Psicólogo alerta sobre o perigo do uso inadequado das redes sociais, para saúde mental

O impacto das redes sociais na saúde emocional da população tem sido tema de discussão e preocupação dos especialistas. Recentemente, mais um caso gerou grande comoção na sociedade, levantando o debate sobre os limites dos chamados haters (odiadores) no ambiente virtual. Um jovem cometeu suicídio, depois de publicar um vídeo simulando um beijo em um amigo, e ser atacado em milhares de comentários homofóbicos nas redes sociais.

O professor do curso de Psicologia da Faculdade Santa Teresa, Cleison Guimarães Pimentel, lembra que neste mês acontece em todo o país a campanha Setembro Amarelo, em que a população em geral é convocada a refletir sobre suicídio e saúde mental. “Esse tema deve ser tratado o ano inteiro, mas neste mês as ações são intensificadas”, afirmou.

Segundo Cleison Guimarães, as redes sociais já estavam em crescimento e com a pandemia ganharam mais fôlego, porque o isolamento levou as pessoas a interagirem mais pelas redes sociais. Esse ambiente virtual, diz ele, pode ser visto como uma moeda. “De um lado as redes sociais são espaços de encontro, comunicação, aprendizado e diversão. Por outro, vêm se tornando o lugar onde fake news, opiniões de ódio e comentários ofensivos crescem de forma exponencial. Nesse cenário, muitas pessoas sentem-se seguras para expressar ofensas e discriminar o outro, em especial minorias sociais, como pessoas LGBTQIA+”, destacou.

De acordo com o professor, as redes sociais não devem ser demonizadas, mas é importante perceber que essas ferramentas vêm dando voz a um problema social. “É um espelho de como estamos lidando uns com os outros”, frisou.

Cleison Guimarães ressalta que as crianças e adolescentes são mais vulneráveis às agressões nas redes sociais, por ainda estarem em processo de desenvolvimento. “Esse ambiente tóxico cria espaço para o desenvolvimento de problemas psicológicos, emocionais, de autoimagem, autoaceitação. Em casos extremos, a pessoa encontra como única resposta para suas questões emocionais o suicídio.

Para o professor, esse cenário criado no ambiente das redes sociais não possui uma solução simples e precisa ser tratado de diversos modos. Com os jovens, é necessário um acompanhamento familiar, diálogo e transparência. “No mundo onde as pessoas estão sendo medidas pelo número de likes, é importante a conversa franca. Além disso, espaços de acolhimento emocional, principalmente nas escolas, são essenciais para que os jovens possam se sentir escutados”, disse ele.

Outros pontos importantes, na sua avaliação, são a criação de políticas públicas que protejam os grupos minoritários, como os LGBTQIA+, a responsabilização e regulamentação do funcionamento das redes sociais, para que possam se tornar espaços virtuais saudáveis.

Por fim, na sua opinião, é necessário reforçar a importância de buscar ajuda especializada com profissionais qualificados em saúde mental, como psicólogos. Um dos canais para buscar apoio emergencial é o Centro de Valorização à Vida (CVV), que funciona 24 horas e disponibiliza acolhimento emocional. “Caso precise de ajuda, ligue no número 188. A ligação é recebida por um voluntário de forma sigilosa e gratuita”, orientou.

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