Em represália ao governo brasileiro, Maduro pode deixar Roraima às escuras. Estado é o único que não faz parte do SIN e depende da energia elétrica do país vizinho.

Caso Nicolás Maduro adote alguma ação em represália ao fato do governo brasileiro ter se manisfestado favorável ao oposicionista Juan Guaidó, Roraima pode ficar, literalmente, às escuras. O estado ao Norte do país é o único que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) e ainda depende da energia elétrica fornecida pela Venezuela.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, explica que a construção de um linhão – linha que leva a energia produzida por hidrelétricas – seria a solução para o problema da energia elétrica em Roraima. Contudo, o especialista lembra que, por conta de uma disputa judicial que envolve uma reserva indígena, a obra está parada.

Sem solução imediata, Pires teme que o líder venezuelano Nicolás Maduro corte o fornecimento de energia de mais de 576 mil brasileiros.

“O presidente da Venezuela, o Maduro, é conhecido por atitudes intempestivas e muito pouco racionais. Então, eu acho que a gente tem que estar preocupado sim com a possibilidade de haver um corte de energia da Venezuela para Roraima e isso vai causar um apagão no estado. Tanto que, com esta preocupação de possível corte da Venezuela, o presidente Temer e o ministro Moreira Franco, no final do ano passado, chamaram uma licitação para a construção de uma térmica de 250 megawatts, cujo leilão deve ocorrer em maio.”

De acordo com o especialista em energia e pesquisador do Grupo de Economia, Renato Queiroz, grande parte da energia de Roraima é fornecida pela hidrelétrica de Guri, no norte da Venezuela, enquanto o restante vem de outras termelétricas locais. Ainda assim, segundo Queiroz, o estado tem passado por constantes blecautes, gerados por falta de manutenção na rede elétrica do país vizinho.

“Esses blecautes já existem há algum tempo, não é de agora, não. Quer dizer, a qualidade de suprimento era ruim, já estava sendo ruim, falta de manutenção pela crise da Venezuela, não tinha manutenção. Tinha uma dívida também que estava para receber e não receberam. Enfim, mas o que interessa é que essa situação de um suprimento instável ali na capital de Roraima e em algumas localidades ali já vinham ocorrendo.”

Para tentar resolver o problema, o Ministério de Minas e Energia (MME) abriu nesta sexta-feira (25) uma consulta pública com as regras para o leilão de aquisição de energia para o sistema isolado de Boa Vista e localidades conectadas no estado de Roraima. A previsão é que o certame aconteça no dia 16 de maio, com início do suprimento de eletricidade a partir 1º de janeiro de 2021.

O contrato da Eletronorte com a Corpoelec, empresa venezuelana encarregada do setor elétrico no país, vai até 2021 e até o momento essa empresa não manifestou interesse em renová-lo.

(reportagem Cintia Moreira/Agência do Rádio)

 

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