feito um camp menor do que de costume, a sensação é de que tudo foi melhor desta vez.

– O treino foi ótimo. Pela primeira vez peguei um camp mais curto, que foi muito bom para mim. Assinei a luta faltando sete semanas, e duas semanas atrás já estava me sentindo bem para lutar. Não foi uma coisa muito cansativa mentalmente. Às vezes você pega um camp de 12 semanas e no final já não está mais aguentando, com cansaço mental, e esse foi ótimo.

Esta será a sexta luta do brasileiro no meio-médio (até 77kg), enquanto Kevin Lee fará sua estreia na categoria. O ex-campeão dos leves acredita que fica em vantagem para o confronto de sábado.

– A gente sempre tem que ser positivo. É uma luta dura, mas acho que será minha. O casamento é bom, é uma luta de cinco rounds, e sei que quando você faz a mudança de peso como fiz é mais tranquilo no corpo, é menos sacrificante não ter que perder esses sete quilos extras, mas por outro lado demora um tempo para você fazer o ajuste, e eu já estou ajustado. Lembro que na primeira luta (no meio-médio), com o Saffiedine, cansei bastante, porque acaba que você está carregando sete quilos a mais, mas eu já estou com o ajuste feito. Vou puxar o ritmo da luta e acredito que sairei com a vitória.

Antes de fechar a luta com Kevin Lee, Rafael dos Anjos conta que teve dificuldades para fechar luta. Atual terceiro colocado no ranking meio-médio, ele queria enfrentar Santiago Ponzinibbio, que o desafiou, mas Dos Anjos acredita que o UFC retaliou o argentino e vetou a luta.

– Dei uma desligada um pouco do ranking e comecei a pensar em lutas que fariam sentido. O Kevin Lee apareceu e eu nem esperava, estávamos tentando outros nomes. Tentamos o Ponzinibbio, mas ele não aceitou lutar contra o Darren Till em Londres e, acho que numa retaliação do UFC, avisaram que não dariam ninguém melhor ranqueado que ele. No caso, estou melhor ranqueado que ele, e o UFC avisou que não daria essa luta por mais que eu estivesse pedindo. A gente tentou trabalhar com o Masvidal e ele já estava com o Ben Aksren. E aí as opções já estavam acabando com o pessoal do ranking quando vieram com uma notícia de que o Nick Diaz faria o retorno, e talvez estivesse interessado numa luta comigo. A gente começou a trabalhar nisso e acabou que o Nick Diaz também não pegou por uma situação que não sei qual foi. E apareceu o Kevin Lee, e falei: “o cara está subindo, não vai ter a vantagem do tamanho, a gente vai estar ali parelho no tamanho. Vai ser esse cara mesmo”. Estou com um bebê de sete meses em casa, estou em forma, e não vou ficar sentado olhando para a parede esperando a luta perfeita cair do céu. Mas acho que é uma luta boa, é um cara duro, um cara bom para me testar, e chegar lá e fazer o meu trabalho.

Rafael dos Anjos receberá no meio-médio o peso-leve Kevin Lee — Foto: ArteRafael dos Anjos receberá no meio-médio o peso-leve Kevin Lee — Foto: Arte

Rafael dos Anjos receberá no meio-médio o peso-leve Kevin Lee — Foto: Arte

O brasileiro de 34 anos, dono de um cartel com 28 vitórias e 11 derrotas, sabe que Kevin Lee costuma imprimir uma blitz no início de suas lutas, mas garante estar pronto. E prometeu encerrar o combate antes do quinto round se tiver oportunidade.

– É um cara duro, bom wrestler, tem um jiu-jítsu bom, tem uma trocação boa, é atlético e forte. Sei que ele vai vir forte nos primeiros rounds, no primeiro ou segundo sabemos que ele vai vir com tudo, mas é aquilo: “vem quente que eu estou fervendo”. Também vou estar ali na minha pressão e pronto para fazer cinco rounds. Acho que na distância a vantagem vai ser minha, mas a intenção não é essa, não é fazer hora extra no octógono, é chegar lá e fazer o mais rápido possível, mas se tiver oportunidade na paciência, na tranquilidade e na experiência.

Faixa-preta no jiu-jítsu, Rafael dos Anjos citou a vitória mais recente de Kevin Lee para falar do próprio jogo. O americano venceu Edson Barboza de forma dominante em luta que culminou numa finalização no quinto round, em abril de 2018. Depois disso, perdeu para Al Iaquinta em dezembro. Na sequência, Dos Anjos avaliou as próprias derrotas nas últimas lutas.

– Tenho minha bagagem no jiu-jítsu, sou um cara que vou dar mais trabalho para ele no chão. Ali tenho ataque de pescoço, ataque de braço, acho que vai ser difícil… O Edson tentou ficar mais em pé, cair e ficar em pé, e isso facilita para o outro cara. Tenho ataques, tenho guilhotina, tenho meus ataques ali de braço, e acredito que tenha mais recursos no chão que o Edson. Apesar de ele ser um lutador muito bom em pé, acredito que tenho mais recursos no chão, e estou pronto para puxar o gás nessa luta. Nas últimas duas lutas, a com o Colby foi parelha, no quinto round acho que estava 2 a 2 e consegui ainda derrubá-lo bem, mas a minha orelha me atrapalhou muito. E o Usman é muito forte, um cara grande, e não era meu dia também. E o Colby, na verdade, acho que me deu uma ou duas quedas na luta, de ficar por cima mesmo no ground and pound, e no resto todas eu saí, inclusive o derrubei também. O que aconteceu é que ele conseguiu me segurar mais na grade, me prender pela diferença de tamanho, estava maior que eu e mais forte. Mas acho que o Kevin Lee não vai ter tanta diferença de tamanho.

Última vitória de Rafael dos Anjos foi em dezembro de 2017, ao bater Robbie Lawler no UFC Winnipeg — Foto: Josh Hedges/UFC WinnipegÚltima vitória de Rafael dos Anjos foi em dezembro de 2017, ao bater Robbie Lawler no UFC Winnipeg — Foto: Josh Hedges/UFC Winnipeg

Última vitória de Rafael dos Anjos foi em dezembro de 2017, ao bater Robbie Lawler no UFC Winnipeg — Foto: Josh Hedges/UFC Winnipeg

Com os resultados recentes, Dos Anjos admite que luta pressionado, mas lembra que já esteve nessa situação – com duas derrotas seguidas – em outras duas oportunidades e se recuperou na sequência.

– É difícil não se pressionar, sou um cara competitivo e tenho história dentro do UFC. Para mim não é chegar ali e fazer uma luta e seja o que Deus quiser. Não é isso. Sou um cara que treina, não sento em casa e fico de bobeira esperando que a vitória caia do céu sem eu ter feito nada. Me esforcei bastante, sempre estou treinado, vivo uma vida regrada. Quero ganhar. Como você mesmo disse, nas minhas duas primeiras lutas no UFC perdi, ou seja, uma pressão terrível de poder ser cortado, e depois ganhei na terceira. Nas minhas últimas lutas nos leves perdi o cinturão e depois perdi mais uma antes de fazer a mudança de categoria, e depois emendei vitórias. Estou nessa mesma fase agora, sei que as coisas no final dão certo, e estou positivo. Mais uma luta, uma luta dura, mas sei que já estive nessa situação outras duas vezes e dei a volta por cima. Estou com 34 anos, acho que é minha 28ª aparição no UFC [na verdade é a 27ª luta no UFC], e a 40ª na carreira, mas estou na minha melhor fase e forma física. Aos 34 anos estou com força, estou bem, não tenho nada sério de lesão, me cuido, e estou pronto para a luta e para mais alguns anos forte ainda.

Com cinturão conquistado no UFC e uma carreira longa e vitoriosa, muitos podiam apontar que o fim está próximo para Rafael dos Anjos. Aos 34 anos, ele promete queimar muita lenha ainda.

– Sempre falo: se eu não acreditar que vá ser campeão, que possa chegar, será minha hora de parar. Se eu começar a pensar que não vai dar mais… Luto para ser o melhor porque quero conquistar alguma coisa. No momento certo a oportunidade aparecer, vou estar pronto, a vida é feita de oportunidades. Nem sempre o melhor é o campeão, nem sempre o mais preparado é o campeão. É tudo a questão de estar preparado na oportunidade. Sei que não sou o mais talentoso, não sou o maior, o mais forte, o mais bonito (risos), mas sei que na hora que a oportunidade aparecer vou estar pronto.

Serviço do UFC Rochester

A transmissão do Combate no sábado começa a partir de 17h30 (de Brasília), com o início das lutas às 18h. As duas primeiras do card preliminar também terão exibição ao vivo do SporTV 3 e Combate.com – que também acompanha em tempo real todo o UFC Rochester.

UFC Rochester
18 de maio de 2019, em Nova York (EUA)
CARD PRINCIPAL (21h, horário de Brasília):
Peso-meio-médio: Rafael dos Anjos x Kevin Lee
Peso-médio: Antônio Cara de Sapato x Ian Heinisch
Peso-galo: Aspen Ladd x Sijara Eubanks
Peso-meio-médio: Vicente Luque x Derrick Krantz
Peso-leve: Charles do Bronx x Nik Lentz
Peso-leve: Davi Ramos x Austin Hubbard
CARD PRELIMINAR (18h, horário de Brasília):
Peso-pena: Megan Anderson x Felicia Spencer
Peso-pena: Mike Trizano x Grant Dawson
Peso-leve: Desmond Green x Charles Jourdain
Peso-meio-pesado: Patrick Cummins x Ed Herman
Peso-meio-médio: Danny Roberts x Michel Pereira
Peso-médio: Zak Cummings x Trevin Giles
Peso-pena: Julio Arce x Julian Erosa

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