Agente da PM relatou ao Fantástico que a corporação era usada para intimidar pessoas carentes a votarem no governador
A Polícia Federal investiga o governador do Amazonas, José Melo (Pros), por ter usado a Polícia Militar para pressionar eleitores a votarem nele. Melo foi reeleito em outubro de 2014 após disputa acirrada com o senador Eduardo Braga (PMDB). Reportagem de VEJA, publicada em maio deste ano, mostra que o governador fez uso da máquina pública e do poder público para ganhar as eleições.
Um oficial da Polícia Militar ouvido pelo programa Fantástico, da TV Globo, reforçou o teor das investigações, dizendo, em condição de anonimato, que a corporação recebeu a missão de “reverter o resultado” do pleito – Braga havia ganhado por margem apertada o primeiro turno do pleito. Segundo o agente, a PM oferecia caronas e distribuía santinhos para pessoas carentes na hora de votar. Segundo as investigaçõres, os policiais também usavam de táticas de intimidação, dizendo, por exemplo, que, se Melo não ganhasse, a polícia abandonaria a comunidade. “A pesquisa eleitoral era o que definia o policiamento. A gente trabalhava nos municípios e nos bairros onde o governador não estava bem nas pesquisas”, relatou o policial.
“Não é algo de uma maçã podre, apenas um policial. Era o alto escalão da Polícia Militar que era utilizada de forma veemente, deliberada em favor da candidatura”, afirmou procurador regional eleitoral Victor Riccely Lins Santos, do Ministério Público Federal.
Governador do Amazonas tem mandato cassado por compra de votos
Em outubro do ano passado, quase um ano após as eleições estaduais, o coronel Marcos James Frota foi promovido a comandante geral da Polícia Militar do Amazonas. No mês passado, após as denúncias, ele pediu afastamento do cargo – mas continua com todas as regalias da função. Ele e outros cinco coronéis da PM foram indiciados pela Polícia Federal por compra de votos e associação criminosa. Os outros coronéis são: Raimundo Roosevelt; Everton Souza da Cruz; Berilo Bernardino; Marcos Brandão da Cunha; e Paulo Roberto Vital. A investigação da PF foi repassada à Justiça Eleitoral e ao Superior Tribunal de Justiça.
No ano passado, após ser envolvido em denúncias de esquema de compra de votos na campanha, o governador José Melo foi julgado, condenado e cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas. O governador, no entanto, recorreu da decisão e continua no cargo até uma decisão final ser tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Em nota, a assessoria de imprensa do governador José Melo afirmou ao programa que ele “jamais teve conhecimento de qualquer ilegalidade”.
“Não é algo de uma maçã podre, apenas um policial. Era o alto escalão da Polícia Militar que era utilizada de forma veemente, deliberada em favor da candidatura”, afirmou procurador regional eleitoral Victor Riccely Lins Santos, do Ministério Público Federal.