Não há plano B. PT vai levar candidatura de Lula até às últimas conseqüências, afirma presidente nacional, Gleisi Hoffmann. Opção por candidatura de Vanessa ao senado foi pela lealdade ao partido.

A afirmação foi feita nesta quarta-feira (9), em Brasília-DF, pela presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), senadora Gleisi Hoffmann.

Em entrevista à Rede Tiradentes, a senadora disse que, baseada em jurisprudência no Supremo Tribunal Federal (STF), não há plano “B”, como se tem comentado, com a possível candidatura do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e que a candidatura do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva será mantida.

Opção por Vanessa ao Senado

A senadora petista também justificou a opção do PT pela candidatura da senadora Vanessa Grazziotin (PC do B), em  detrimento da do ex-deputado federal petista Francisco Praciano. Segundo Gleisi, foi decisivo para a decisão do partido a lealdade de Vanessa ao PT, ao ex-presidente Lula e à ex-presidente Dilma Rousseff.

“No caso específico do Amazonas, nós temos uma das lideranças mais expressivas do PC do B (Partido Comunista do Brasil), que não é uma liderança local. É uma liderança nacional. A Vanesssa Grazziotin não era petista. Ou seja, é uma companheira de grande valor! 

Já havíamos conversado com o PC do B e com o PT do Amazonas a respeito disso: de apoiarmos a senadora Vanessa em sua reeleição!”  

Falando sobre o que fazer para contornar a situação interna criada pela opção por Vanessa, Gleisi Hoffmann lembrou que o partido tem muito respeito pelo deputado Praciano, pela história política e de vida dele, mas afirmou que a decisão é resultado de um acordo nacional. “O Praciano foi nosso deputado por dois mandatos, uma pessoa que tem uma firmeza política muito grande. Temos muito respeito por ele. O Praciano esteve me visitando e chagamos a falar sobre o assunto, mas expliquei a ele que, para o senado, nós tínhamos um compromisso com a Vanessa. Ele sabia disso! Eu espero que o companheiro Praciano avalie, veja a situação do país, a importância do apoio a Lula e a importância de ter quadros no senado como a senadora Vanessa, e que nós reconhecemos, num momento desse, o papel que ela cumpriu em todo esse processo, do Impeachment, da retirada dos direitos, da prisão do Lula, ela foi uma pessoa que se comportou de uma maneira muito digna: se comportou como qualquer outro petista na defesa do presidente Lula e na defesa da democracia do país, contra o impeachment da presidente Dilma.”

Praciano

O ex-deputado federal Francisco Praciano, que ainda está em Manaus à espera das decisões relativas ao pleito de outubro, disse que foi surpreendido pela decisão da executiva nacional do PT, de apoiar a candidatura da senadora Vanessa Grazziton (PC do B), em detrimento da candidatura dele.

À Rede Tiradentes, Praciano afirmou que Gleisi Hoffmann “faltou com a verdade”, durante a entrevista concedida à Rádio Tiradentes e que não sabia da decisão do partido.

O ex-deputado que convalesce de um tratamento de saúde, disse que não está à procura de cargo e que nunca trabalhou contra a Vanessa.

Ele negou que pretenda sair do PT e afirmou que a candidatura dele “está nas mãos” da senadora comunista. “Se ela quiser sair pra federal, ele reassume a candidatura, disse. Se não, vai “pensar qual será o comportamento”.

 

Sem plano B

Sobre a possibilidade de uma chapa do PT com três nomes, que inclui o ex-presidente Lula, o ex-ministro Fernando Haddad e a deputada federal Manoela D’Ávila (PC do B), Gleisi Hoffmann afirmou: “Pra situações excepcionais, nós temos que buscar soluções excepcionais. O presidente Lula está em segundo lugar nas pesquisas, tem o dobro de quem está no segundo, a soma de todos os outros e está preso, embora tenha seus direitos políticos assegurados, porque a Constituição é clara ao dizer que os direitos políticos são suspensos são quando houver trânsito em julgado da sentença que condenou – isso ainda não aconteceu –  mas eles fizeram de tudo pra tirar o presidente Lula da cena política. Não conseguiram – porque Lula é ‘muito grande’; é a maior liderança política  popular do nosso país -, então, nós tínhamos que ter um jeito de representar Lula na sociedade. Nos queríamos fazer – e apostamos muito nisso – uma coligação com o PC do B – um partido de luta longa, junto com o PT, nosso companheiro de luta     e fizemos um convite pra Manoel D´Ávila assumir a candidatura a vice-presidente. O PC do B aceitou e analisamos – as duas direções – de que, nesse momento em que o presidente Lula não está conosco e a situação política dele ainda não está definida em relação à disputa eleitoral – não temos ainda o posicionamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), porque sequer registramos sua candidatura, seria importante ter na sua representação, na sua vocalização, alguém que se identificasse mais com o presidente Lula, fosse mais próximo dele, fosse do PT. Isso ficaria mais fácil  p’ro eleitorado entender que ele é o candidato; que ele é a pessoa que nós queremos levar até a Presidência da República e que tem um porta-voz. E ele também tinha avaliado que o Fernando Haddad era o melhor nome pra cumprir esse papel. Então, infelizmente, pela situação excepcional – esdrúxula, eu diria – que nós estamos vivendo, que é a perseguição ao presidente Lula, suspensão dos seus direitos, nós não tínhamos outra alternativa, que não essa – uma alternativa de fortalecer a sua figura através de um representante.

Até as últimas conseqüências

A presidente do PT explicou porque, pelo menos até o momento, o partido não tem um Plano “B”.

“Nós não trabalhamos com um plano “B”. Nós trabalhamos com a candidatura do presidente Lula até as últimas consequências! Primeiro porque ele está com seus direitos políticos em vigor; segundo porque a Lei da ‘Ficha Limpa’ tem um artigo, que o 26 C, que diz que se pessoa tiver recurso plausível da sentença, da decisão que o condenou e esse recurso estiver tramitando, a pessoa não pode ser impedida de disputar a eleição, mesmo que o registro seja indeferido, porque, senão, depois, ela levanta a inelegibilidade que não teve a oportunidade de disputar a eleição. E a gente faz isso baseado na jurisprudência do TSE. Na eleição passada, 150 prefeitos disputaram a eleição com o registro suspenso, ou seja, estavam respondendo processos que foram julgados em segunda instância e, portanto condenados em 2º grau, e não poderiam, teoricamente, participar do pleito eleitoral. Essas pessoas participaram do pleito, mesmo assim, porque tinham recurso para instância superior e, depois, até a diplomação, levantaram a inelegibilidade. Tem um caso, por exemplo, no Paraná, de uma cidade chamada Porecatu, que concorreu preso. Foi eleito, levantou a inelegibilidade e hoje governa o município. Isso aconteceu, também, em casos de candidaturas a governo de estado, senado, parlamento…  Ou seja, nós temos uma farta jurisprudência que permite ao candidato disputar a eleição e ter um prazo de levantar sua inelegibilidade, e é com isso que nós vamos trabalhar pra levantar a candidatura do presidente Lula!”

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