Baixa demanda, hora do consumidor

Diante da crise financeira e política do país, o primeiro semestre deste ano foi marcado pelo grande recuo nas vendas de imóveis no Amazonas. Com isso, os preços despencaram nas tabelas das construtoras e as facilidades ganharam o mercado, provocando uma movimentação considerada estável para o setor no segundo semestre. De acordo com o presidente da Ademi-AM (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas), Romero Reis, o desempenho do setor no Estado se manteve no nível de vendas próximo ao patamar de anos anteriores. De janeiro a setembro deste ano, as vendas se mantiveram nos R$ 90 milhões. Ele comenta que a economia brasileira, desde 2014, atravessa um momento desfavorável para todos os segmentos.

“No ano de 2016, as incorporadoras e construtoras buscaram superar o quadro atual, com muita criatividade e agressividade comercial, diminuindo o número de lançamentos, focando vendas de suas ofertas, praticando preços abaixo dos anos anteriores, condições de pagamento facilitadas, alguns pacotes de benefícios, próprios de cada empresa, tais como incluir no preço: ITBI, escritura e registro, taxas condominiais, dentre outras, criando um momento único e favorável ao consumidor”, avaliou. Ele acrescenta que, o setor espera fechar o ano com faturamento de R$ 1 bilhão.

Segundo Reis, o desempenho do setor no segundo semestre de 2016, se manteve estável a nível de vendas. A movimentação no mercado imobiliário de agosto a setembro foi de R$ 172,5 milhões em VGV (Valor Geral de Venda). No total, 482 unidades foram vendidas na capital. Ele explica que, a nível econômico as ações colhidas hoje são resultado de anos anteriores. “Podemos sentir com relação as medidas altamente positivas que hoje presenciamos o governo federal tomando, como a condução para aprovação da PEC 241-contenção de gastos públicos, redução da taxa Selic, redução da taxa de financiamento de imóveis pela caixa. Tudo isso criando um ambiente de crescimento, que não sentimos de imediato, porém no segundo semestre de 2017, certamente essas medidas serão facilmente percebidas”, analisou.

O corretor e gerente de vendas da imobiliária Melhor Imóvel, Mário Fernandes, diz que no primeiro semestre de 2016 o consumidor estava desconfiado pelo auge da recessão do governo afastado e após as medidas anunciada por Michel Temer, a confiança foi retomada. Ele reforça que o mercado imobiliário está diretamente ligado à atividade econômica. “Mas é importante frisar que o mercado ainda não voltou com força total, porém já demonstra sinais de aquecimento”, avaliou.

Nos últimos anos, todas as áreas da cidade receberam grandes investimentos por parte das construtoras e a escolha da localização pelo cliente é algo bem particular comenta Fernandes. “Hoje o mercado imobiliário tem empreendimentos em qualquer bairro de Manaus, até mesmo nos menos tradicionais que acabaram tendo boa aceitação. Com isso, quem ganha é o comprador, porque passa a ter muitas opções de imóveis”, analisou.

Programa Minha Casa Minha Vida impulsiona negócios

Os imóveis comercializados dentro do PMCMV (Programa Minha Casa Minha Vida), sempre ganham destaque nas vendas. Segundo o recente estudo da Ademi-Am, em setembro foram contabilizados 63 imóveis vendidos, que têm até 50 metros quadrados.

“Especialmente por permitir uma força econômica expressiva, contribuindo para a diminuição do deficit habitacional brasileiro, que hoje é bastante alto, gerando emprego e contribuindo para distribuição de renda, atendendo as camadas de mais baixa renda, configurando um enorme alcance social”, disse. Reis acrescenta que as vendas do programa em Manaus, representa 35% das vendas ocorridas com preços médios para a Faixa 2 e 3, e exigência de renda mensal do consumidor entre R$ 2.350,00 a R$ 6.000,00, na ordem de R$ 160.000,00 por unidade.

Segundo o corretor Fernandes, o PMCMV tem atraído cada vez mais as construtoras para vencer a desconfiança do cliente e alavancar as vendas do setor. O programa habitacional do governo e da Caixa Econômica Federal, cujas taxas de juros variam entre 5% e 12% ao ano e são consideradas competitivas em comparação às demais linhas de créditos de outros bancos privados.

A hora é agora

Em meio a uma época de mudanças no cenário econômico, o momento atual é para ser aproveitado aconselha o representante da Ademi-Am. “No caso das incorporadoras e construtoras o momento é de focar vendas, com poucos lançamentos. Já para o consumidor, nunca foi tão fácil realizar seu sonho da casa própria, especialmente pelas facilidades já mencionadas e também reforçando outra lei econômica, em que o melhor momento para se comprar é quando os preços estão em baixa, favorecendo o cliente”. De janeiro a setembro deste ano, o preço médio foi de R$ 4.900,00 por metro quadrado. Atualmente os bairros de Adrianópolis (Centro-Sul) e Ponta Negra (Oeste), concentram os maiores números de ofertas. “Todas as regiões oferecem produtos imobiliários, mostrando que nossa cidade é muito bem servida”, disse Reis.

Conforme o corretor Fernandes, muitos empresários vêm optando por fornecer promoções e facilidades ao comprador. Ele explica que é natural a incorporadora fazer algum movimento para realizar vendas e cada uma tem sua própria estratégia. “Algumas dão o condômino grátis e outras incluem o registro do imóvel, que pode variar de 3% a 4% do valor, dependendo do preço do patrimônio”, afirmou. O empreendimento Alphaville Manaus, por exemplo, tem vendido de 20 a 30 lotes por mês nesse segundo semestre. Nos primeiros seis meses de 2016, a venda não passava de três lotes mensais. A faixa de preço mais vendida fica entre R$ 250 mil a R$ 300 mil.

Ele ressalta que, apesar do momento de instabilidade econômica, o mercado imobiliário de Manaus continua em expansão e com ótimas oportunidades, principalmente para compras à vista. “Houve alta na procura por clientes oportunistas que aproveitaram as condições e descontos de até 50% para comprar à vista. Eles sabem que daqui a dois e três anos os preços voltam a subir devido haver poucos imóveis estocados, principalmente fora do MCMV. O momento é oportuno para os compradores, uma vez que as incorporadoras estão mais abertas a negociações”, garantiu.

consumidor

Projeção para 2017

Na avaliação do presidente da Ademi-Am, no próximo ano o mercado imobiliário voltará a ter lançamentos movimentando a economia. De acordo com ele, o país reconheceu que a melhor maneira de trazer benefícios para o cidadão, em especial o de baixa renda, é gerando riqueza capaz de sustentar todos os programas sociais. “Assim fortalece um ciclo virtuoso de distribuição de renda e melhoria da qualidade de vida, sem populismo, mas de forma técnica e competente. Mantendo-se a condução da economia brasileira, baseada no princípio de que nunca podemos gastar mais do que recebemos, e sim gerar saldo positivo para investimento”, finalizou Reis.

Fernandes reforçou que a tendência do mercado imobiliário de Manaus é de retomada do crescimento em 2017. “O governo Temer tem tomado medidas para melhorar projetos específicos para área de imóveis. Espera-se que a indústria volte a gerar empregos, o PIB também cresça e automaticamente refletirá no setor”, concluiu o corretor.

Fonte: Jornal do Commércio

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