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Amazonas: ex-secretários recebiam salário-propina de até R$ 133 mil para facilitar entrada de empresas no esquema de desvio de verbas públicas da Saúde

Ainda era madrugada quando as equipes da Policia Federal no Amazonas (PF-AM) deixaram a Superintendência, no bairro Dom Pedro, na zona Centro-Sul da capital, para cumprir a Operação “Custo Político”, um desdobramento da Operação “Maus Caminhos “,  que investiga o desvio de verbas públicas da Saúde do Estado, de mais de R$ 100 milhões.

O objetivo dos policiais federais foi cumprir 3 mandados de prisão preventiva, 9 mandados de prisão temporária, 27 de condução coercitiva,  27 mandados de busca e apreensão, 18 mandados de seqüestro de bens móveis e imóveis, incluindo até uma aeronave.

Entre os presos, dois ex-secretários da Saúde do Amazonas: Wilson Alecrim e Pedro Elias. De acordo com as investigações da Polícia Federal, os dois chegavam a receber cerca de R$ 133, 5 mil por mês para facilitar a entrada de empresas contratadas pela organização criminosa no esquema.

O delegado federal Alexandre Teixeira falou qual era a função dos dois ex-secretários da Saúde dentro do esquema comandado pelo empresário Mouhamad Moustafa, também alvo da ação policial.

“As empresas dele teriam todas as facilidades dentro da administração pública. Desde a obtenção de contratos, uma licitação direcionada, liberação de verbas – enquanto todas as entravam na fila, a dele recebia mais rápido que as outras.”

O delegado contou como a propina era repassada aos ex- secretários.

“Havia a entregas de propina em espécie. Às vezes utilizavam outras empresas e pessoas pra que essa entrega fosse feita de maneira indireta.”

Além dos ex-secretários da Saúde, também foi preso temporariamente o ex chefe da Casa Civil do Governo, Raul Zaidan, e o coronel da Policia Militar, Aroldo Ribeiro. Outro alvo da operação foi o ex- secretário de Estado da Fazenda, Afonso Lobo, que até o fim da manhã desta quarta-feira continuava sendo procurado pelos agentes federais. Segundo o Procurador da República Alexandre Jabour, há indícios suficientes do envolvimento de todas as pessoas presas no esquema de desvio de dinheiro que deveria ser destinado para a Saúde da população do Estado.

“Se as provas não fossem robustas, não tivessem o mínimo de plausibilidade, o judiciário não teria decretado a prisão dessas pessoas. Essas prisões – é importante esclarecer – não são definitivas. Elas são necessárias para o curso da investigação e do processo. Então, cabe ao Judiciário, com o passar do tempo, analisar a pertinência delas ou não.”

Além de gestores, empresários também foram conduzidos à sede da Superintendência da PF-AM. Com exceção da prisão do ex-chefe da Casa Civil, Raul Zaidan, as demais prisões foram todas preventivas. O superintendente da Policia Federal no Estado, Alexandre Saraiva, disse que a Operação Custo Político cumpriu seu objetivo.

“Essa continuará sendo uma operação que dará novos frutos. Nós não vamos interromper as operações de combate ao desvio de recursos públicos    especialmente  saúde pública!”

Ao todo, 135 policiais federais foram mobilizados durante operação, deflagrada em três Estados – Amazonas, São Paulo e Pernambuco – e no Distrito Federal. A primeira fase da “Maus Caminhos” aconteceu em novembro de 2016, quando foram presos o médico e empresário Mouhamad Moustafa e outros acusados de participarem da organização criminosa que desviou  110 milhões de recursos públicos por meio de contratos com a Susam e empresas terceirizadas.

 

Veja a lista dos presos
Prisão preventiva
1 – Mouhamed Moustafa

2 – Wilson Duarte Alecrim

3 – Pedro Elias de Souza

4 – Afonso Lobo de Moraes

5 – Raul Zaidan

6 – Antônio Evandro Melo

7 – Aroldo da Silva Ribeiro

Prisão temporária
1 – Priscila Marcolino Coutinho

2 – José Duarte dos Santos

3 – Keytiane Evangelista

4 – Isaac Bemerguy Ezaguy

5 – Ana Claudia da Silveira

6 – Marinete Mendes da Silva

 

 

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