Parintins (AM) pode se tornar a capital nacional do Boi-Bumbá

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), do Senado Federal, aprovou nesta terça-feira (1º), em caráter terminativo, o Projeto de Lei do Senado 539/2015, que confere ao município de Parintins, no Amazonas, o título de Capital Nacional do Boi Bumbá. De autoria do Senador Omar Aziz (PSD-AM), o projeto vai contribuir tanto economicamente quanto na área do turismo para incentivar o Festival Folclórico de Parintins.

“Tal iniciativa, além de reconhecer a importância e o significado do evento para o Município de Parintins, também homenageia os artistas, os profissionais e o povo da região que mantêm vivos o folclore, a tradição e a cultura da região amazônica”, explicou Omar Aziz.

Com a aprovação da matéria em caráter terminativo no Senado, o projeto deve seguir diretamente à análise da Câmara dos Deputados. Omar Aziz tem atuado no Senado como líder do Bloco Parlamentar Democracia Progressista, que congrega nove senadores, e coordenador da bancada do Amazonas no Congresso Nacional.

Parintins ganha visibilidade

Quando governador, Omar Aziz apoiou os bumbás Garantido e Caprichoso, além de outras manifestações culturais, e promoveu investimentos de mais de R$ 40 milhões na reforma e modernização do Bumbódromo.

Para o presidente da Associação Folclórica Boi-Bumbá Caprichoso, Joilto Azêdo, o projeto poderá ajudar o município a atrair mais investimentos. “É de grande importância a aprovação deste projeto apresentado pelo Senador Omar Aziz. Parintins tem uma marca muito forte em todo o Brasil devido a nossa cultura e, com esse reconhecimento, nossa festa terá ainda mais sucesso, principalmente no campo econômico. Nossa cidade tem na festa do boi-bumbá um dos mais importantes meios para a entrada de recursos”, destacou o dirigente.

Já o presidente da Associação Folclórica do Boi Bumbá Garantido, Adelson Albuquerque, a iniciativa de tornar o município de Parintins a capital nacional do Boi Bumbá é totalmente positiva. “Sabemos que os bois de Parintins são considerados a maior expressão folclórica do Estado. Então é justo que Parintins receba esse título que já tem de fato e agora também terá de direito. Agradecemos ao Senador Omar Aziz por lembrar de nossa cidade e de nossa cultura nas suas proposições”, elogiou Adelson Albuquerque.

O Festival Folclórico de Parintins é o maior espetáculo de ópera a céu aberto da América Latina e o maior de folclore no mundo. Durante o festival é representada uma rivalidade quase centenária entre o Boi Garantido e o Boi Caprichoso, que encenavam nas ruas de Parintins o folclore do boi-bumbá, uma variação do bumba-meu-boi nordestino.

O folclore

A lenda que deu origem ao Festival tem cinco personagens de extrema importância: um senhor de nome Francisco (chamado de ‘Pai Francisco’), empregado da fazenda de um rico fazendeiro; o Amo do Boi (dono da fazenda); Catirina (chamada de Mãe Catirina), a esposa de Francisco; o próprio Boi; e o Pajé.

A estória tem início quando Catirina, enquanto grávida, sente desejo em comer língua de boi, especificamente a do boi mais querido do Amo. Para satisfazer o desejo da esposa, o apaixonado (e louco) Francisco mata o boi de estimação do patrão. Assim que descobre o fato, o Amo manda os vaqueiros (guardiões do boi e da fazenda) atrás de Francisco, que tenta fugir, mas acaba capturado.

Um médico é chamado, mas atesta a morte do boi. Na tentativa de trazer o boi amado de volta, um padre (no contexto do Festival a figura do padre é substituída pelo Pajé, que seria um padre na hierarquia indígena) é chamado para tentar ressuscitá-lo. O Pajé realiza seus cantos, rezas e pajelanças e, para a surpresa de todos, o boi tão amado Pai Francisco e Mãe Catirina são perdoados e uma grande festa é feita, festa tal que se transformou no grandioso Festival de Parintins, que todos os anos revive cada ato dessa lenda durante três dias do mês de junho.

Terra do Festival Folclórico deve atrair mais investimentos econômicos e turísticos com a formalização do título - Foto: Assessoria do senador

Terra do Festival Folclórico deve atrair mais investimentos econômicos e turísticos com a formalização do título – Foto: Assessoria de imprensa

O Festival

Nos três dias de apresentação, tanto Garantido como Caprichoso contam a lenda. O público ouve e participa ativamente. Cada Boi tem até duas horas e meia por noite para se apresentar. As apresentações, além dos elementos folclóricos do Auto do Boi, exaltam a cultura, a história e a riqueza amazônica, sua diversidade étnica, bem como a divulgação do conceito da preservação ambiental por meio do uso sustentável dos seus recursos e biodiversidade.

Para retratar tantos aspectos, os compositores de cada Bumbá preparam anualmente até vinte toadas, os suportes musicais das encenações, compostas sobre temas pré-estabelecidos pelas respectivas comissões de arte.

A disputa

Com capacidade para aproximadamente quarenta mil espectadores, o Bumbódromo, uma espécie de estádio em forma de cabeça de boi estilizada, é considerado a maior obra cultural e desportiva do Estado do Amazonas. Durante a festa apenas cinco por cento dos ingressos são vendidos, os outros noventa e cinco por cento são gratuitos para os espectadores do festival. Um grande exemplo de festa que apesar de crescer ano a ano, não deixa de ser para o povo.

Por noite, cada Bumbá é obrigado a apresentar ao menos quatro grandes cenários, construídos em módulos que se completam na arena formando palcos gigantes de até vinte e cinco metros de altura. Neles são realizadas cada uma das encenações de Celebração Folclórica, Ritual Indígena, Figura Típica Regional e Lenda Amazônica, todas previstas em regulamento como itens de competição.

A economia

O Festival conta com patrocinadores que investem pesado para associar sua imagem ao evento. A rivalidade entre os torcedores dos bois é tanta que todos os patrocinadores tomam suas cores em vermelho e azul em toda a ilha.

Todo ano milhares de turistas se deslocam para Parintins com o objetivo de assistir a este célebre Festival. O confronto entre o Boi Garantido e o Boi Caprichoso nas arenas, encantam a imaginação dos espectadores.

A princípio esse evento era restrito à plateia da região, mas aos poucos sua fama se estendeu a outras regiões do país, até mesmo ao exterior. Hoje suas imagens são enviadas para todo o território brasileiro pela TV aberta. Os turistas se encantam não só com as festas, mas com a cultura local, o artesanato produzido pelos nativos e os pratos específicos desta região. Parintins fica repleta de pessoas neste período, entre habitantes e visitantes, gerando divisas, emprego e renda para a região propiciando melhoria na qualidade de vida dos amazônidas.

 

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