Cobertura da coleta seletiva em Manaus está muito abaixo do ideal, afirma embaixador do Instituto Lixo Zero

A destinação e o tratamento dos resíduos gerados em Manaus, apesar dos avanços já alcançados, ainda estão longe do ideal. Relatório divulgado pela Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) mostra que no ano passado a coleta seletiva da Prefeitura recolheu 7.250 toneladas de materiais, atendendo uma população estimada em 397.844 habitantes, em 13 bairros da cidade. Esse total representa uma taxa de cobertura de apenas 18,3%, em relação à população manauara.

O embaixador do Instituto Lixo Zero em Manaus, o biólogo Daniel Santos, considera que é preciso aumentar o alcance do serviço e dos pontos de coleta, além de investir em campanhas educativas. Ele diz que em 2019 Manaus contava com seis Pontos de Entrega Voluntária (PEVs). Hoje são 21, mas ainda não é suficiente.

É preciso, segundo ele, fazer chegar à população as orientações de como reduzir a geração de resíduos e a importância disso para as pessoas e para o meio ambiente. “É necessário intensificar a divulgação das informações, para que as pessoas saibam onde estão localizados esses PEV’s e se sintam estimuladas a uma mudança de comportamento.  É preciso trabalhar campanhas em massa, com educação ambiental formal, nas escolas, e também com propaganda e com projetos que levem as pessoas a refletirem sobre como podemos fazer a gestão dos resíduos”, destacou.

No site https://www.manauslixozero.com.br/, lançado no ano passado, é possível encontrar o endereço de todos os PEV’s em funcionamento na cidade, filtrando de acordo com a proximidade de casa ou do trabalho, por exemplo.

De acordo com Daniel, atualmente a Prefeitura faz coleta dos recicláveis nos PEV’s e, em forma de rodízio, faz a entrega nas associações e cooperativas de catadores. Ele explica que não há indicadores quantitativos de onde estão sendo retirados esses resíduos para que se possa trabalhar ações estratégicas. “Essas informações são importantes, por exemplo, para identificar os bairros em que é preciso implantar ou intensificar campanhas com foco educativo”, afirmou.

Parceria com o poder público

Um outro dado do relatório da Semulsp está relacionado à coleta seletiva na área comercial do centro da cidade. Foram criados pontos para a coleta e os empresários comprometeram-se a fazer a separação do material reciclável, para depois ser coletado pelos catadores.

Daniel destaca que esse é um exemplo positivo de ação conjunta entre poder público e privado, que precisa ser ampliado para outras áreas da cidade. Daniel ressalta que a gestão correta dos resíduos vai além dos benefícios para o meio ambiente. É uma questão de economia e saúde pública. “Fazendo uma analogia com a pandemia de coronavírus, podemos dizer que o sistema de lixo está entrando em colapso. A população aumenta e, consequentemente, gera-se mais resíduos. A questão do lixo está dentro do tripé do saneamento ambiental: água, esgoto e lixo. Com esses três itens sendo geridos de forma correta, a saúde da população está sendo preservada. Além disso, existe a questão da geração de emprego e renda. Existe toda uma cadeia que depen de do gerenciamento dos resíduos e que pode ser ampliada”, analisou.

Em relação ao trabalho desenvolvido pelo Instituto Lixo Zero em Manaus, Daniel Santos diz que a equipe se prepara para realizar este ano dois eventos, reunindo especialistas, membros da iniciativa privada e Ongs para debater temas relacionados ao gerenciamento dos resíduos. No primeiro semestre deve acontecer o 3º Encontro Municipal Lixo Zero. A realização do encontro, no ano passado, recebeu o prêmio de melhor evento do segmento no país, pelo Instituto Lixo Zero Brasil. Este ano também será realizada a 2º Semana Lixo Zero de Manaus.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *