Política de preços da Petrobras divide especialistas

Petroleo Brasileiro SA (Petrobras) signage is displayed at the company’s headquarters in Rio de Janeiro, Brazil, on Tuesday, May 24, 2016. An investigation into corruption at the state-run oil colossus Petrobras, dubbed Carwash, has ensnared members of the business and political elite. Photographer: Dado Galdieri/Bloomberg

A saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras colocou em foco a política de preços da estatal. A atual política divide especialistas. Ao mesmo tempo em que ajudou na recuperação da estatal, gerou aumentos sucessivos para o consumidor final, o que culminou no protesto dos caminhoneiros.

Ex-presidente da Eletrobras e professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa defende a revisão da política de preços da Petrobras.

“Essa política não é compatível com uma empresa quase monopolista como a Petrobras, que deve seguir um plano de abastecimento do país e não de pagamento de dividendo para acionistas”, diz. Ele é contrário ao tabelamento dos preços dos combustíveis, mas propões uma alteração progressiva dos preços. “Daria-se um tempo, faria-se um comunicado, por exemplo: dentro de 30 dias vai aumentar e aumentaria progressivamente”, diz. “Imagina, o caminhoneiro acabava tendo que pagar combustível mais caro que o frete que o remunerava. Ninguém pode trabalhar desse jeito. Cabe à Petrobras e ao governo terem uma política compatível”, defende.

Já o professor de Finanças da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (Ibmec-DF) Marcos Melo, defende a manutenção da política de preços e diz que isso dá segurança aos investidores. “Quando o governo começa a pressão política para que política de preços volte ou se assemelhe ao que era antes, fica uma situação muito difícil. Não é bom para Petrobras. Estamos vendo a redução no valor das ações por causa da incerteza”, afirma

Segundo Melo, não faz sentido vincular os preços à política governamental, seja para conter inflação, seja para qualquer finalidade. “Não convém para a empresa. A queda no valor da empresa acaba também prejudicando a sociedade brasileira e a própria economia”, reforça.

A professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) São Paulo Celina Ramalho diz que o mercado de combustíveis precisa ser revisto. Ela defende a privatização gradual da Petrobras – que atualmente é controlada majoritariamente pela União –, para que outras empresas passem a atuar no mercado, acabando com o monopólio da estatal. “Essa é a alternativa que temos para solução dos combustíveis. Não ser mais preço de monopólio, porque em estrutura de monopólio há uma maximização de lucro. Quando expande a oferta, o preço de monopólio cai por terra e quem dá o preço é o mercado”, ressalta.

Política de preços

Desde 2016, a Petrobras segue uma política de variação do preço dos combustíveis que acompanha a valorização do dólar e o encarecimento do petróleo no mercado internacional. A variação dos preços dos combustíveis é o principal alvo da manifestação dos caminhoneiros.

Com os reajustes, no início de maio, a Petrobras anunciou um crescimento do lucro líquido de 56,5% no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado, atingindo R$ 6,96 bilhões. O crescimento expressivo surge depois de quatro anos seguidos de prejuízos e de um processo de reestruturação e de redução do endividamento da companhia, que teve início após as denúncias da Operação Lavo Jato.

Este foi, segundo a estatal, o melhor resultado trimestral desde o início de 2013, quando a empresa havia lucrado R$ 7,69 bilhões, e também terminou o trimestre com resultados positivos em sua métrica de segurança.

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