Saído da última eleição com mais de 45 % dos votos para o Governo do Amazonas, o senador Eduardo Braga (PMDB) assume uma postura de oposição responsável ao governo José Melo (PROS). Nesta sexta-feira (14), na primeira entrevista dele, após a eleição, Eduardo Braga, que é líder do governo Dilma no Senado, fez uma reflexão sobre a campanha; disse que, apesar do apoio de grande fatia do eleitorado, foi vencido pelas máquinas do Estado e da Prefeitura da capital e por um marketing maldoso; admitiu erros e afirmou que não pretende se candidatar, nas próximas eleições.
O senador, que teve de enfrentar o mal tempo para chegar a Manaus, nesta quinta-feira (13), e teve de fazer escalas forçadas em cidades próximas, até chegar a Manaus, disse que o marketing maldoso definiu o resultado da eleição, que já está sendo questionada no Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM).
“Eu compreendo, respeito, e acho que é assim mesmo, no processo democrático. Foi uma eleição diferente, onde, em vez de debater os problemas e as soluções para o Amazonas, o ‘marqueteiro’ ou a candidatura do José Melo resolveu fazer um debate pessoal, em cima de anos, em que a minha vida sofreu calúnias, infâmias, difamações. Um episódio em que eu, na realidade, saí para proteger um rapaz, numa carreata, no bairro de Petrópolis, virou uma violência da minha parte; Eu ser um cara trabalhador, diligente etc., virou arrogância, e ninguém discute o uso exagerado da ‘máquina pública. Isso tudo está no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) nas mãos dos Juízes e Promotores de Justiça. Eles tentaram passar a ideia de que a campanha era debate entre um candidato humilde e um arrogante. E, até certo ponto, foram competentes, nessa estratégia. Tem que levar em consideração o uso da máquina pública de uma forma desmedida. Qual foi a grande proposta apresentada?”
O senador denunciou problemas de ordem administrativa, no governo, segundo ele, decorrentes da eleição. “O que nós estamos vendo é um grande desafio do governo, tendo que anular empenhos, que suspender – desde que sistema da Secretaria da Fazenda (Sefaz) está fechado. Estamos com sérios e graves problemas financeiros dentro do Estado. Há setores como os prestadores de serviço na área da saúde. As nossas cooperativas médicas, de enfermagem estão com mais de dois meses de pagamentos atrasados, criando uma inquietude muito grande às vésperas do natal. E nós estamos falando de Urgência e Emergência! Há uma outra inquietude no servidor, com relação às promessas à Polícia Civil, de promoções etc., que depois das eleições, foram negadas pela Casa Civil e encaminhadas novamente para a Secretaria da Segurança.”
O senador voltou a denunciar a falta de ações e cobrou firmeza no combate ao crime, no Amazonas. “Os índices que acabaram de sair, do Anuário da Segurança Pública, mostram uma coisa que a gente já vinha dizendo na campanha. Manaus tem o infeliz número de ser a cidade com o maior índice de roubos de veículos do país por 100 mil habitantes. Estupros também tiveram um crescimento absurdo. A gente vai ficando até meio anestesiado, por que a gente vê, no Jornal Nacional, problemas de segurança no Brasil inteiro. Mas não é normal! Prenderam dois caras com dois corpos dentro do veículos e, nesses dois cadáveres estavam escritas à faca, três letras da sigla ‘FDN’ (Família do Norte). Isso não é normal! Não é normal! Não é normal uma facção criminosa mandar buscar um ‘rapper’ de São Paulo, pra promover uma festa, numa determinada região da cidade, para comemorar a eleição do Melo! Isso não é normal!!”
A disposição de levar o resultado da eleição para o campo jurídico. “Eu respeito. acho que o eleitor tem que tomar a sua decisão. Agora,há uma diferença entre respeitara decisão do eleitor, questionar juridicamente o que aconteceu, durante o processo eleitoral e questionar do ponto de vista da cidadania! Acho que Brasil está fazendo, neste momento, uma grande reflexão!”
Para Eduardo Braga, os mais de 45 % dos votos na candidatura dele mostram um claro posicionamento do eleitor ao atual e ao futuro governo. “Qual era a prioridade? Preservar a organização criminosa, o desabastecimento nas unidades de saúde, o ajuste fiscal do Estado? Não! O que vimos, nessa campanha, foram promessas de rios e fundos para o servidor público, que agora não estão sendo honradas. Eles ainda têm tempo para reverter isso. Vejo que há setores e segmentos dos servidores públicos que estão muito inquietos!”
O reafirmou a decisão pela oposição ao governo estadual. “Vou repetir o que disso o ex-secretário da Produção, Heron Bezerra. E o Heron disse muito bem: quem ganha, tem que governar; quem perde, tem de fazer oposição. Eu vou fazer oposição! Eu vou fazer oposição com meu estilo. Não serei radical nunca! Sempre que eu puder ajudar o povo do Amazonas, estarei a disposição do Melo, do Omar, de quem quer que seja que queira o bem do nosso Estado. Tudo o que eu cheguei a ser, na minha vida e, se sou hoje quem sou, devo ao povo do Amazonas, então, é meu dever retribuir!”
O senador admitiu defeitos, que todo mundo tem, e manifestou magoado com o que chamou de ingratidão de antigos aliados. “Eu tenho defeitos, como todo mundo tem. Não sou perfeito, mas daí, dizer que eu agredi minha esposa e ficar colocando isso nas redes sociais; dizer que eu obriguei minha filha a fazer um aborto. Alguém que frequentava minha casa de manhã, de tarde e de noite?! Ficar pagando gente pra botar na internet e, depois, num debate, fazer uma pergunta e não ter coragem de continuar?! Pagar milhares de pessoas para ficarem contando histórias que não são verdadeiras?! … Na vida, a gente acerta e erra! Mas tem uma coisa que o DNA não permite mudar! Você pode ajustar sua personalidade etc., mas caráter não! Ora, quem seria Melo se eu não tivesse dado guarida ao Melo? O Melo estava na Assembleia Legislativa do Estado, na iminência de ficar sem mandato, veio para o meu governo, foi ser meu braço direito como meu secretário de governo e, depois, veio dizer que ele é que governava, eunqanto eu viajava pelo mundo, fazendo turismo?! Isso é uma coisa de ingratidão!”
Indagado sobre a existência de mágoas de Omar e Melo, Braga foi enfático: “Não! Mágoa a gente tem de quem a gente gosta!”
Sobre a possibilidade de ser escolhido ministro, no futuro governo da presidente Dilma Roussef, o senador rebateu a pergunta sobre quem assumirá – Sandra Braga ou Lírio Parisoto – e assegurou que, na hipótese disso acontecer, a primeira suplente e esposa Sandra Braga assume a vaga.
Agradecendo os votos dos amazonenses que confiaram nas propostas dele, Braga aproveitou para dar uma boa notícia para quem precisa viajar pela região: a redução de 30 a 40%, nos preços das passagens aéreas, que deverá ser garantida na semana que vem, por meio de uma Medida Provisória (MP).
“Obrigado a todos e que todas as famílias dono nosso Estado tenham um feliz natal e e um ótimo Ano Novo.