Número de processos por violência doméstica em 2018 em Manaus pode ser superior ao do ano passado, afirma magistrada

Os três juizados Maria da Penha que funcionam em Manaus já decidiram mais de 16 mil processos sobre violência doméstica nos 7 primeiros meses de 2018, o que quase supera 2017, que contabilizou mais de 19 mil processos o ano inteiro.

Os números foram confirmados nesta terça-feira (7/8), em entrevista à Rede Tiradentes, pela juíza de Direito auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) e sub-coordenadora do Comitê da Mulher em Situação de Risco, Elza Vitória de Melo, na semana do aniversário de 12 anos da Lei Maria da Penha, comemorado hoje.

Para lembrar a data, o TJ-AM realiza uma programação de 20 a 24 de Agosto, dentro da Semana da Justiça pela Paz em Casa e da Jornada Maria da Penha, com palestras e terapias de acolhimento para os casais interessados.

Elza Vitória de Melo afirmou que os números da violência doméstica em Manaus e no Amazonas preocupam a Justiça. Segundo ela, os casos mais comuns são ameaças e agressões físicas e acontecem em todas as classes.

Para a juíza, as causas são o desequilíbrio emocional dos casais, causado, geralmente, por situações de desgaste dos relacionamentos, com crises de ciúmes, consumo de bebidas alcoólicas e, mais atualmente, a descoberta de mensagens por meio do aplicativo WhatsApp,nos celulares. Segundo a juíza, apenas este ano, já são quase 20 mil processos em andamento.

“A violência doméstica não tem cara e nem classe social. Acontece indistintamente!”, afirma.

Para se ter uma ideia da situação, apenas a capital do Estado conta hoje com três Varas Maria da Penha, para responder à demanda.

“Em razão da efetividade da Lei, as mulheres têm mais coragem. Elas criam coragem; elas vêem que a lei está sendo aplicada, está sendo efetiva e se sentem à vontade pra denunciar e eu acredito que demanda seja por isso, também e principalmente por isso!”

As penas aplicadas, conforma Elza Vitória de Melo, são alternativas, como terapias, por exemplo, já que, para a juíza, o homem vai acabar voltando a ter um novo relacionamento.

“E isso ocorre por meio do Projeto “Maria Acolhe”, que trata a vítima e o agressor, explica.

Elza Vitória de Melo lembra aos casais que o desequilíbrio na relação pode acabar numa delegacia e na Justiça, e podem criar problemas para homens e mulheres, já que, agora, com a lei Maria da Penha, a ação é pública incondicionada, ou seja, exclusiva do Ministério Público e, se chega ao Judiciário, não tem mais volta. A juíza alerta:

“A partir do momento da queixa, não há essa possibilidade. Chegou ao Judiciário, não tem mais a possibilidade de desistência!”

Para os homens que dizem que eles é que foram agredidos, a juíza avisa que o assunto – a eventual inconstitucionalidade da lei – já foi discutido no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) e que a Suprema Corte reconheceu que não há inconstitucionalidade, devido à fragilidade física da mulher, o que a deixa em permanente desvantagem.

Se a agressão ocorre, o homem vai à delegacia comum e não deixa de ser assistido pela Justiça, disse. “Ele vai à delegacia comum e o caso é tratado como lesão corporal. O crime não deixa de existir; o tratamento é que é diferenciado e levado para o Juizado Criminal.”

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