Maioria de vacinas doadas à África tem validade curta, afirmam entidades

FILE PHOTO: A nurse prepares to administer the AstraZeneca/Oxford vaccine under the COVAX scheme against the coronavirus disease (COVID-19) at the Eka Kotebe General Hospital in Addis Ababa, Ethiopia March 13, 2021. REUTERS/Tiksa Negeri/File Photo

Alerta é feito por organizações de saúde pública do continente

A maioria das doações de vacinas anticovid-19 aos países pobres do continente africano “tem sido feita com pouca antecedência e com vida útil curta”, afirmou um conjunto de importantes organizações de saúde pública do continente.

“Isso tornou extremamente difícil para as nações planejar campanhas de vacinação e aumentar a capacidade de absorção”, acrescentam em comunicado conjunto o African Vaccine Acquisition Trust (Avat), os centros africanos de Controle e Prevenção de Doenças, reunidos no Africa CDC, e a Covax — o mecanismo internacional, criado pela Aliança para as Vacinas (Gavi) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para permitir a 92 países e territórios desfavorecidos receberem gratuitamente vacinas financiadas por países ricos.

Até agora, mais de 90 milhões de doses doadas foram entregues ao continente por meio da Covax e do Avat, número que não inclui as vacinas recebidas em resultados de acordos bilaterais.

Para alcançar taxas de cobertura mais elevadas em todo o continente, e para que as doações sejam uma fonte complementar ao abastecimento por meio de compras, “essa tendência tem de mudar”, afirmam as organizações no comunicado.

“Os países precisam de um abastecimento previsível e confiável. Ter de planejar em curto prazo e assegurar a absorção de doses com vida útil curta aumenta exponencialmente a carga logística sobre os sistemas de saúde que já se encontram sobrecarregados”, alertam.

“Além disso, o tipo de fornecimento feito utiliza capacidades – recursos humanos, infraestrutura, cadeias de frio – que poderiam ser direcionadas para uma implementação bem-sucedida e sustentável a longo prazo”, acrescenta o texto.

Para as organizações, o fato de os imunizantes chegarem ao continente com prazos de validade curtos “pode ter repercussões, em longo prazo, na confiança nesses produtos.

As doações para Covax, Avat e países africanos “devem ser feitas de forma a permitir que os países mobilizem eficazmente os recursos internos, em apoio à implementação, e permitir o planejamento a longo prazo para aumentar as taxas de cobertura. Por isso, as instituições pedem à comunidade internacional, em particular aos países doadores e fabricantes, para que se “comprometam com esse esforço”.

Previsibilidade, estabelecimento de objetivos, prazos de validade das vacinas adequados – com um “mínimo de dez semanas” -, avisos prévios de “não menos de quatro semanas”, tempo de resposta e fornecimento, além das vacinas, de todos os acessórios essenciais para assegurar a sua rápida absorção, como seringas, são recomendações feitas aos doadores e fabricantes.

 

(com informações da RTP Adis Abeba – Etiópia – e EBC Agência Brasil)

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