Em equívoco monumental, policiais submetem família a constrangimento ao invadir residência em busca de acusado

18/04/13 – A denúncia de uma ação desastrada da polícia, que submeteu uma família inteira a uma situação de constrangimento, durante uma operação policial, deixa à mostra a fragilidade do preparo de agentes do Estado, em operações especiais. A situação foi denunciada nesta quinta-feira (18), pela acadêmica de Direito Roberta Souza.

“Às 5h40 da manhã, fui surpreendida com policiais civis fortemente armados, tocando a campainha, quase derrubando o portão da minha casa. Eu abri o portão. O delegado se identificou como Rodrigo Sá Barbosa, e disse que havia um mandado de busca apreensão para minha casa. Eu pedi para ver o mandado, mas ele não disse contra quem era. Após  vasculharem tudo por meia, ele disse que estavam à procura de Carlos José Moreira de Brito. – Você conhece?, perguntou. Respondi que morava no local há 27 anos e que nunca vi e não conhecia a pessoa.”

Roberta Souza fez críticas à qualidade das investigações que apontaram o endereço da família dela, como residência de um suspeito. “Não sou contra o trabalho da polícia, mas acredito que deve ser um trabalho sério! Acho que é uma vergonha a polícia dizer que já fazia investigações há seis meses e não saber o endereço real do investigado.

A universitária apontou um êrro básico, em se tratando de agentes policiais. “Na hora em que eles estavam remexendo tudo, eu pedi para falar com um advogado. Eles disseram que nós não poderíamos usar o telefone, não poderíamos sair de casa, e não deixaram, sequer, que eu entrasse em contato com o advogado, que eu acredito que é um direito de um bandido, quanto mais de uma pessoa honesta e trabalhadora.”

Roberta Souza disse, ainda, que não pretende deixar que o caso passe “em branco’. “Não quero deixar isso impune! Acredito que qualquer um pode ser alvo, assim como minha família foi! O constrangimento que passamos aqui na rua, com os vizinhos, eu não tenho como medir.”

O chefe da Polícia Civil Metropolitana, delegado Emerson Negreiros, disse que tomou conhecimento do caso por meio da assessoria de imprensa da corporação e que as providências serão tomadas.

“Vamos ouvir a pessoa que foi vítima dessa situação e, depois, encaminharemos o caso à Corregedoria. Fazemos o nosso papel – a parte do inquérito policial, e a parte do desvio de conduta é encaminhada à Corregedoria.”

Sobre o impedimento de qualquer investigado de entrar em contato com um advogado, Emerson Negreiros confirmou que isso é um direito constitucional do cidadão.

“A orientação é muito clara para as autoridades policiais, no cumprimento do mandado. O respeito às pessoas é fundamental. Sabemos que entrar numa residência é uma medida extrema. Nessas operações, a entrada é sempre às 6h, no raiar do dia, e os policiais não devem criar nenhum tipo de dificuldade em relação à comunicação com o advogado, até porque, isso é garantido pela legislação federal e a polícia, como órgão do Estado, deve observar as recomendações aos delegados, principalmente, que são os comandos, que observem estritamente a lei,” recomendou.

A acadêmica Roberta Souza confirmou que, ainda hoje, entrará com uma reclamação na Corregedoria da Secretaria da Segurança Pública do Amazonas (SSP-Am) contra os policiais envolvidos na operação, e que levará a questão ao Ministério Público (MP).

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