O adeus a Elke Maravilha, aos 71 anos

Nascida em São Petersburgo, na Rússia, Elke Georgievna Grunnupp, mais conhecida como Elke Maravilha, morreu na madrugada desta terça-feira (16) depois de 55 dias internada na Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras. Ela tinha operado uma úlcera, mas, como era diabética, não respondia bem à medicação e, no último mês, acabou entrando em coma.

 Septuagenária assumida, Elke não tem medo da idade: "Os 70 são os novos 50. Essas pessoas que acham que têm o espirito jovem não sabem envelhecer" (Foto: Phillippe Kliot)

A modelo, atriz, jurada e apresentadora marcou época e ficou conhecida pelo visual escalafobético, sua marca registrada, sempre com diferentes perucas, muita maquiagem, botas de cano alto e muito brilho, é claro. Elke tinha como hábito chamar qualquer pessoa de “criança” e, na intimidade, adorava tomar uma cachacinha e fumar.

Elke Maravilha fará espetáculo no Theatro Municipal do Rio este mês (Foto: Divulgação)

Filha de um russo com uma alemã, Elke tinha um Q.I. acima da média e falava nove línguas – russo, português, alemão, italiano, espanhol, francês, inglês, grego e latim. Nos tempos da ditadura, quando já tinha se naturalizado brasileira, tornou-se apátrida – que não possui nacionalidade – depois de ser presa pelos militares por protestar contra a morte de Stuart Angel Jones, filho de sua grande amiga, a estilista Zuzu Angel.

Depois de trabalhar como manequim e modelo, Elke ganhou fama nacional nas décadas de 1970 e 1980 por participar de programas de calouros de Chacrinha e de Silvio Santos. Também fez muito sucesso como a dona de um bordel na minissérie da Globo Memórias de um gigolô. Recentemente, esteve em cartaz com o espetáculo Elke canta e conta, em que narrava diversas passagens de sua história, desde a saída da Rússia.

Elke em cena com Lauro Corona na minissérie Memórias de um gigolô, um grande sucesso (Foto: Renato Rocha Miranda/ TV Globo)

Em sua última entrevista à coluna, em 2015, às vésperas de completar 70 anos, Elke contou que não sofria de ressaca, porque era russa, e criticou a eterna busca pela juventude de muitos artistas. Disse que só havia feito uma plástica, “para tirar a papada, que estava enorme”.

Na ocasião, ela também falou sobre o fantasma da morte que a rondava: “Tenho um monte de problemas: arritmia cardíaca – posso morrer a qualquer momento –, diabetes, meu coração é grande demais e não cabe no peito e tenho colesterol alto. Achava que o melhor era morrer quando a gente tem 65 anos. Agora as pessoas inventaram de viver mais com a qualidade de vida e tal. E o Alzheimer? Ele vem, né? Implacável e inexorável”.

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