Artigo – As cores da Vida para um Setembro Amarelo

por Leyla Yurtsever, advogada, articulista e professora

 

Qual a cor da vida? Quando esta se torna apenas dor e sofrimento? Recomenda a boa escrita que não se inicie um texto com perguntas. Mas, estamos no setembro amarelo, mês de prevenção ao suicídio e, neste momento, perguntas são o que mais temos.

Os dados são ainda imprecisos, tem-se apenas uma estimativa, devido aos sub-registros. A falta de dados de qualidade é um problema mundial na elaboração de programas de prevenção.

A Organização Mundial de Saúde calcula que cerca de 80 mil pessoas cometam suicídio por ano, sendo 01 a cada 40 segundos. São estimativas que compararam os registros entre 2010 e 2016, e divulgados neste ano. Assim, ao termino deste texto, infelizmente, poderemos ter perdido cerca de 200 pessoas.

No Brasil, apesar das campanhas de prevenção terem aumentado nos últimos anos, a taxa de suicídio aumentou 7%, para cada 100 mil habitantes, enquanto o índice mundial caiu 9,8%. Homens, jovens e idosos aparecem com maior propensão ao suicídio, ainda que não se exclua demais pessoas. Uso de medicamentos, estilo de vida, problemas psicológicos (stress, depressão, ansiedade), crises financeiras, desilusões amorosas, doenças crônicas, histórico familiar são alguns dos possíveis fatores desencadeantes. Agrava este cenário, a impossibilidade de lidar com os inúmeros problemas da modernidade líquida, onde nada parece estável, sólido ou permanente.

Mas esses são apenas números, estatísticas e mensurações que ainda não tocam um problema cercado pela dor e sofrimento, que são acompanhados pelo silencio e a solidão. Se a dor é aplacada por remédios, o sofrimento, ainda que usando remédios, tem alívio pela presença, pela ajuda, pela escuta e auxilio. Essas são recomendações que, ainda que pareçam simples, são essenciais na manutenção da vida e prevenção ao suicídio.

Levantamentos demonstram que campanhas de esclarecimento, gestos de solidariedade e redes de acompanhamento se mostram eficazes à prevenção do suicídio. Todos são convocados a participar desse movimento de valorização a vida. Sociedade civil, poder público, empresas e instituições são essenciais neste processo. Na Argentina e no Uruguai a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em parceira com os respectivos governos, promoveu um Seminário sobre o tratamento do suicídio na notícia, oferecendo aos jornalistas esclarecimentos sobre a importância do tema no âmbito da saúde pública e mental e a relevância da comunicação neste problema.

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida, através do telefone 188 é uma das instituições que promove apoio emocional, sob total sigilo, aqueles que precisam de ajuda. Qualquer decisão pode ser mudada.

Todos os dias a vida nos desafia a enfrentar juntos, os problemas e as alegrias. Que o nosso setembro não seja apenas amarelo, mas, se revista da multicolorida vida conjunta. A existência somente encontra sentido pelo encontro com o outro. É a experiência com o outro que traz beleza a vida, como bem descreve Nando Reis, “as coisas mais lindas que eu conheci, só reconheci suas cores belas quando eu te vi; […] as coisas lindas são mais lindas quando você está, porque você está, nas coisas tão mais lindas”.

Viva! E traga cor e beleza à nossa existência.

 

 

 

Leyla Yurtsever é advogada, articulista e professora. Sócia e fundadora do escritório jurídico Leyla Yurtsever Advogados Associados. Graduada em Direito. Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário pelo Ciesa; e em Direito Penal e Processo Penal pela Ufam. É Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental pela Universidad de Leon (2006) – Espanha. Doutoranda em Direito pela Universidade Católica de Santa – Fé – UCSF. Foi coordenadora do Curso de Especialização em Direito Eleitoral da Universidade do Estado do Amazonas e do Núcleo de Prática Jurídica, neste último atua ainda como professora. Palestrante convida da Escola Judiciária Eleitoral – EJE/ AM. Coordenou e lecionou no Escritório Jurídico da UNIP e no Núcleo de Advocacia Voluntária – NAV – da Uniniltonlins. Professora da Universidade Federal do Amazonas e subcoordenadora do Núcleo de Prática Jurídica da UFAM/Direito. Foi professora do curso de Segurança Pública da UEA e a primeira mulher a ser professora de uma disciplina militar denominada “Fundamentos Políticos Profissionais” no Comando-geral da Polícia Militar. Atualmente é Assessora Jurídica Institucional da Polícia Militar do Amazonas.

2 comentários para “Artigo – As cores da Vida para um Setembro Amarelo

  1. Antônio Santarém disse:

    Esta temática é importantíssima, diante de uma realidade triste e crescente.
    O mês que destaca a prevenção é setembro, contudo deve ser uma preocupação constante de todos.
    Parabéns, Dra. Leyla, pela escolha do tema e pelo alerta da importância, da consciência.

  2. Sulymara Lia Arruda da Silva de Abreu disse:

    Realmente, temos que ficar atentos. Parabéns, Leyla.

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