Chefe da FDN pegou 120 anos por chacina em 2002 no mesmo presídio de Manaus

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O chefe da Família do Norte (FDN) Gelson Lima Carnaúba já foi condenado a 120 anos de prisão pela chacina ocorrida em maio de 2002 no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, mesmo palco de outro massacre promovido por sua facção criminosa no dia 1º.

Com duração de 13h durante o dia de 25 de maio de 2002, a primeira rebelião no Compaj resultou na morte de 12 presos e um agente penitenciário.

Quatro anos depois, o líder do motim, Gelson Lima Carnaúba, fundava com o comparsa José Roberto Fernandes Barbosa a FDN, o terceiro maior grupo criminoso do país.

“A regra número um [da FDN] é que nada é feito ou definido sem a ordem ou aprovação de seus fundadores e principais lideranças, quais sejam, Gelson Lima Carnaúba, vulgo “G”, e José Roberto Fernandes Barbosa”, lê-se no inquérito da Polícia Federal sobre a FDN.

Rebelião de 2002

Dados do Relatório Anual do Centro de Justiça Global de 2002 indicam que o motim no Compaj foi motivado pela morte do detento André Luiz Pereira de Oliveira, que, segundo os presos, teria sido espancado e torturado por três agentes penitenciários.

Para cometer os assassinatos, os amotinados usaram revólveres, facas e martelos. A investigação do Ministério Público amazonense indicou que a rebelião acobertou “acertos de contas entre presos inimigos”.

Carnaúba só foi a julgamento nove anos depois da chacina. Ele foi condenado pelo Tribunal do Júri de Manaus juntamente com dois outros acusados — Marcos Paulo da Cruz e Francisco Álvaro Pereira, que foram sentenciados respectivamente a 132 e 120 anos de prisão. Em 2013, o quarto acusado, Elmar Libório Carneiro, pegou a maior sentença: 191 anos de prisão.

Um importante testemunha — o artesão Elgo Jobel Fernandes Guerreiro — foi assassinado por um policial no ano seguinte ao julgamento de Carnaúba. Na época da rebelião de 2002, Elgo era detento no Compaj e integrava a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), maior inimiga da FDN.

Fuga e Prisão

Em julho de 2014, Carnaúba fugiu ao lado de cinco comparsas do Compaj — o mesmo presídio onde ele comandou uma chacina 13 anos antes.

Os fugitivos pularam o muro do setor de regime fechado da penitenciária para o de regime semiaberto e escaparam pelo matagal.

O chefe da FDN foi preso pela Polícia Federal em 8 de janeiro de 2015 quando desembarcava no aeroporto de Natal (RN), vindo de um voo do Rio de Janeiro. Posteriormente, ele foi transferido para a penitenciária federal de Catanduvas (PR), onde ainda se encontra.

Operação La Muralla

Com Carnaúba já preso, FDN teve seus outros líderes detidos em novembro de 2015, durante a Operação La Muralla, deflagrada pelo Ministério Público Federal. Com base em investigações da Polícia Federal, a operação revelou a estrutura da Família do Norte.

A Polícia Federal afirma que Carnaúba divide o comando da FDN com José Roberto Fernandes Barbosa. Ele seria o responsável por firmar a aliança com o Comando Vermelho (CV), além de atuar como articulador da facção nas unidades prisionais por onde passa.

Além de Carnaúba e Zé Roberto, a cúpula é formada por outros quatro criminosos: Geomilson Lira Arantes, Cleomar Ribeiro de Freitas, Alan Souza Castimário e “João Branco”.

“Juntos, os 06 indivíduos supracitados seriam os ‘pilares’ de sustentação da FDN, e ditam as regras de atuação dos criminosos dentro e fora dos presídios, amparados por rígidos pilares de hierarquia e disciplina, difundidos aos criminosos da base através de extrema violência”, afirma a Polícia Federal no inquérito sobre a Família do Norte.

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