Entre 50 e 60 detentos foram mortos na rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (COMPAJ). A afirmação foi feita pelo secretário da Segurança Pública do Amazonas, delegado federal Sérgio Fontes, em entrevista à Rede Tiradentes de Rádio e Televisão.
A rebelião começou na tarde do domingo (1º), durante o horário de visitas, que por ser épocas de festas de fim de ano, tinha atraído muitos amigos e principalmente parentes dos presos às unidades prisionais, principalmente o Instituto Prisional Antônio Trindade (IPAT) e o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (COMPAJ), todos localizados na BR 174, a rodovia Manaus/Boa Vista, na zona Rural da capital.
De acordo com o secretário, o Narcotráfico foi a principal causa da rebelião. Para Fontes, a rebelião é resultado da guerra sangrenta entre as facções criminosas que atuam no Amazonas. Segundo Fontes, antes ou durante as negociações para o fim da rebelião, não houve quaisquer reivindicações, por parte dos grupos envolvidos.” O que eles queriam, mesmo, era eliminar membros da facção rival”, com o maior número de mortes. A FDN massacrou membros do PCC”, afirmou.
Para o secretário, a guerra entre as facções é nacional. Ele lembrou das recentes rebeliões em Rondônia, Roraime e Acre, e nos estados do Nordeste do país, e afirmou que governo do Amazonas entende que o problema é responsabilidade do Governo Federal.
Sérgio Fontes defendeu a prioridade de ações e uma urgente ação integrada entre os governos estaduais e federal para resolver o problema.
O secretário disse, ainda, que contagem dos mortos começará logo após a ocupação do presídio pela polícia e que, após a contagem, os mortos serão identificados pelo Instituto Médico Legal (IML).
Sérgio Fontes confirmou, ainda, que o ex-policial militar Moacir Jorge do Amaral, o Moa, um dos envolvidos no chamado “Caso Wallace”, está ente os mortos da rebelião.
A área dos presídios está isolada por barreiras policiais. Apreensivos, do lado de fora das unidades, muitos parentes de detentos acompanham o desenrolar dos acontecimentos.
O balanço final dos resultado da rebelião será apresentado ainda nesta segunda, em entrevista coletiva, pelos secretários Sérgio Fontes e Pedro Florêncio, da administração penitenciária.
Em Nota enviada ao Governo do Amazonas, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, lamentou os acontecimentos das últimas horas em Manaus.
NOTA À IMPRENSA
Sobre a rebelião ocorrida entre a tarde de domingo (1) e a manhã desta segunda-feira (2), no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, o Ministério da Justiça e Cidadania informa que o ministro Alexandre de Moraes lamenta as mortes ocorridas e manteve contato direto com o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira. O ministro colocou-se à disposição do governador para tudo o que fosse preciso, inclusive para eventuais transferências para presídios federais e envio da Força Nacional. O governador informou que, neste momento, a situação no complexo penitenciário já está sob controle. E que já utilizará para sanar os problemas os R$ 44,7 milhões de repasse que o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), na última quinta-feira, 29 de dezembro.
Juiz participou ativamente das negociações
Por meio de Nota, o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), desembargador Flávio Humberto Pascarelli, destacou nesta segunda-feira (2), a atuação do titular da Vara de Execuções Penais (VEP), juiz Luís Carlos Valois, nas negociações que permitiram um acordo para o fim da rebelião.
NOTA/TJAM
O presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), desembargador Flávio Pascarelli, destacou nesta segunda-feira (2) a atuação do juiz Luís Carlos Valois, titular da Vara de Execuções Penais (VEP), nas negociações para o fim da rebelião que afetou, nas últimas horas, unidades do Sistema Prisional do Estado. O presidente da Corte Estadual afirmou que o juiz Valois teve atuação decisiva no processo, que foi conduzido pelas autoridades da área de Segurança do Estado e encontrou, na figura do magistrado, um importante canal para o avanço das negociações que culminaram com a liberação dos reféns e o fim da rebelião. O desembargador Flávio Pascarelli lamentou as mortes ocorridas no confronto entre os detentos.