Presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal diz em Manaus que declarações de Temer sobre vazamentos foram “muito fortes e ilegítimas”

O presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edivandir Paiva, disse nesta segunda-feira (30), em Manaus, que as declarações do presidente Michel Temer sobre  vazamentos de informações a respeito das investigações da PF estão  causando uma “pressão indevida” na no órgão.

Em entrevista nesta segunda-feira (30) à Rede Tiradentes, o  delegado federal Edivandir Paiva, que veio a Manaus para participar da Corrida Contra a Corrupção, realizada nesse domingo (29), na Ponta Negra, Zona Oeste da capital, com dois percursos, de 5km e 10km, afirmou que o presidente usou “um tom muito forte” contra o órgão, o que “não é legítimo” e vem causando desconforto entre os membros da PF.

O delegado federal afirmou que a corporação “repudia qualquer tipo de vazamento”, mas defendeu a apuração rigorosa de qualquer fato sob investigação, inclusive no caso do inquérito aberto no STF sobre irregularidades no Posto de Santos, e disse que o inquérito “está público”.

Sobre a avaliação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de que, se todo mundo que tiver mandado de prisão em aberto for preso, vai aumentar o déficit no sistema prisional brasileiro em 164%, o delegado afirmou que, “o que é preciso saber é se a PF está trabalhando com qualidade e validade, e destacou que o que importa é que a sociedade reconhece o trabalho da instituição.

O delegado federal negou que o que esteja havendo seja um encarceramento em massa; que a PF venha cometendo excessos, com o alargamento do número prisões preventivas. Eles afirmou que “essas reclamações dos advogados fazem parte do processo de defesa para tentar desqualificar as investigações. Segundo o presidente da Associaçã dos Delegados da PF e que tudo é submetido ao Ministério Público e ao Judiciário.”

Sobre a manutenção da prisão do ex-presidente Lula, condenado a mais de 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, no prédio da PF em Curitiba, o delegado afirmou que o ex-presidente deveria cumprir a pena a que foi condenado em uma penitenciária comum.

O delegado destacou que a apresentação de candidatos às próximas eleições é um projeto nacional da Polícia Federal, que, “como uma entidade da sociedade civil, têm condições de apresentar candidatos.”

Ele confirmou as pré-candidaturas de membros das PF do Amazonas ao parlamento estadual e afirmou que a associação dos delegados federais tem um projeto nacional de apresentar candidatos à Câmara Federal e ao Senado. No Amazonas, os pré-candidatos ao parlamento são os delegados Pablo Oliva – diretor regional da Associação de Delegados da Polícia Federal no Amazonas (ADPF-AM), Marcelo Dias e Wesley Aguiar.

Edivandir Paiva admitiu a existência de uma disputa entre a PF e o Ministério Público e rebateu as críticas de que os delegados pré-candidatos no Amazonas estariam numa super-exposição na mídia. Para ele, as críticas deveriam ser feitas “de forma geral”. Ele afirmou que, ao invés de fazer críticas, os dois órgãos de Estado “devem atuar coordenadamente para o bem do país.”

Sobre as críticas à competência da PF para celebrar acordos de delação premiada, Paiva afirmou que “é uma incoerência o MP querer fazer isso sozinho, porque, quanto mais investigação, melhor!”

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