– Essa é uma luta interessante… As pessoas falam muito: “Ah, mas ele é o teu clone”. Não. Eu tenho três clones em casa: Gabriel, João e Khalil, meus filhos. O Israel não é um deles… Ele vai ser um novo desafio, um desafio incrível que eu vou enfrentar. Estou feliz por poder lutar com ele e poder colocar toda a minha técnica em prática. O Israel é um grande lutador, eu acho que ele é super talentoso, é novo, tem um um futuro brilhante pra trilhar nesse esporte, e acredito que ele, de repente, é uma versão dele, e vai se tornar uma versão melhor dele mesmo.

Durante o encontro com os jornalistas, Spider apareceu sorridente e acompanhado de todo o seu time na recém-inaugurada academia “Spider Kick”, em uma área nobre de Hollywood. O ex-campeão dos médios do UFC fez questão de responder às perguntas em inglês, e entre uma pausa e outra, revelou uma carta na manga para o seu retorno ao octógono: a presença de Alex “Poatan” Pereira, campeão mundial de kickboxing e atual detentor do cinturão dos médios do Glory, em seu camp. Alex já derrotou Israel Adesanya por duas vezes na modalidade – a primeira, em 2016, na decisão, e a segunda em 2017, por nocaute no terceiro round.

– Eu sou muito sortudo, porque todo o meu time está aqui, e o Alex também… Mas vou deixar o Alex falar por si, porque ele lutou contra o Israel duas vezes, é um ótimo lutador de kickboxing e tem muita experiência. Eu tentei fazer um bom time para me ajudar e eles são como se fossem a minha família – declarou Anderson, antes de passar a palavra para Alex.

– Anderson tem tudo para ganhar essa luta. Eu já lutei com o Israel, já ganhei dele duas vezes, e vendo o jogo do Anderson, é um jogo chato, né? O Israel vai ter que ficar muito atento, porque o jogo do Anderson é muito diferente do de qualquer pessoa – completou o novo companheiro de treinos de Spider, que ficou frente a frente com o ex-campeão do UFC pouco antes do evento.

No bate-papo com a imprensa, Anderson falou sobre a vontade de fazer duas superlutas antes de se aposentar, e revelou que o fim de carreira perfeito seria vencer o cinturão e sair de cena. Confira:

O Israel é um grande lutador. Eu estou com um grande time, estou sempre treinando, graças a Deus. E acho que esse momento, que não só eu, mas todo o time da Spider Kick está vivendo, é um momento mágico. Eu faço isso a minha vida inteira, então é um momento muito feliz pra mim. Dois anos sem lutar, né? Então eu acredito que essa é uma luta bem interessante e vai ser bem legal poder voltar e lutar com um cara como Israel.

É lógico que existe o negócio, mas a motivação é poder fazer o que eu amo, que é lutar. Quando o Dana veio conversar comigo sobre lutar com o Israel, eu perguntei: “Por que? Qual a contraproposta? Vamos falar de negócios: Qual a contraproposta que você tem pra me dar?” E ele falou: “Se você vencer você vai lutar pelo cinturão”. Eu falei: “Tá, então você vai ter que me dar a luta pelo cinturão, porque eu vou vencer”. (…)

Agora o tempo é o mais importante pra mim. Eu aceitei essa luta porque a única coisa que eu não consigo controlar é o tempo. Esse é o momento para aceitar essa luta e finalizar as minhas lutas no contrato. Tenho mais três e, depois disso, acabou.

No mundo perfeito seria (vencer o cinturão e me aposentar)… Se fosse no mundo do País das Maravilhas, seria perfeito. Anderson Silva luta pelo cinturão, vence e derruba o microfone (risos). Mas preciso focar nessa luta primeiro. E esse será o segundo passo. Depois de vencer essa luta, vou falar com o meu time e veremos. O futuro ainda é incerto.

Eu acredito que sim (é interessante). Vou esperar o que vai acontecer agora nessa luta, o foco é nessa luta agora. Era pra eu ter lutado em Curitiba, mas eu fiz uma cirurgia e acabou não acontecendo.

Nesse ponto da minha carreira, eu acredito que os bons desafios são as superlutas. Eu falei com Dana White sobre enfrentar o Georges St.Pierre ou Conor McGregor, principalmente porque o McGregor me desafiou. Falei muito com o Ed Soares sobre isso, porque acho que essas lutas são muito interessantes. Esses caras são muito bons, são lendas do esporte, e acho que pode ser muito interessante para os meus fãs. Quanto ao peso, a luta com o McGregor acho que seria nos 180 pounds (81,6 kg). Seria bom pra mim e pra ele (…) Eu aceitei o desafio do Conor, falei com todo o meu time, se ele bater esse peso, acho que a gente consegue fazer essa luta. Mas não depende de mim, depende do que o Dana quer fazer e do que ele realmente quer. Eu estou aqui para aceitar os desafios e lutar contra quem for bom para mim e o meu time.

Eu acredito que GSP seja um cara muito inteligente, ele não pega nenhum tipo de desafio que ele possa perder. Ele joga com as regras debaixo do braço, não aceita nenhum tipo de desafio que possa perder, então não tenho muito pra falar dele. Eu, porém, prefiro desafios de verdade, não fico colocando coisa na cabeça dos meus fãs, falando “Talvez sim, talvez não”. Foi por isso que aceitei lutar contra o Daniel Cormier com dois dias de antecedência. O mais importante não são os lutadores, é a arte marcial. Eu adoro desafios e tento dar o meu melhor todas as vezes.

UFC 234
9 de fevereiro de 2019, em Melbourne (AUS)
CARD DO EVENTO (até o momento):
Peso-médio: Robert Whittaker x Kelvin Gastelum
Peso-médio: Israel Adesanya x Anderson Silva
Peso-mosca: Kai Kara-France x Raulian Paiva
Peso-mosca: Montana de la Rosa x Nadia Kassem
Peso-meio-pesado: Jim Crute x Ryan Spann