Foto de mãe e filha que ganhou as redes sociais guarda história comovente: veja relato

Uma foto e um relato impressionante ganharam as redes sociais. O clique foi feito dentro de um ônibus em Natal, no Rio Grande do Norte. Dentro dele estavam um fotógrafo, uma jovem mãe e sua bebê. A história por trás da foto só foi possível ser conhecida por todos, pois Silvinha decidiu contar em seu Facebook tudo o que aconteceu naquela semana.

Ian, Silvinha e Nina são personagens de uma história real que vai do preconceito ao exemplo de solidariedade, respeito e beleza.

Preconceito racial

 

FACEBOOK SILVINHA ALVES
A bailarinha Silvinha Alves com a filha Nina

 

O relato que Silvinha publicou em seu perfil no Facebook diz que a semana começou com uma mulher oferecendo moedas, enquanto ela aguardava o ônibus com a filha. “Eu perguntei: ‘O que é isso?’ Ela disse: ‘Uns trocados pra você comprar alguma coisa pra sua filha’. Fiquei sem ação e apenas respondi: ‘Obrigada, mas eu não preciso’.” De acordo com a bailarina, a mulher ainda insistiu e só depois se afastou, não acreditando que ela havia recusado as moedas.

Já no dia seguinte, ela precisou enfrentar outro constrangimento. Ela pediu ao motorista de um ônibus abrir a porta traseira para entrar sem precisar passar pela roleta, já que estava com filha Nina no sling (faixa de pano que é presa ao corpo para carregar bebês e crianças).

O motorista se recusou a fazer isso alegando que as câmeras estavam filmando, mesmo depois dela ter explicado que costuma entrar pela parte de trás do veículo, se dirigir até o cobrador para pagar a passagem e girar a roleta com as mãos.

“Fiquei atônita, imaginei ficando sozinha com minha filha na parada, sem ter como ir para casa. Uma mulher gritou: ‘Motorista, ela está com uma criança!’. Dentro do ônibus, outra pessoa reforçou: ‘Motorista, ela vai pagar!’.” Silvinha diz que só depois de ouvir isso, ele aceitou abrir a porta.

Em seu depoimento, ela questiona se o mesmo teria acontecido caso ela e a filha fossem brancas e loiras, e relembrou o dia em que uma moça na farmácia questionou, de uma forma agressiva, se ela estava deixando o cabelo da filha ficar igual ao dela.

“Ah, o racismo não existe no Brasil, né? Nós vemos racismo em tudo. Sim! Realmente o racismo está em tudo! No comportamento das pessoas, nos olhares, nos discursos torpes, no sistema de educação, nos padrões de beleza, está na história desse país… Sim, está em tudo!”, desabafou.

O encontro de Silvinha e o fotógrafo

FACEBOOK IAN RASSARI
Silvinha Alves e Nina em foto feita pelo fotógrafo Ian Rassari em um ônibus de Natal, no Rio Grande do Norte

Só que o relato de Silvinha no Facebook tinha um desfecho inesperado. Um fotógrafo embarcou no mesmo ônibus em que estava a bailarina, sem saber o que tinha acontecido minutos antes. Ele entrou, olhou para mãe e filha e se sentou.

Um tempo depois tomou coragem para abordar Silvinha e pediu para fotografá-la com a filha, explicando que faz parte de um projeto dele. Ian Rassari fotografa cenas do cotidiano de Natal, no Rio Grande do Norte: ele tinha achado as duas lindas e incríveis.

Foi a foto junto com a história do encontro entre Silvinha e Ian que acabou viralizando nas redes sociais.

Luta contra o racismo

O fotógrafo também escreveu um relato sobre o que aconteceu naquele dia. Ele diz que, ao passar pela roleta do ônibus, viu uma moça nova carregando em seus braços personalidade, luta e empoderamento.

“Não me contive. Pensei e pensei mais um pouco. Fiquei meio trêmulo, coração acelerado, mas pensei que não seria dessa vez que eu iria deixar algo tão marcante passar por mim despercebido”, comentou.

Ele conta que conversou bastante com Silvinha e que foi triste escutar de uma mãe que vai sempre preparar a filha para um futuro de bullying, discriminação e diversos tipos de preconceito.

“Nina me olhava bastante, séria. Seus olhos demonstram uma vontade grandiosa de conhecer o mundo ao seu redor. Um mundo, que em parte de sua totalidade, não a vê como uma mulher, como uma cidadã, não a vê como uma trabalhadora. Por causa da sua cor”, ressaltou sobre a filha que Silvinha levava no sling.

O fotógrafo que diz acompanhar o empoderamento negro, terminou seu relato dizendo para os negros nunca deixarem de lutar, que ele espera que o futuro de Nina seja tão brilhante quanto os olhos delas e que ele sempre se lembrará daquela tarde como forma de agradecimento.

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