Após dez cirurgias, ginasta Chris Brooks estreia em Jogos Olímpicos aos 29 anos

No esporte de alto nível, é comum ver atletas atingirem o auge cada vez mais cedo. Mas, para o ginasta americano Chris Brooks, o sonho olímpico demorou a se tornar realidade. Aos 29 anos, ele participará, no Rio, de sua primeira edição de Jogos Não foram os adversários a impedir que o atleta voasse alto, e sim seu próprio corpo.

Em 12 anos, Chris foi submetido a dez cirurgias. Depois da primeira e mais grave delas, um pulso quebrado em 2004, ouviu dos médicos que provavelmente não voltaria a praticar o esporte. O prognóstico foi contrariado após um longo processo de recuperação. Embora os problemas físicos tenham continuado, desistir nunca esteve entre as opções de Chris.

— É uma relação de amor e ódio — definiu ele, em entrevista por telefone desde Colorado Springs, nos EUA, onde fez a parte final de preparação: — Mas você não pode tomar uma decisão em um dia ruim. Precisa encarar e superar esses momentos. Uma das coisas mais legais da ginástica é que ela te dá uma nova chance.

E, com o amadurecimento, o sempre otimista Chris aprendeu que poderia encontrar força na dor.

— Depois de um tempo, você pensa: “Não é nada que eu já não tenha enfrentado. Posso encarar” — afirmou o ginasta: — Em vez de ficar deprimido por mais uma cirurgia, aproveitava para cuidar de outros aspectos, como a mente ou a alimentação.

Também houve tempo para que ele descobrisse novas paixões, como carros e… cabelos.

— Quando caiu a ficha que cabelo cresce sozinho, passei a cortar o meu e a testar diferentes penteados — contou.

 

No Rio, onde desembarcou ontem, Chris tentará levar os EUA ao ouro na disputa por equipes, o que não acontece desde Los Angeles-1984. Encarar japoneses, chineses e britânicos não será fácil, mas o americano está tranquilo. Para ele, “o importante é competir” não é só uma frase de efeito.

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— É uma honra disputar um torneio de alto nível. Não pela minha idade, e sim pela jornada de altos e baixos por que passei para chegar aqui — declarou o atleta.

Mas, por uma dessas injustiças da vida, o maior incentivador de Chris, aquele que acompanhou muitos desses baixos, não poderá vê-lo no alto. Seu pai, Larry, morreu em 2008 em um acidente de carro. Ex-ginasta, ele transmitiu os primeiros movimentos quando o filho tinha apenas 5 anos:

— Meu pai era meu maior fã e me ensinou que eu poderia fazer tudo que quisesse. Se tem um jeito de honrá-lo, é alcançando o potencial que ele acreditava que eu tinha.

 

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