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Da liderança ao jejum de quatro jogos sem vitória: cinco motivos da queda de produção do Vasco

Por Redação do ge — Rio de Janeiro

O Vasco de Ramon Menezes surpreendeu e empolgou a torcida no começo do Brasileirão. Ao assumir um time com cenário de terra arrasada, que culminou na saída de Abel Braga, o treinador deixou para trás a realidade de atuações ruins, apenas quatro vitórias em 14 jogos e sequer um gol marcado em clássicos disputados no Carioca.

A rápida implantação de uma forma de jogar, um esquema tático definido, uma defesa forte e a qualidade principalmente da dupla Benítez-Cano levaram o time de São Januário à liderança do Brasileirão – na terceira rodada, com um jogo a menos – e a reverter a vantagem do Goiás na terceira fase da Copa do Brasil. Porém, a queda de rendimento chegou.

Miranda e Carlinhos ficam cabisbaixos após eleiminação do Vasco na Copa do Brasil — Foto: André Durão

Miranda e Carlinhos ficam cabisbaixos após eleiminação do Vasco na Copa do Brasil — Foto: André Durão

Mesmo com uma partida a menos do que os principais adversários, o Vasco se mantém na parte de cima da tabela. É o quinto no campeonato nacional. Mas passou a oscilar, perdeu jogos para times da parte de baixo (Atlético-GO e Coritiba) e foi eliminado da Copa do Brasil para o Botafogo. Mais: contando as duas competições, vive um jejum de quatro duelos sem vitória, tendo marcado apenas um gol.

ge, então, aponta o que mudou. Veja cinco motivos que explicam a queda de rendimento do Vasco de Ramon.

Desfalques e desgaste físico

Era esperado que, dado o elenco curto, o Vasco fosse sofrer com a maratona de jogos em um calendário ainda mais apertado por conta da pandemia. Desde o começo do Brasileirão, por exemplo, o clube teve oito jogadores que testaram positivo para a Covid-19 – o total na temporada é de 27. O próprio Ramon foi diagnosticado com a doença.

Além disso, problemas musculares afastaram um total de sete atletas. Para evitar o aumento do número, alguns foram preservados. Resultado: Ramon não conseguiu repetir nenhuma vez a escalação nas 11 rodadas do Brasileirão.

O desgaste físico deixou o time mais lento e previsível. A marcação adiantada, uma marca no começo do trabalho, foi aos poucos deixada de lado.

Queda de rendimento de Pikachu e Bastos

Ramon estruturou a saída de bola do Vasco com três jogadores posicionados na defesa: Ricardo Graça e Leandro Castan (os zagueiros titulares) e Henrique, o lateral pela esquerda. A ideia foi adiantar Pikachu, que inclusive aparece no meio como elemento surpresa, o que abre o corredor para o atacante do lado direito.

Fellipe Bastos comemora gol do Vasco contra o Santos — Foto: MAURÍCIO DE SOUZA/DIÁRIO DO LITORAL/ESTADÃO CONTEÚDO

Fellipe Bastos comemora gol do Vasco contra o Santos — Foto: MAURÍCIO DE SOUZA/DIÁRIO DO LITORAL/ESTADÃO CONTEÚDO

Funcionou no começo. Agora, os adversários identificaram e passaram a marcar melhor. Além disso, Pikachu está em má fase técnica. Do atual elenco, ele é o artilheiro (38 gols) e quem mais deu assistências (20) pelo Vasco. Mas nesta temporada o jogador não repete o rendimento: ainda não balançou a rede e tem apenas duas assistências. Além disso, encara problemas na marcação aos adversários, como ocorreu com Tubarão no recente empate com o Bragantino.

Fellipe Bastos foi um dos pilares do começo de Ramon. Não à toa, tem quatro gols no Brasileiro. Conseguiu, no começo, jogar de área a área. Mas sentiu o desgaste e não tem sido eficiente na defesa e no ataque – foi reserva no domingo. Passou a errar muitos passes na saída de bola e deixar espaços na recomposição.

Talles encaixotado no lado esquerdo

Destaque em 2019, Talles não conseguiu deslanchar em 2020. Sofreu lesão grave, é verdade. Mas, no esquema de Ramon, atua pelo lado esquerdo, com pouca variação, e costuma ficar encaixotado na marcação adversária. Tem apenas um gol e quatro assistências, quesito em que lidera no elenco em 2020.

Gol do Vasco! Talles Magno aproveita o rebote e marca, aos 40 do 2ºT

Mesmo que esteja em má fase técnica, cumpre as funções táticas. Ajuda na recomposição defensiva. Falta é apostar em lances mais simples, o que diminui a chance de erro, e que o time crie situações para que ele não receba marcação dobrada ou até tripla.

Esquema manjado

Ramon costuma dizer que entende o futebol pelo cumprimento de funções. E que, a partir disso, pode buscar variações. Atualmente, o Vasco tem um time fácil de ser marcado. Vide o fato de ter feito apenas um gol nos últimos jogos. É preciso apresentar algo novo.

O comentarista Pedrinho, no episódio 73 do podcast GE Vasco, deu uma sugestão para melhorar a construção ofensiva:

– Eu não vejo o jogo como plataforma de 4-4-2 ou 4-5-1 ou 4-3-3. Isso é só antes da transmissão, para ver o posicionamento ou na fase defensiva. O jogo é como função. Agora, na saída de trás, não precisa ser três zagueiros. Você pode puxar um volante e abrir os dois zagueiros. É a função. Com isso, empurra o lateral-esquerdo e, teoricamente, encurta o espaço dele. Ele vai ter só uns 20 metros para percorrer para fazer o cruzamento. Assim, o Talles fica mais perto do Benítez e do Cano. Fica mais fácil criar mecanismos para esses caras se encontrarem.

Falta de opções: reforços no meio do ano sem emplacar

Para o segundo semestre, o Vasco contratou Marcelo Alves (zagueiro), Neto Borges (lateral-esquerdo), Carlinhos (meia), Guilherme Parede (atacante) e Ygor Catatau (atacante). Nenhum virou titular. Apenas os dois atletas vindos do Madureira apresentaram rendimento satisfatório e somente em alguns jogos.

Ygor Catatau, atacante do Vasco, tem raízes firmes na família
 Ygor Catatau, atacante do Vasco, tem raízes firmes na família

Ramon, portanto, não ganhou opções para qualificar o time. Tanto que apostou mais em Juninho, por exemplo. O elenco carece de qualidade, e a diretoria busca reforços: lateral-direito, meia e atacante.

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