Guedes sugere transformar oxigênio da Amazônia em ativo financeiro para negociar no mercado internacional

As declarações são do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a Zona Franca de Manaus (ZFM), feitas nessa quinta-feira (25), quando tomou posse na presidência do Conselho de Administração da Suframa (CAS/Sufrana), órgão diretivo da autarquia, se revelaram mais polêmicas do que econômicas e chamaram a atenção da platéia.

Falando para um auditório lotado de empresários, gestores, técnicos e políticos, o ministro, tido como inimigo da ZFM por defender o fim dos incentivos fiscais que garantem a existência do modelo e a presença de empreendimentos que geram emprego e renda no Pólo Industrial de Manaus (PIM), no Amazonas e vários estados da Região Norte, Guedes procurou parecer mais afinado com o discurso do presidente Jair Bolsonaro, mais conciliador em relação aos interesses da população amazonense.

O ministro buscou defender a importância do modelo para o Amazonas e sua população, destacando as recentes providências do governo federal pela manutenção das vantagens comparativas da FZM, e, como se pedisse desculpas por recentes declarações, afirmou .

“O ideal é que o Brasil todo fosse uma enorme Zona Franca!” afirmação que, para os analistas mais atentos, pode ter vários significados.

Ao destacar a importância da ZFM como fator de preservação da floresta, Guedes defendeu a necessidade de aumentar a influência geopolítica do Brasil nas Américas e no mundo, para “diminuir o isolamento da Região Norte”, transformar Manaus na “capital mundial de negociação de carbono” – nas palavras do ministro – e de “criar no Amazonas um centro mundial de sustentabilidade.”

Ufanista, em seu discurso, disse ainda: “O Amazonas tem coisas que ninguém mais tem no planeta! Manaus pode ser a capital mundial da biodiversidade; uma árvore viva pode valer muito mais do que uma árvore morta! Nós sabemos que temos riquezas que podem ser preservadas, mas transformadas em recursos materiais e progresso para a Região. Nós sabemos como fazer isso! Nós podemos fazer isso! Isso é uma fonte inesgotável de recursos!“

Falando sobre suas andanças pelo mundo, Guedes afirmou que, em conversa com as lideranças políticas e empresariais norte-americanas, tem destacado a importância da biodiversidade da nossa floresta para o planeta e para a humanidade, e o interesse dos Bancos internacionais em projetos transnacionais de criação de “bolsas de valores de recursos intangíveis”. Para Guedes, “o desinteresse de governos passados em definir o Direito de Propriedade tem atrapalhado o comércio do que, pela forma como colou à platéia, pode ser transformado em ativo financeiro do Brasil.

Sob efusivos aplausos do auditório lotado, o ministro defendeu o próprio oxigênio da floresta amazônica como uma espécie de ‘produto exclusivo’, que pode e até deve ser explorado comercialmente, e desafiou os Estados Unidos, parceiro comercial do Brasil e defensor do Direito de Propriedade, a reconhecer o oxigênio que em tese, é “produzido pela maior floresta do planeta.

“Nós brasileiros somos parceiros naturais dos americanos, mas queremos saber se eles também reconhecem o direito de propriedade ao oxigênio, porque nós produzimos oxigênio p’ro mundo!”

Finalizando o discurso, quase como palavra de ordem, o ministro afirmou: “Vamos preservar a força das regiões brasileiras!” e, referindo-se à Zona Franca e à Amazônia, concluiu: “Nós temos compromisso com o sucesso e a prosperidade da Região!”

 

 Confira o áudio do discurso na íntegra:

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