Endometriose: entenda como a doença pode afetar a fertilidade

A endometriose é uma doença que atinge mais de sete milhões de brasileiras, o que representa de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Apesar do alto número, as mulheres que sofrem com essa condição enfrentam falta de compreensão e desconfiança e podem demorar anos para receber o diagnóstico.

Essa condição acontece quando o endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero, cresce em outras regiões do corpo e causa inflamação. Essa formação de tecido fora da cavidade uterina normalmente ocorre nas áreas vizinhas e pode comprometer outros órgãos, como intestino, reto, bexiga e peritônio, delicada membrana que reveste a pélvis.

O principal sintoma da endometriose é dor intensa na região pélvica, especialmente durante a menstruação. Nos casos mais graves, as cólicas são tão fortes que impedem a realização de tarefas do cotidiano. No entanto, em muitas situações a mulher é levada a aceitar que a dor menstrual é normal e sua queixa é considerada “frescura” ou “exagero”, fazendo com que ela demore a buscar ajuda profissional.

Essa lentidão atrapalha a qualidade de vida da mulher e prolonga seu sofrimento. Embora a doença possa começar a causar desconfortos já alguns meses após o início da primeira menstruação, ela normalmente é diagnosticada entre 25 e 35 anos.

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Além da cólica

Altamiro Ribeiro Dias Jr, coordenador do Centro de Endometriose do Hospital Santa Paula, conta que a doença pode se manifestar através de outros sintomas. “As mulheres que sofrem desse mal ainda podem sentir dor na relação sexual, sangramento ao urinar, incômodo e sangramento ao evacuar, diarreia.” Além disso, o especialista aponta que outra queixa importante é a dificuldade de engravidar.

Para o diagnóstico, a investigação se inicia com o ultrassom transvaginal e a ressonância magnética da pelve. É somente após a realização da videolaparoscopia (cirurgia que permite análise ampla da pelve) com biópsia e retirada das alterações suspeitas de endometriose, com posterior estudo anatomopatológico, que pode-se afirmar que a paciente tem endometriose. Como a doença é capaz de atingir outros órgãos além do sistema reprodutor, o envolvimento de médicos de diferentes especialidades contribui para a remoção de todas as alterações, tratando-se a doença como um todo em uma única abordagem cirúrgica.

A doença apresenta três tipos de classificação. A superficial (peritoneal) consiste na formação de pequenas lesões na região pélvica. A ovariana é quando pequenos cistos acabam sendo formados com o sangue que se aloja nos ovários a cada ciclo menstrual. Já a profunda se caracteriza por lesões infiltrativas (com mais de 5mm de profundidade).

Tratamento

Para as pacientes que apresentam sintomas, é preciso avaliar os dois principais problemas observados no quadro de endometriose: dor e infertilidade. Anticoncepcionais que barram a ação do estrogênio são frequentemente prescritos. Há também remédios mais específicos, que simulam a ação da progesterona no controle do endométrio. Com os cuidados adequados, boa parte das mulheres que desejam ter filhos conseguem engravidar após o tratamento.

“Quando a doença avança e o tratamento clínico falha, os médicos optam pela cirurgia. O ideal é a laparoscopia, que tem o objetivo de remover todas as lesões possíveis. E, em situações específicas e nos casos em que as mulheres não pretendem mais engravidar, opta-se pela retirada do útero, procedimento chamado de histerectomia”, explica Dr. Altamiro.

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