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Após revés, Moicano admite confiança alta no round inicial: “Estou batendo no José Aldo”

Por Marcelo Barone — Rio de Janeiro

A derrota por nocaute técnico, no segundo round, para José Aldo, no UFC Fortaleza, no último sábado, ainda está viva na mente de Renato Moicano. E o brasilense, que no primeiro assalto foi superior ao ex-campeão do peso-pena, acredita que a confiança gerada após os cinco minutos iniciais dividindo o octógono com o compatriota, tenham contribuído para o revés.

Em entrevista ao Combate.com, Renato Moicano – que declarou ser fã de José Aldo -, relata que conversou consigo mesmo enquanto vencia a primeira parcial diante do maior nome que já enfrentou no cage.

Moicano perdeu por nocaute técnico para José Aldo — Foto: Getty ImagesMoicano perdeu por nocaute técnico para José Aldo — Foto: Getty Images

Moicano perdeu por nocaute técnico para José Aldo — Foto: Getty Images

– Assisti à luta algumas vezes. Fiz um bom primeiro round. Achei que ele me respeitou bastante, sabia da diferença de envergadura. Eu estava conseguindo conectar os golpes e sair, movimentar a cabeça, fazer o bloqueio. Em decorrência desse primeiro round, fiquei muito confiante, pensei: “Estou batendo no José Aldo”. Estava conversando comigo mesmo durante a luta e aproveitando essa experiência. Estava tão feliz de estar lutando contra ele e vencendo, que talvez tenha me atrapalhado. Quando sentei (no intervalo), pensei: “Não tem jeito desse cara me ganhar”. Estava mais tranquilo do que em treino. E acho que foi justamente isso. Voltei mais agressivo, mais solto, fui tentar uma joelhada só para fintar, porque toda finta que eu fazia, ele reagia, mexia a cabeça. Nisso, quando colei, ele soltou um cruzado de esquerda, emendou uma boa sequência e o árbitro interrompeu. É triste perder, mas fiquei feliz porque estava fazendo uma boa luta. Mostrei que posso lutar de igual para igual com todos da categoria.

Ao falar sobre uma suposta interrupção prematura do árbitro central, Jerin Valel, Moicano garante que tinha condições de seguir atuando, pois ainda estava de pé, mas tenta compreender o outro lado da moeda, embora seja difícil.

– Quando a luta acabou, eu não tinha nem visto o soco que tinha sido conectado. Eu estava pu**. Depois, no replay, vi que tomei o soco, não vi o cruzado. Tomei uns 11 ou 12 golpes, não estava reagindo porque estava abalado, mas ele veio aberto, eu sabia que ele explodiria. Revisei o vídeo várias vezes, vi até lutas que eu caí no chão, tomei o knockdown, acordei com o soco do adversário e venci. O juiz parou a luta contra o Aldo, não vou dizer que foi errado, porque estava na margem de parar, mas não me deu a oportunidade de voltar. “Ah, fez para preservar você”… Eu estou em um jogo que não quero ser preservado, estou ali para matar e morrer. Lógico que eu poderia ter tomado mais cinco socos em cheio e ter caído. Faz parte. Mas era a luta da minha vida, eu precisava daquilo. Se eu estivesse perdendo a luta, sendo espancado… mas não aconteceu, estava de pé. Ele acertou uma sequência muito boa, me atordoou, mas eu estava na luta.

– Fiquei triste pela forma que foi, não pude saber se eu poderia sair dali. Em paralelo a isso, entendo que o UFC tem novas diretrizes para proteger o atleta, é legal, porque evita que a gente leve mais pancada. O Renato Carneiro entende isso, que foi melhor, que terei uma carreira mais longa. O Renato Moicano fala: “Que merda! Caral**! Nunca mais vou poder provar que sou melhor do que ele”. E eu sou. Vão falar que sou arrogante, mas se eu não achar que sou o melhor do mundo, quem vai achar? Quando eu achar que não sou o melhor, eu paro. Assumi a derrota, perdi, bola pra frente. Essa semana estou descansando, comi tudo que não comi no último ano e semana que vem volto a treinar aqui em Brasília.

Renato Moicano desfere um chute no compatriota — Foto: Getty ImagesRenato Moicano desfere um chute no compatriota — Foto: Getty Images

Renato Moicano desfere um chute no compatriota — Foto: Getty Images

Em relação ao diálogo com José Aldo minutos após o encerramento do combate, Renato Moicano declara que se lembra de pouca coisa e garante que, caso houvesse um novo encontro, o desfecho seria diferente.

– Na hora eu estava muito chateado. É engraçado falar sobre isso agora. Na hora eu vi o juiz entrando em câmera lenta na minha frente, parecia um filme. Eu gritava “não” na minha cabeça, porque eu nem gritei, só pensei: “Que merda!”. O José Aldo falou comigo, pediu desculpas por interromper meu sonho, falou para eu não desistir, que seria campeão. Na hora eu não estava muito a fim de conversar, estava chateado com a maneira que a luta acabou, porque não achei certa. Ele me deu um abraço, senti que foi verdadeiro, que estava falando a verdade, e agradeci. Eu gostei do que ele me falou, só que ficou com gosto de que posso vencê-lo. Eu sei que posso. Muita gente critica, fala: “Bem feito, quis enfrentar o Aldo”. Mas foi o que eu mais gostei de fazer, entrar no ringue contra um cara que admiro. Se tivesse outra luta, seria diferente. Mas perdi, aceito, voltarei a treinar para vencer minha próxima luta.

Em Brasília, Renato Moicano ficará longe da academia durante esta semana, porém, retornará às atividades na segunda-feira e espera uma vaga no UFC Curitiba, dia 11 de maio, na Arena da Baixada.

– Pode ser o (Alexander) Volkanovski, o Frankie Edgar, o Chad Mendes, uma revanche contra o Jeremy Stephens, o Cub Swanson… O que o UFC mandar. A quem vence, tudo, a quem perde, nada, então não estou em posição de escolher. Quero voltar ao caminho das vitórias para ter alguma voz. Espero que seja alguém ranqueado, nessas sete lutas pelo UFC eu não escolhi adversário. O UFC Curitiba (11 de maio) seria um evento perfeito. Estou pronto para lutar no Brasil de novo, espero que com o apoio da torcida, que eu não tive em Fortaleza. Curitiba será uma excelente oportunidade.

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