Indústria perde 5,9 mil empregos somente no primeiro semestre do ano

A indústria de transformação do Amazonas perdeu quase seis mil vagas no primeiro semestre do ano. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Previdência Social.

O número aponta o setor como maior responsável pelo volume de cortes de vagas no período. Em relação a todos os setores econômicos, o Amazonas teve baixa de mais de 15 mil empregos com carteira assinada.

De janeiro a junho, a indústria estimulada principalmente por material de transporte e material elétrico e de comunicações, fechou quase seis mil postos de trabalho no Estado. As duas atividades foram responsáveis por 46% dos 5.974 empregos perdidos no setor durante o período. Somente em junho, a indústria de transformação fechou com saldo positivo de 320 contratações, depois de admitir 2.095 trabalhadores e desligar 1.775.

Para o executivo e presidente da Ciem, Wilson Périco, o resultado é reflexo direto do comportamento instável da política do Brasil. “O desemprego aumentando em todo o país provoca a queda do consumo e as pessoas que estão empregadas não tem confiança que permanecerão no emprego em médio prazo e também reduzem o consumo. Com isso diminui a demanda por novos produtos, reduz o ritmo nas linhas de produção e coloca em risco os empregos dessas linhas”, avalia.

Segundo dados do Caged, o comércio fechou o semestre com o segundo maior número de cortes de vagas. O segmento eliminou 4.782 empregos, sendo 89% no varejo. O setor de serviços apareceu, em seguida, com o fechamento de 4.268 vagas de emprego formal, puxado pelas atividades de alojamento, alimentação, reparação, manutenção e redação, que representam 56% do total de vagas eliminadas.

O vice-presidente da Fieam, Nelson Azevedo, também aponta a atual crise política como principal responsável pelo número de demissões no setor no primeiro semestre. Segundo ele, todo cenário econômico local gira em torno do PIM (Polo Industrial de Manaus) e em razão disso, foi fortemente impactado pela crise aguda. “Com isso o comércio, serviços, recursos e fundos foram influenciados negativamente pelo recuo da produção e consequentemente na baixa de empregos formais “, afirma.

A pesquisa aponta ainda que, a construção civil foi o único setor do Estado que fechou o semestre com saldo positivo de admissões. No total, foram geradas 210 vagas de empregos no semestre, e 534 novos postos, no mês de junho.

Cenário local

De acordo com o Caged, o Amazonas sofreu com a perda de mais de 15 mil postos de emprego celetistas, no primeiro semestre de 2016. O indicador é equivalente a menos 3,54% em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao mês de junho, foram eliminados 1,2 mil empregos formais no Estado. Se comparado com o mês de maio, houve recuo de 0,29% na quantidade de trabalhadores com carteira assinada. O número mantém a tendência de mais demissões do que contratações, no entanto, a pesquisa mostra que, o volume é menor do que o mês de junho do ano passado, quando foram cortadas 3.859 pessoas.

Na variação mensal, os setores de serviços e comércio foram os que mais influenciaram o resultado negativo. Somadas, as duas atividades foram responsáveis por 1.948 empregos perdidos durante o período. No mesmo mês no ano passado, o Amazonas eliminou 3,8 mil postos de trabalho. Nos últimos 12 meses, foram contratados 144.498 trabalhadores em oito setores econômicos, sendo o total de 181.073 foram demitidos. Isso mostra que 36. 575 mil empregos foram extintos, representando o equivalente de -8,06%. Nesse mesmo período, o saldo de cortes na indústria de transformação, ficou negativo de 22.332 vagas, se comparado com as 28.757 admissões contra 51.089 demissões.

De acordo com Azevedo, a incerteza no ambiente político desfavorece os investimentos no setor econômico do país, o que agrava as demissões. Na avaliação do vice-presidente da Fieam, o segundo semestre se mostra promissor para o setor industrial. “Quando houver uma decisão neste cenário, voltará a confiança e credibilidade para os investimentos e consequentemente o crescimento na produção industrial e admissões”, conclui.

Em contrapartida, o presidente da Cieam não acredita na possível melhora da economia ainda em 2016. “Não tem nada de novo e nada mostra isso. Espero que com a definição sobre quem estará à frente do país em agosto, as coisas se estabilizem e possamos buscar uma retomada do crescimento no ano que vem, mas esse ano acho muito difícil”, finaliza Périco.

Fonte: Jornal do Commércio

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