Com a trajetória artística marcada pelo Amazonas Green Jazz Festival, a cantora manauara Karine Aguiar, atualmente radicada na Itália, voltou ao palco do Teatro Amazonas, no sábado, 23 de julho, com o seu já consagrado projeto intitulado “Jungle Jazz”, uma mistura dos ritmos musicais da Amazônia com o jazz.
Foi durante a participação no festival, que há 10 anos Karine foi convidada pelo pianista alemão Vana Gierig para a gravação do que viria ser o seu primeiro disco “Arraial do Mundo”, lançado em Nova Iorque. O álbum foi premiado na França, em 2014, pelo Portail du Brésil en France como o “Melhor CD de MPB em Paris”.
Karine, que também é doutoranda pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realiza pesquisas em Ecomusicologia, que estuda a relação entre música, meio ambiente e cultura. Os estudos são a base para a formação do “Jungle Jazz”.
“O Jungle Jazz se constrói a partir da pesquisa científica. É uma música que não consegue se sustentar sem esses estudos. Quando vamos usar um ritmo musical da Amazônia em algum arranjo, por exemplo, é necessário entender todo o contexto cultural daquela manifestação artística para que se possa respeitar cada cultura”, afirma Karine.
Entre as principais influências estão os ritmos musicais trazidos pelos músicos indígenas do povo Sateré Mawé e dos mestres gambazeiros, ambos do município de Maués.
“Eu insiro os elementos nativos da Amazônia no jazz, mas ao mesmo tempo eu também faço um trabalho junto com as comunidades, trazendo visibilidade e interagindo com eles. Existe uma colaboração mútua de amizade, artística e também de pesquisa”, complementa a cantora.
As homenagens à cultura amazônica vão desde o repertório musical até o vestido escolhido pela cantora para o concerto, peça exclusiva do Ateliê MI Moda Indígena e feita pelas designers de moda Seanny Oliveira e Eliete Bindá.
O vestido trouxe grafismos indígenas em sua composição na barra e nas mangas, representados a partir de pontas de flechas, além de frutos de guaraná esculpidos à mão, que complementaram o busto da peça.
Para a performance no festival, Karine trouxe referências de toda sua trajetória, alinhado em um repertório com ações do seu passado, o momento presente vivendo na Itália e algumas pistas do que está por vir no seu próximo disco.
Ela espera que o público tenha levado de sua apresentação uma mensagem de preservação e cuidado com a natureza. “Eu queria que as pessoas saíssem daqui encantadas pela nossa floresta e pela nossa cultura, que a música possa tocar no coração das pessoas para que elas tenham mais amor e mais cuidado com o nosso patrimônio ambiental, que é o temos de mais precioso”.
Para Karine, o Amazonas Green Jazz Festival, além de promover um intercâmbio de artistas regionais, nacionais e internacionais, deixa um legado importante para o fomento do cenário de jazz no estado.
“O festival promove uma contrapartida educacional para a comunidade com a programação acadêmica, assim é possível cada vez mais formar ouvintes de jazz. Ele deixa um legado de conhecimento para os músicos e para o público que participa”, finaliza.
Créditos das imagens: Janailton Falcão