Em show de abertura, Elza Soares diz representar negros, mulheres e gays

Faltava uma diva da MPB na lista de shows na cerimônia de abertura da Olimpíada. Mas antes mesmo de o Comitê Rio 2016 confirmar a presença de Elza Soares, a dona da voz rouca e inconfundível já demonstrava nas redes sociais a alegria por ter sido escolhida para se juntar ao time composto por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Anitta. Em entrevista por email ao GloboEsporte.com no meio da maratona de shows após o lançamento do álbum “A mulher do fim do mundo”, prometeu surpresa e aparição emocionante no palco montado no Maracanã, o mesmo em que o saudoso Garrincha, com quem foi casada por 16 anos, brilhou com a camisa do Botafogo e da seleção brasileira tantas vezes com o futebol moleque e ousado.

Elza Soares não deverá ficar atrás. Disse ser essa ousadia o combustível para mantê-la viva. Desafios também a movem  E polêmica. Aos 78 anos, com toda experiência em sua carreira, confessou ainda sentir tensão antes das apresentações. E quando aparecer para o público e os atletas no dia 5 de agosto, a fã “das meninas e dos meninos do vôlei” vestirá a camisa da irreverência, a mesma do Mané. Antes, solta sempre a voz da crítica social, tão forte em seu último álbum.

– Olha, ainda sinto frio na barriga toda vez que estou prestes a subir no palco. Acho que é isso que me motiva. Por mais segura que eu esteja, é uma responsabilidade grande estar ali – diante de tanta gente – representando as mulheres, os negros, os gays…

Vai ser samba, bossa nova? Jazz, rap, eletrônico? Rock, afrobeat? “Daria a minha vida a quem me desse o tempo”, dizem os versos que abrem “Dança”, uma das faixas de “A mulher do fim do mundo”.

Anotem… ela tem tudo para surpreender.

Confira aqui a entrevista:

Elza, o convite para show na abertura dos Jogos Olímpicos a pegou de surpresa? Quando surgiu?

Sempre é uma surpresa ser lembrada em grandes cerimônias. Até hoje, tem gente que vem falar que a minha interpretação do Hino Nacional – na abertura dos Jogos Pan-Americanos, em 2007 – foi a mais emocionante que já ouviu. Nas Olimpíadas, não posso dizer qual será a minha participação. Mas podem esperar por algo emocionante. Eu fico tocada em poder representar o povo brasileiro.

Apesar da experiência de muitos anos de palco, bateu um friozinho na barriga? A emoção foi grande ao ser convidada? Dá para descrever sua reação?

Olha, ainda sinto frio na barriga toda vez que estou prestes a subir no palco. Acho que é isso que me motiva. Por mais segura que eu esteja, é uma responsabilidade grande estar ali – diante de tanta gente – representando as mulheres, os negros, os gays…

Elza Soares entrevista (Foto: Divulgação)Em maratona de shows do lançamento do álbum “A mulher do fim do mundo”, Elza se sente feliz por dividir palco com Caetano, Gil e Anitta: “É uma honra estar ao lado dessa gente querida num momento como este.” (Foto: Divulgação)

Considera já este momento um dos mais marcantes de sua carreira, mesmo antes de se apresentar?

– Tive momentos muito marcantes na minha carreira, fica difícil escolher um específico. No momento, estou rodando o país com o show do disco “A mulher do fim do mundo”. Desde que lancei este trabalho, em 2015, recebi muitos prêmios, como o de melhor disco pela “Rolling Stone” e pelo Prêmio da Música Brasileira. Acho que venho vivendo momentos marcantes neste último ano. Não será diferente na abertura das Olimpíadas.

O que achou de sua escolha, de Caetano, Gilberto Gil e Anitta?

– Acho que tem espaço para todos: Caetano, Gil, Anitta, Elza (risos). É uma festa que representará um pouco do nosso país. E é uma honra estar ao lado dessa gente querida num momento como este.

Vocês tocarão e cantarão juntos?

– Não posso adiantar nada.

Normalmente os artistas convidados tocam no máximo duas músicas. Já escolheu quais (ou qual) vai cantar? Caso não queira adiantar, dá para deixar uma pista com uma lista de opções?

– Será surpresa!

Paul McCartney confessou que estava nervoso e até esqueceu pequena parte da letra de Hey Jude… Acha que pode ficar nervosa também? Considera essa apresentação uma situação diferente em sua carreira?

– Já passei por muitas diversidades na vida, muitas dificuldades. O frio na barriga vem, mas o que me mantém viva é estar no palco, é a ousadia. Será diferente, mas gosto de desafios.

Vai assistir a alguma competição dos Jogos? Qual (ou quais)? Tem esporte preferido, que acompanhe com mais frequência?

– A programação é muito grande. Vamos ver o que consigo acompanhar. Mas as meninas e os meninos do vôlei não perco!

Qual a maior torcida (atleta ou esporte)?

– Foi o Mané.

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